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A Psicologia

Por:   •  31/1/2018  •  3.620 Palavras (15 Páginas)  •  263 Visualizações

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Durante uma das atividades Bruno toma a iniciativa de bater nas mãos de Bernard e este responde do mesmo modo, até que suas mãos se entremisturem. A criança sorri, está feliz. Bernard pode então progressivamente retomar distância sem que se interrompa o trabalho de bater de Bruno.Durante este período apareceram palavras novas: "gi" (giz), "pano" (piano), "vião" (violão), "grande", "pequeno".

Acontece então a retomada da utilização de alguns objetos porém desta vez não serão objetos macios, agradáveis, suscitando uma relação afetiva;os objetos propostos por Bernard são tábuas retangulares envernizadas: objetos duros, frios, angulosos, estruturados, indeformáveis. Esta introdução acontece para que estabeleça a relação educativa e terapêutica, assinala para nós uma nova etapa, uma tomada de distância afetiva.

Bernard empilhamento é uma das primeiras atividades construtivas da criança pequena, é a primeira relação que estabelece espontaneamente com os objetos; em geral o que aparece em seguida é o alinhamento. Porém Bruno atém-se a um empilhamento consciencioso ligado mais à coincidência das formas.

Com uma nova proposta Bernard agora proporá outro material: a pintura digital e o papel. As cores inicialmente escolhidas pelo terapeuta são o vermelho e o azul, cores simbólicas do sangue, relacionadas durante as atividades a criança não olha mais para o terapeuta; olha apenas para seu joelho, com sua mancha imaginária, com as atividades realizadas com a tinta Bruno passa a pronunciar novas palavras: "vermelho", "azul", "amarelo", "tinta"...

Uma terapia deste gênero não se programa antecipadamente; ela é vivida a cada instante, é uma criança permanente.

Ela encontra-se, portanto, em função não somente da personalidade da criança, mas também da do terapeuta. É o encontro autêntico destas duas personalidades, e sua adaptação recíproca, que orientarão toda a terapia.

Parece-nos que apenas a linha evolutiva colocada em evidência através das sucessivas fases por nós descritas tem algum valor geral. Acreditamos que possa servir de base de referência, com a condição de que não sejamos.

Quanto aos efeitos relacionados a terapia pode-se dizer que os efeitos imediatos, por mais interessantes e espetaculares que sejam, não devem mascarar o objetivo essencial, que consiste em permitir o restabelecimento de uma dinâmica da evolução da pessoa.

Antes da terapia, esta dinâmica encontra-se mais ou menos bloqueada em Bruno. Desde há alguns anos seu se é estático, fixo, sem futuro; fez apenas uns poucos progressos, nenhuma evolução real; suas raras aquisições foram efeito de um adestramento, de um laborioso condicionamento. Bruno é passivo, "inerte", conforme diz a mãe... e esta palavra, várias vezes repetida em suas narrativas, expressa bem esta profunda ausência de desejo, desejo de ser, desejo de afirmação.

Bruno não manifesta nenhum desejo positivo; somente desejos negativos, "contra , nos relatos dos pais, especialmente da mãe vemos Bruno contrariar-se para "fazer" alguma coisa, porém sempre para "não fazer". Seu próprio vocabulário é significativo; ele jamais diz "eu quero", mas "eu não quero.

Assistimos, no decorrer da terapia psicomotora, a um renascimento do desejo e à sua evolução progressiva expressa no agir: desejo de trocas, desejo de comunicação, desejo de expressão. O que aqui se vê é um renascimento do "ser" e não um desenvolvimento dos "teres" (Bens, haveres, posses).

Se a dinâmica do desejo foi restabelecida ao nível do ser, se a criança reencontrou uma certa autonomia de seu próprio desejo, a evolução deve prosseguir sem a presença do terapeuta e após o término da terapia,-tendo então a criança a possibilidade de utilizar de modo positivo os recursos de seu meio.

É neste sentido que analisaremos a evolução posterior de Bruno. Nós o faremos apoiando-nos nas declarações registradas dos pais, sobre o que dizem os psicólogos e educadores que atualmente têm a criança a seu encargo, bem como em nossas próprias observações de seu comportamento presente.

Durante os três anos que durou a terapia, Bruno freqüentou um I.M.P (Instituto Médico-Pedagógico) da cidade, mas ficou com seus pais. Ao final da terapia — ele está com 10 anos e meio — os pais julgaram preferível colocá-lo em semi-internato em outro estabelecimento especializado, situado em uma cidade vizinha. Ele é recebido todas as noites por uma família de acolhimento, onde se encontra em companhia de dois colegas que freqüentam o mesmo estabelecimento e de uma menina que segue uma escolarização normal.

Bruno volta para casa todos os fins-de-semana e durante as férias. Sua mãe vem visitá-lo e telefona frequentemente ao estabelecimento, com o qual está muito satisfeita.

Este estabelecimento recebe crianças que sofrem de diversas deficiências: debilidade mental, enfermidade motora cerebral, epilepsia, distúrbios de personalidade, etc. ..Tem por objetivo, disse-nos a diretora, "a integração de todas as nossas crianças na Sociedade — por mais má que esta seja —, a busca de sua autonomia".

Bruno está integrado em um grupo de doze crianças, confiado a uma educadora de trinta anos, Srta. R..., que parece ser muito exigente. Ele igualmente segue cursos de reeducação psicomotora com o Sr. X..., sendo que estes cursos são coletivos (grupos de dez).

O estabelecimento também oferece outras atividades: equitação, kartismo, natação, etc.

Na descrição da analise atual quando se viu Bruno, aos 7 anos e meio, andar em quatro pés e dificilmente controlar sua marcha de pé, a primeira coisa que impressiona é o seu "andar" atual; sua marcha é firme, sua cabeça bem mantida, seus deslocamentos, embora lentos, são fáceis e leves.

Seu equilíbrio melhorou bastante; ele é capaz agora de manter-se em equilíbrio sobre superfícies pequenas com um mínimo de ajuda (sobre um cepo, um banco, um saco de areia).

Suas atividades dinâmicas chegam até a equitação, que pratica toda semana, e é preciso vê-lo andar sem medo montado no dorso de um pônei. Ele também anda de kart, o que exige um bom controle dos reflexos.

Observa-se contudo que ele ainda não sabe correr.

Sua motricidade fina também progrediu, embora mais lentamente; sua hipertonicidade atenuou-se,

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