Os Desafios
Por: Juliana2017 • 3/12/2018 • 1.549 Palavras (7 Páginas) • 304 Visualizações
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síntese, e a solução para tal empecilho encontra-se na contextualização e globalização dos saberes.
O desenvolvimento da aptidão para contextualizar produz um pensamento “ecologizante”, no sentido que situa todo acontecimento, informação ou conhecimento em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente [...]. Pascal já formulara a necessidade de ligação, que hoje é o caso de introduzir em nosso ensino, a começar pelo primário: “[...] considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes...”.
A segunda revolução científica do século XX pode contribuir, atualmente para formar uma cabeça bem-feita. O desenvolvimento anterior das disciplinas científicas, tendo fragmentado e compartimentado mais e mais o campo do saber, demoliu as entidades naturais sobre as quais sempre incidiram as grandes interrogações humanas: o cosmo, a natureza, a vida e, o ser humano.
Já existiam ciências multidimensionais [...]. Agora surgiram novas ciências “sistêmica”: Ecologia, ciências da Terra, Cosmologia. Onde a Ecologia tem o ecossistema como objeto de estudo, associando disciplinas distintas para analisar interações entre o mundo humano e a biosfera. O desenvolvimento das ciências da Terra e da Ecologia revitalizam a Geografia. A cosmologia buscando conhecer o cosmo e conceber a formação dos nódulos, dos átomos [...], isto é, a disciplina do infinitamente grande ao infinitamente pequeno.
Infelizmente, a revolução das recomposições multidisciplinares está longe de ser generalizada e, em muitos setores, sequer teve início [...]. As ciências biológicas progridem em múltiplas frentes, mas essas frentes não estão coordenadas umas às outras e levam a ideias divergentes. Além disso, mesmo as ciências especificamente humanas são compartimentadas[...].
Assim, as grandes recomposições sofrem atrasos justamente onde ainda reina a redução e a compartimentação. Mas a Cosmologia, as ciências da Terra, a Ecologia, a Pré-História, a nova História permitem articular, umas às outras, disciplinas até então isoladas.
Com esse novo espírito científico, pode-se pensar também que uma verdadeira reforma do pensamento está a caminho, porém de modo muito desigual...
É nessa mentalidade que se deve investir, no propósito de favorecer a inteligência geral, a aptidão para problematizar, a realização da ligação dos conhecimentos. Assim, podemos imaginar os caminhos que permitiriam descobrir, em nossas condições contemporâneas, a finalidade da cabeça bem-feita.
CONCLUSÃO
O livro “A Cabeça bem-feita” de Edgar Morin, embora complexo e de primeira vista com princípios utópicos, vem a deflagrar a mais simples verdade: a interação das disciplinas e a necessidade de culturas humanas, tanto como científicas de se comunicarem. Atualmente, vê-se ocorre uma fragmentação do saber, ou seja, nossos alunos acreditam que português é cansativo, matemática é impossível de se entender, física e química são desprezíveis no dia-a-dia, filosofia é coisa de louco e sociologia de quem não tem o que fazer. Necessário é, aceitar que o início do Universo tem intima ligação com a evolução do Homo Sapiens; que o meio-ambiente e suas alterações climáticas repercutem na economia; que a identidade nacional de um indivíduo interfere no conceito de Planeta Terra. Enfim, a multidisciplinariedade é algo visível, mas camuflada por “experts” que preferem que cidadãos saídos de Universidades, com seus diplomas debaixo do braço se atenham tão-somente à sua área. Não preconizem mudanças sociais, grandes reformas e questionamentos acerca do status quo. “Reformar o pensamento para reformar o ensino e vice versa. Não há falar do todo sem parte, como o inverso também é inadmissível. O ser humano precisa saber enfrentar as incertezas da condição humana, adquirindo aptidões capazes de organizar o conhecimento e desfragmentar os saberes.” Tal enunciado descreve sucintamente o escopo do autor em alterar grades curriculares, conceitos de etnia e mudanças sociais. Como disse, no início da conclusão, pode parecer complexo um ser humano interligar ciências tão diversas. Mais fácil é admitir um cientista, um “louco”, fazer essa interação, todavia em nada contribuindo para que todos tenham a cabeça bem-feita e almejem a harmonia social. Edgar Morin finaliza seu livro elucidando que somente mediante a reforma das mentes poder-se-á acabar com a barbárie atual. Considerei esse termo barbárie forte, mas pensando um pouco e relacionando com os desafios apontados no livro, com os bloqueios e as contradições imperantes, acredito que estejamos na real barbárie: corrupção, desvio de verbas públicas, chacinas, desmatamento, violência, perda de valores familiares, ensino precário, mídia de massa barata, acomodação do ser humano… O ser humano está buscando fugas autodestrutivas, deixando de lado o prazer de viver, de apreciar as coisas belas da vida. Educação tornou-se obrigação ou meio de se obter um prato de comida. Educar tornou-se última opção como fonte de renda. Enfrentar as complexidades do cotidiano, por meio do conhecimento e da relação ensino-aprendizagem visando progresso da humanidade, foi substituído por atos de brutalidade física ou de ignorância quanto a terceiros. È esse egocentrismo e essa secularização que empaca a evolução humana. Esse sentimento egoísta,
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