Análise da obra Teoria e Práxis de Jurgen Habermas
Por: Rodrigo.Claudino • 5/6/2018 • 2.146 Palavras (9 Páginas) • 435 Visualizações
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Talvez por isso que na obra aqui em análise, o autor tenha se esforçado em direcionar usa teoria crítica à tarefa mor de reconstrução da práxis comunicativa a partir de processos sociais e históricos.
E aí coloca em jogo um dos aspectos mais centrais de sua proposta: a teoria social crítica mantém seu propósito prático não por possuir um potencial tecnológico, mas sim por permanecer orientada ao esclarecimento, à autonomia e à emancipação.
Para ele, a teoria compreende uma dupla relação com a práxis; ela ao mesmo tempo investiga o contexto histórico de constituição de uma configuração de interesses ao qual a teoria ainda pertence em função do ato de conhecer, e também investiga o contexto histórico de ação sobre o qual a teoria pode influir orientando-se para a ação.
O autor julga ser necessário discutir uma práxis organizativa que satisfaça a exigência de um esclarecimento das massas. Seria uma auto-organização espontânea, para os quais não se colocava mais a alternativa entre esclarecimento e revolucionamento.
Para Habermas, as idealizações da ação comunicativa pura deveriam ser reconstruídas enquanto condições de forma que a veracidade do sujeito falante e agente possa ser além de imputada também comprovada.
Para ele, que a seu ver ocupou-se do elo entre conhecimento e interesse faltou em sua obra esclarecer o que de fato limita comunicações atreladas ao contexto de ação e discursos que ultrapassam as coerções da ação.
Defende que opiniões apresentadas nos discursos, o material que se submete aos fins da fundamentação da argumentação, são originadas dos contextos diferenciados da experiência e da ação.
Logo, o interesse emancipatório do conhecimento sob o ponto de vista do autor deve fornecer uma delimitação mais precisa, e pode ser formado primeiramente na medida que a coerção repressiva é posta, a longo prazo, na forma de um exercício normativo do poder nas estruturas da comunicação distorcida, sendo institucionalizado como dominação.
Isso segundo Habermas leva à autorreflexão. Ele diz que o diálogo analítico não é discurso e a autorreflexão não opera qualquer fundamentação. Ela traz, antes, à consciência aqueles elementos determinantes de um processo de formação, que determinam ideologicamente uma práxis presente da ação e da interpretação de mundo.
Assim sendo, a recordação analítica estende-se ao particular, ao curso de formação singular de um sujeito individual, ao contrário da reconstrução racional, que abrange sistemas anônimos de regras que podem ser seguidos por quaisquer sujeitos, já que adquiriram as correspondentes competências sobre regras.
Habermas afirma que a autorreflexão conduz ao discernimento à medida que algo que era inconsciente se torna consciente de uma maneira prática cheia de consequências.
E a reconstrução, quando bem-sucedida, pode tornar consciente um sistema de regras que funcionava inconscientemente. Mas esse saber teórico não tem qualquer consequência prática.
A apropriação do saber teórico ocorre quando o aprendizado da lógica ou da linguística permite, mas geralmente não se modifica a práxis do raciocinar ou do falar até então exercida por causa desse saber teórico.
No que tange a educação na perspectiva habermasiana, o autor não sugere de fato uma teoria pedagógica em si, mas se pode entender que o desenvolvimento cultural e a própria educação em seu papel de desvendar o saber apoiam-se, enfim, nas propostas da teoria de Jürgen Habermas.
Afinal, a educação, acima de tudo, é um processo que deve existir um educador e um educando, que estabeleçam entre si uma relação subjetiva e intersubjetiva.
É possível compreender que Habermas propõe uma educação que leve o indivíduo à flexibilidade e à competência de aprendizagem contínua. Para ele, a Ética do Discurso e a Teoria da Ação comunicativa seriam os princípios da formação humana, sobre os quais ainda se alicerçam as teorias pedagógicas e as práticas educacionais de nosso mundo.
É possível afirmar, no presente estudo, que a linguagem é o instrumento de comunicação que pode transformar ou modificar o comportamento. Dentro da escola ou da sala de aula propriamente dita, ela está diretamente ligada no estímulo criado na forte relação entre o professor e seu aluno.
Como já foi dito anteriormente, para Habermas, a linguagem é vista como instrumento de interação social e transformadora de conhecimento, não sendo apenas um sistema preestabelecido, estático e centrado em códigos, onde a enunciação é tida como mera cópia do diálogo social.
A forma e a postura do professor dentro da sala de aula, no desempenhar de sua profissão, é um resultado de tudo aquilo que ele adquiriu em seu caminhar acadêmico. Vale lembrar, todavia, que sua história de vida é fator determinante para o seu comportamento.
O lugar dado ao professor por seu aluno, e vice-versa, nessa relação diária, é o que conduz e leva às relações pedagógicas em sala. Grande parte desses procedimentos são estratégias, sendo o professor apenas o instrumentador de técnicas nesse processo de ensino-aprendizagem.
Todavia, os problemas dessa relação tão complexa entre o mestre e o aluno não se restringe apenas à técnica. Logo, utilizar-se apenas de tecnicidade no ensino visando uma educação de qualidade não é caminho para o sucesso escolar, nem no campo da aprendizagem em si, nem tampouco no campo relacional e interacional entre os entes que compõe esse processo.
Ao professor cabe a tomada de decisões para saber de que forma ocorrerá o exercício da atitude comunicativa em seu ambiente de trabalho. Assim ele pode levar seu aluno ao processo de emancipação. Dessa forma ele leva em consideração o que se resulta da relação interpessoal dentro do processo entre sujeitos do conhecimento.
Assim ele consegue trabalhar com liberdade e desenvolver o processo da melhor forma possível, tendo chance de regular o tempo, o espaço e os papéis desta relação a que está se propondo.
Só existe uma relação dialógica a partir da resposta do outro, para que assim o emissor comece a se constituir enquanto sujeito, e vice-versa. Aí está a importância da relação entre sujeitos mediante a linguagem.
Nessa perspectiva pode-se entender que trabalhar a linguagem como processo de interação traz a necessidade de redefinição de papéis, onde o professor não pode e não deve ser visto como agente exclusivo da informação, do conhecimento, para a formação
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