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A Evolução da Ciência Psicologia

Por:   •  4/8/2017  •  4.063 Palavras (17 Páginas)  •  636 Visualizações

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Com o advento do Império Romano, deu-se o surgimento e desenvolvimento do cristianismo, que passaria de religião para força política dominante. A psicologia nessa época refletirá seu contexto histórico, sócio-cultural e político e com isso será possível notar o monopólio do saber que foi estabelecido pela Igreja Católica. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são filósofos representantes desse período. Santo Agostinho era inspirado por Platão mas, para ele, a alma não era somente a fonte da razão, mas também a manifestação divina no homem. A alma era imortal (concordando com Platão), mas por ser o elemento que liga o homem a Deus. São Tomás de Aquino já presenciava a ruptura da Igreja Católica e o aparecimento do protestantismo — a transição para o capitalismo com a revolução francesa e a revolução industrial na Inglaterra. Novamente, o contexto histórico reflete na produção de saber do homem: com tal crise econômica e social, o homem passa a questionar a Igreja e dos conhecimentos estabelecidos por ela. São Tomás de Aquino buscou em Aristóteles a distinção entre essência e existência. Como o filósofo grego, Aquino acreditava que o homem buscava a perfeição através de sua existência. Entretanto, introduzindo um novo ponto religioso na teoria, ele afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência de equilibrada. Isso leva ao pensamento de que a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. São Tomás de Aquino busca argumentos racionais para justificar dogmas religiosos e continua monopolizando o estudo do psiquismo por algum tempo.

Quando o mundo europeu começa a passar por transformações radicais por volta de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, o Renascimento se estabelece. Um processo de valorização do homem é iniciado. O antropocentrismo se torna base do movimento renascentista, em contraposição ao teocentrismo da Idade Média. O mercantilismo levou à descoberta de novas terras e com isso o acúmulo de riquezas por nações em formação (França, Itália, Espanha, Inglaterra). Ao transitar para o capitalismo, uma nova forma de organização social e econômica começou a ser formada. Nesse período, René Descartes, um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. Essa dualidade contribui para o estudo do corpo humano morto, o que era proibido nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da alma). A dessacralização do corpo possibilitou o avanço da Anatomia e da Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da própria Psicologia.

No século XIX, destaca-se o papel da ciência e seu avanço torna-se necessário. O crescimento da nova ordem econômica do capitalismo impulsiona o industrialismo, algo que anda lado a lado com a ciência (que deveria procurar respostas práticas para os entraves no campo da técnica. Isso fomentou fortemente o desenvolvimento da Ciência. O capitalismo veio com a necessidade de abastecer mercados e produzir cada vez mais: buscou novas matérias-primas na Natureza; criou necessidades; contratou o trabalho de muitos que, por sua vez, tornavam-se consumidores das mercadorias produzidas; questionou as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero de seus lugares há tantos séculos estabilizados e deu lugar à burguesia, que disputava o poder e surgia como nova classe social e econômica, defendendo a emancipação do homem para emancipar-se também. O conhecimento tornou-se independente da fé. Os dogmas foram questionados. O racionalismo surgiu como uma grande possibilidade de construção de conhecimento. Essas condições foram essenciais para o desenvolvimento da ciência moderna. O conhecimento como fruto da razão; a possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis pela observação rigorosa e objetiva. A busca de um método rigoroso, que possibilitasse a observação para a descoberta dessas leis, apontava a necessidade de os homens construírem novas formas de produzir conhecimento — que não era mais estabelecido pelos dogmas religiosos e/ou pela autoridade eclesial. Nesse período, Hegel mostrou a importância da História para a compreensão do homem e Darwin enterrou o antropocentrismo com sua tese evolucionista. A Filosofia adapta-se aos novos tempos, com o surgimento do Positivismo de Augusto Comte, que advogava a necessidade de maior rigor científico na construção dos conhecimentos nas ciências humanas. Desta forma, propunha o método da ciência natural, a Física, como modelo de construção de conhecimento.

É em meados do século XIX que um divisor de águas acontece: os problemas e temas da Psicologia, até então estudados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e pela Neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.

O Mecanicismo era a ideia de que o homem funciona como uma máquina: seu coração bombeia como uma, seu cérebro controla o corpo como uma, seus diversificados sistemas (circulatório, respiratório, nervoso, etc) trabalham em ramificações para um único objetivo (lhe manter vivo) como uma máquina a vapor trabalha para produzir joules. De fato, o corpo humano é o maior exemplo de máquina térmica, já percebeu como ele trabalha nas diferentes estações do ano? Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem — seu cérebro. Assim, a Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia e realiza descobertas importantes como a de que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais, feita pela Neurologia. Já a Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. Isso configura o que chamamos de reflexos. Os fisiologistas tomavam o caminho da Psicofísica para estudos científicos. Estudavam, por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das cores. As cores eram estudadas como fenômeno da Física, e a percepção, como fenômeno da Psicologia. Por volta de 1860 ocorre a formulação de uma lei importante no campo da Psicofísica: a Lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração (a percepção aumenta em progressão aritmética,

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