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Mobbing: assédio moral no trabalho

Por:   •  24/12/2017  •  2.313 Palavras (10 Páginas)  •  415 Visualizações

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da autoridade agindo com extremo rigor e soberba para com os comandados; quando o superior não consegue impor respeito e manter o domínio da equipe, ou quando alguém é promovido para o cargo de chefia despertando a inveja nos colegas. Esta espécie de mobbing é mais comum em instituições públicas em que os funcionários gozam de estabilidade. O mobbing vertical descendente, praticado pelo empregador ou superior hierárquico sobre o subordinado, faz com que a vítima acredite ter que aceitar tudo o que lhe é imposto a fim de manter seu emprego. É talvez a forma mais cruel, e a que tem consequências mais graves sobre a saúde da vítima que se sente muito isolada e com dificuldade de vislumbrar uma solução para o problema. Na maioria das vezes, ocorre devido ao medo que o superior tem de perder o controle da equipe, ou quando tem a necessidade de humilhar o subalterno a fim de se engrandecer. Além do perfil perverso do agressor, o mobbing descendente pode também ser estratégico, ocorrendo quando a empresa visa reduzir o seu quadro, ou se livrar daqueles funcionários mais antigos e com maiores salários a fim de substituí-los por novatos, que, em tese, seriam mais produtivos e menos onerosos. Há também o assédio institucional, quando tal conduta seria um instrumento de gestão da empresa que teria por norma aterrorizar os funcionários. Há, por fim, o mobbing misto, quando a vítima é atacada tantos pelos colegas do mesmo nível, quanto pelo superior hierárquico ou o patrão. Normalmente, o assédio horizontal duradouro acaba se transformando também em assédio descendente, porque conta com a omissão da chefia. Igualmente, quando um funcionário sofre perseguição do superior de forma continuada, acaba também sendo discriminado pelos colegas que passam a persegui-lo. Em ambos os casos, a situação tende a se tornar um assédio misto[4]. Na prática, o mobbing é levado a termo por meio de algumas técnicas, todas visando desestabilizar a vítima. Uma delas é ignorar a presença da vítima, não lhe dirigindo a palavra, impedindo-a de se comunicar. Outra técnica bastante comum é isolar a vítima dando-lhe funções individuais que a separa dos demais, ou, pior ainda, tirando-lhe toda e qualquer função fazendo-a cumprir horário num ambiente à parte. Há as técnicas de ataque, quando a vítima é frequentemente repreendida na frente dos colegas e dos clientes visando comprometer sua reputação, e também as técnicas de punição em que a vítima fica constantemente sobre pressão devido a sofrer constantes punições, quase sempre injustas. O mobbing é, na maioria das vezes, desencadeado de forma dissimulada, quando a vítima é alvo de calúnias, injúrias, difamações, zombarias, críticas indiretas, sarcasmos, tudo feito em público. Nem sempre o mobbing é facilmente comprovado, justamente devido à forma velada em que é praticado, podendo passar por uma brincadeira em que o assediado fica sem jeito de reagir temendo passar por paranoico, mas que vai aos poucos minando sua autoestima. No início de um processo de mobbing, a vítima adota uma atitude de renúncia, pois o agressor ainda ataca de forma leve, e o agredido se submete a fim de evitar o conflito. A seguir vem um estado de confusão quando a vítima percebe que está perdendo o controle da situação, o que gera nela um estresse. No estado de dúvida, que vem em seguida, a vítima não consegue acreditar que aquilo está acontecendo com ela, fica perplexa e nega a realidade, pois ainda não está em condições de ver a situação com clareza. A aceitação da submissão gera grande tensão interior que se traduz um estresse cada vez maior. Na fase do medo, a vítima já se sente apavorada e em permanente alerta; ela duvida de suas próprias percepções e não está convicta se tudo é real ou se é exagero de sua parte. Nessa altura, seu labor já se transformou em constante tormento [5]. A longo prazo, ocorre na vítima um choque que é quando ela toma consciência da agressão em sua real dimensão. Passa então pelo que se chama de descompensação, quando enfraquecida, sente-se diretamente agredida e com a resistência limitada. A separação, quando acontece, é por iniciativa da vítima, e não do agressor, uma vez que o objetivo deste é fazer com que aquela peça demissão. Por fim, na fase da evolução, a vítima consegue livrar-se das garras do agressor e busca recuperar-se das sequelas emocionais. O processo pode gerar sérias consequências psicoemocionais e causar transtornos muitas vezes irreversíveis. Primeiramente há o estresse e a ansiedade, que são a autodefesa do organismo, uma tentativa em adaptar-se para enfrentar a situação. Caso o mobbing se prolongue por mais tempo ou se torne mais intenso, uma depressão mais forte pode instaurar-se, o que deve ser alvo de muita atenção, pois o risco de suicídio é grande. Certos distúrbios psicossomáticos ocorrem com frequência, tais como, emagrecimento intenso ou rápido ganho de peso, distúrbios endocrinológicos, hipertensão arterial incontrolável, indisposições, doenças da pele, etc. A desilusão, devido à autoestima arranhada, coloca a vítima em estado de desmotivação para encarar um novo emprego, pois ela passa a duvidar de suas habilidades. Pode se instaurar uma grande dificuldade para se expressar, pois a vítima se sente envergonhada e humilhada. O mobbing pode provocar uma destruição da identidade e interferir por muito tempo no temperamento da vítima. É uma verdadeira alienação, pois a pessoa perde o próprio domínio e se sente afastada de si mesma [6]. Algumas atitudes são aconselhadas à vítima do mobbing a fim de se proteger e se preservar. É importante que ela resista e anote detalhes das humilhações sofridas, como o dia, a hora, o nome do agressor, colegas que testemunharam e o teor da conversa. Deve abordar o assunto com os colegas, dar visibilidade ao fato e procurar apoio entre os outros funcionários. É bom que evite encontros e conversas isoladas com o agressor, o ideal é que sempre tenha alguém que possa testemunhar os diálogos. Nos casos em que receber ordens ilegais ou humilhantes, pedir que o agressor o faça por escrito, e manter uma cópia guardada. Recorrer ao sindicato da categoria e registrar os fatos. É fundamental procurar apoio com os familiares bem como apoio médico e psicológico[6]. As medidas preventivas cabem principalmente à empresa, a grande responsável pelo clima no ambiente de trabalho. Algumas medidas eficazes são: investir em informação e ações educativas, realizar pesquisas de clima organizacional garantindo segurança para que os funcionários possam se manifestar sem receios, criação de comitê permanente com o objetivo de desenvolver procedimentos que garantam a integridade dos colaboradores, criação de um Código de Ética que expresse claramente a postura da empresa em relação

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