ÉTICA E MORAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E REFLEXÕES
Por: Lidieisa • 19/4/2018 • 6.736 Palavras (27 Páginas) • 426 Visualizações
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Na leitura de Tavares (2014) é possível compreender que o estudo da ética ou filosofia moral, no ocidente, iniciou-se com Sócrates, para ele o conceito de ética iria além do senso comum da sua época, o corpo seria a prisão da alma que é imutável e eterna, o conceito de que existiria um “bem em sí” próprio da sabedoria da alma e que poderia ser rememorado pelo aprendizado, como a consciência das pessoas. Já segundo os textos de Aristóteles, a ética está subordinada à política, pois defendia que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, devido a serem classes privilegiadas, também afirma que o homem é moldado na medida em que faz escolhas éticas e sofre às influências destas escolhas. Desta forma, o homem deveria entrar em contato com a própria essência, a fim de alcançar a perfeição.
Ainda na contextualização histórica, segundo Vásquez, (1970) Não se pode deixar de mencionar a influência do Cristianismo na construção do conceito de ética e moral no ocidente, destacando-se dois pensadores que muito contribuíram: Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona, pois a partir deles se relaciona a ideia de que a virtude se define a partir da relação do homem com Deus, sendo as duas principais virtudes, a fé e a caridade. Cabe aqui ressaltar que Santo Agostinho se posicionava em dualismos, Bem e mal, corpo e espírito estariam separados, ele condenava os pecados da carne e alegava que a fé era o essencial para a vida. Já São Tomás de Aquino colocava a razão em primeiro lugar. Ainda na leitura do pensamento cristão, se afirma a ética do livre arbítrio, tomando-se por base que o impulso inicial de liberdade do homem é voltado para o mal, ou seja, para a prática do pecado e que o auxílio para a melhor conduta é a orientação da lei divina, com isso a ética passa a estabelecer três tipos de conduta: a moral ou ética (fundamentada no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral. Ainda no círculo cristão outros pensadores irão debater a ética, tais como: Lutero, Copérnico, Descartes e Kant.
Com Descartes, surge uma nova corrente de pensamento caracterizada pelo racionalismo cartesiano, agora, a razão é o caminho para a verdade e para se chegar a estas conclusões é preciso método e discernimento, em oposição a fé, surge neste momento o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Este, se torna um marco histórico para a humanidade, que a partir daí, compreende que este é um novo caminho para se chegar ao saber. O saber científico que se fundamenta em métodos e o saber sem método passa a ser visto como mítico ou empírico. É a semente da ética moderna.
Embora a ética tenha um cunho basicamente filosófico, ela tem um vasto campo de atuação e reflexão que se estende por diversas áreas e se divide em campos de estudo dentro da teologia, filosofia, psicologia, direito, economia e outras áreas do saber. O estudo da ética busca explicar e indicar o melhor comportamento do ponto de vista moral e é sustentada pela prática do comportamento humano.
Fundamentados na leitura de Srour (2013) a moral aparece diretamente ligada aos costumes, ou seja, práticas aceitáveis em uma sociedade, e mudam de uma sociedade para outra, logo o conceito de moral é mutável e os costumes podem mudar com o tempo. Srour, (2013) ainda destaca que a moral “É um sistema de normas culturais que pauta as condutas dos agentes sociais de uma determinada coletividade e lhes diz o que é certo, ou não fazer.” (p.56).
Logo, a Ética está diretamente ligada ao comportamento e a moral diretamente ligada aos costumes da sociedade.
A ética é universal porque as suas reflexões independem da cultura, sociedade ou tempo histórico, as suas reflexões cabem em qualquer lugar e em qualquer tempo, porque se referem ao comportamento humano. A moral é cultural porque em cada sociedade, em cada lugar, os costumes e valores são diferentes.
(TAVARES, F. et al, 2014,p.12)
Segundo Sanchez; Vasquez (1970) “A moral é o estudo dos costumes de uma determinada sociedade numa determinada época e lugar.” (p.21).
É através da moral que os códigos de convivência são estipulados, para que as pessoas se comportem adequadamente e também para que haja harmonia na interação humana e da instituição. Do ponto de vista das ações humanas existem dois universos de ação: universal e particular. Na administração pública, por exemplo, as ações devem ser voltadas para o universal, porque sempre devem preservar o interesse coletivo, logo não cabe no contexto da administração pública ações voltadas aos interesses particulares.
A moral é a base de fundamentação para que a sociedade possa estipular suas regras de convivência, deste estudo da moral, é importante mencionar suas três categorias de ações, de uma forma bem resumida, compreende-se que uma ação moral é agir em conformidade com os valores da sua organização ou sociedade sem prejudicar outras pessoas. Já uma ação imoral é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma organização ou sociedade e prejudica outras pessoas. Ainda há a conduta amoral, ou seja, aquela conduta que não influem nem positivamente, nem negativamente, ou seja é uma conduta neutra, desvinculada de práticas morais ou imorais.
Cabe ainda ressaltar que a conduta moral sofre influências do meio em que o indivíduo foi criado e orientado, bem como, da organização, onde ele está inserido, não necessariamente pode-se afirmar que o indivíduo vá praticar um ato de conduta imoral em função disso, mas que ele pode se tornar mais suscetível ou condescendente em função de conviver com suas práticas.
Vivemos em uma era de consumismo, de individualismos, de desprezo pelo próximo e pela natureza, gerando um quadro de enormes desafios éticos e morais na sociedade contemporânea, cabe a nós a reflexão sobre esses desafios sociais e profissionais que fazem parte da nossa rotina diária, principalmente no exercício profissional da contabilidade, onde temos a responsabilidade de coletar dados, organizar dados financeiros, produzir relatórios, dados estatísticos, balanços e temos que manter o compromisso moral e ético com clientes, com as leis e com os princípios da nossa sociedade.
No aspecto que tange o perfil do contabilista, Branco (2003, p.46) diz que:
O contabilista deve possuir um perfil e uma formação humanística, uma visão global que o habilita a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserido, tomando decisões em um mundo diversificado
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