Fichamento desinvestimento pedagogico
Por: eduardamaia17 • 31/5/2018 • 1.376 Palavras (6 Páginas) • 334 Visualizações
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”Observando a sua prática docente atual, podemos afirmar que as aulas de EF de José, na instituição investigada, pouco diferem das atividades livres realizadas pelos alunos nos espaços de recreio ou das aulas vagas. A principal diferença encontra-se no fato de não estarem disponíveis aos alunos materiais que, na maioria das vezes, só podem ser acessados para as aulas de EF.
A dinâmica de aula é sempre a mesma: os alunos saem das salas e estão livres para realizar a atividade que lhes convier. Muitos escolhem, inclusive, não participar de atividade alguma, passando a aula toda conversando com outros colegas ou realizando tarefas de outras disciplinas (...), O que se nota, portanto, é que, no momento da aula, o professor José comporta-se apenas como um administrador do material didático.
Para ele, a função da EF é “[…] possibilitar que os alunos tenham contato com o desporto, já que, muitas vezes, eles não têm essa oportunidade em outros espaços” (PROFESSOR JOSÉ – entrevista). Afirma, ainda, que a EF pode proporcionar um conhecimento além de um saber-fazer corporal, mas que não trabalha nessa perspectiva.” (p.137)
Como podemos observar nos trechos citados a cima, vemos um caso que não é de se espantar dada a nossa realidade vivida no dia a dia, eu mesmo como aluno já tive uma experiência muito parecida com essa, onde as aulas nada mais eram do que aulas “livres” onde cada um realizava a atividade que tivesse vontade sem direcionamento e mediação nenhuma, percebemos também a falta de atitude da direção da escola onde não cobra o professor para que mude, e sim apenas para que não falte e chegue sempre no horário, ignorando o conteúdo que tal aplica ou deixa de aplicar, com isso é possível observar claramente um exemplo de desinvestimento pedagógico.
COMPREENDENDO O DESINVESTIMENTO PEDAGÓGICO
“Pudemos observar, durante nossos trabalhos de campo, que a escola e o próprio professor têm um entendimento de EF muito diferenciado daquilo que a produção acadêmica na área vem construindo”. (p.138)
“O problema, contudo, reside no fato de que, em momento algum, essa cobrança esteve voltada para a função pedagógica que a disciplina (como um componente curricular com conteúdo/saber a ser ensinado) deveria cumprir. No máximo, o que se ouvia, por parte da equipe pedagógica, eram frases do tipo: “A EF está na escola para somar, para auxiliar no trabalho da escola, seja na questão da disciplina, do comportamento””. (p.139)
“É com base no que vimos descrevendo que entendemos ser pertinente a seguinte reflexão: é comum ouvir que esse ou aquele professor de EF apresenta uma prática com características de desinvestimento pedagógico (recebem a denominação de rola-bola), mas qual é a participação da escola (de uma cultura escolar específica) nesse processo? Não estariam as culturas escolares esvaziando de sentido essa prática pedagógica e, com isso, favorecendo o desinvestimento pedagógico? Quais posturas, atitudes e saberes a escola exige do professor de EF? O que a escola busca garantir que os alunos aprendam nas aulas de EF? Ou, simplesmente, podemos interpelar: a escola também desinveste?”. (p.139)
“A sensação que tínhamos era de que esse professor tinha certa dificuldade e, às vezes, repulsa em lidar com os conhecimentos ditos teóricos (presentes na literatura mais recente) construídos na área. As entrevistas e os diálogos estabelecidos, durante o período do trabalho de campo, demonstraram que a reação esboçada por esse docente pode encontrar sua origem, entre outras coisas, no tipo de formação inicial pela qual passou.” (p.140)
Percebemos com essas citações que o professor investigado, não está aberto a novas metodologias, acreditando ser autossuficiente de conteúdos a passar para seus alunos, se fechando, e não querendo lidar com conteúdo teóricos, ou que levassem a essa mediação entre o teórico e o prático.
Isso pode ser justificado pela época em que esse professor teve sua formação, onde as pratica da ed.física era extremamente tecnicista e voltada para o desempenho acreditando na educação do corpo através do esporte apenas.
A falta de intervenção da parte pedagógica da escola também contribui para que essa desvalorização aconteça, talvez se houvesse um interesse maior por parte da direção da escola, e reconhecimento da ed.física como um importante conteúdo para a formação dos alunos, está situação poderia ser diferente.
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