TEORIA E PRÁTICA NO SERVIÇO SOCIAL: UMA REFLEXÃO SOBRE OS DESAFIOS E PERPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS
Por: Lidieisa • 27/9/2017 • 2.491 Palavras (10 Páginas) • 688 Visualizações
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O positivismo é um modo de pensar típico da sociabilidade capitalista e rejeita o conhecimento metafísico, devendo limitar-se ao conhecimento positivo, aos dados imediatos da experiência. Defende a ideia de que tanto os fenômenos da natureza como os da sociedade são regidos por leis invariáveis. Dessa forma naturaliza as sequelas da “questão social” e a posição que o indivíduo é inserido na sociedade.
O positivismo ocupa na filosofia um papel específico na medida em que aparece com a pretensão de perfeita neutralidade em todas as questões relativas à concepção de mundo, deixando em suspenso todo fato ontológico, e produzindo uma filosofia que remova por completo do âmbito o complexo problemático referente a aquilo que é em si, tomado como pseudoproblema, irrespondível por princípio. Assim, no positivismo a questão da verdade objetiva era deixada de lado como desinteressante, o que seria importantes são somente os resultados da prática imediata, daí se configura a grande influência no Serviço Social, o procedimento pragmático e manipulatório do cotidiano que dirige a relação teoria versus prática nos moldes adequados com a sociabilidade capitalista.
A teoria social positivista não permite que a/o profissional veja para além do que esta aparente na sociedade. Conforme Gilmaisa, “o problema do conhecimento fica reduzido ao âmbito dos objetos singulares porque, para um lado, a tradição cientifica positivista na qual se apoia define que o conhecimento possível é o conhecimento dos objetos singulares e imediatos...”.
O positivismo trata a realidade de forma fragmentada, fora da totalidade e esse influxo ocorre na prática do Assistente Social. Faz-se necessário a observação desses fenômenos como resultado de um sistema predatório e explorador, aproveitando-se da pobreza gerada através de seu modo de exploração da força de trabalho das (os) trabalhadores.
A profissão exige uma interpretação crítica da realidade social analisando a complexidade em sua totalidade, sendo uma/uma profissional capaz de entender as demandas e as analisando de maneira crítica trazendo novas formas de intervenções e atribuindo novos significados. Para Netto (1994),
A lógica do desenvolvimento capitalista implica uma atitude manipuladora em face da natureza, que reclama precisamente o conjunto de procedimentos próprios a intelecção- a ação (social) exigida por aquela lógica demanda a qualificação, a calculabilidade, a formalização.
Acreditamos que essa teoria venha cada vez mais orientar a prática de Assistentes Sociais, no viés de adequar as/aos indivíduos na realidade histórica imposta para atender as demandas do sistema dominante.
A PERSPECTIVA CRÍTICO-DIALÉTICA E O SERVIÇO SOCIAL
A aproximação à perspectiva crítico-dialético, ou marxiana redimensiona a interpretação da profissão para um novo sentido. Agora o Serviço Social é compreendido como um componente da totalidade social capitalista, cuja teorização extrapola a profissão e seus instrumentos imediatos. O Serviço Social de fato não possui uma teoria própria, particular e autônoma, mas se utiliza como referência o arcabouço teórico-metodológico das ciências sociais para produzir conhecimento e para pensar objetos da prática profissional.
Nessa perspectiva, teoria social, qualquer que seja ela, é o resultado de um longo processo de desenvolvimento humano-social. Por tanto, é o capitalismo e sua divisão do trabalho que põem a necessidade do Serviço Social. A função dos assistentes sociais junto a políticas sociais e suas condições de assalariamento, que inclusive não são postas por eles, são decisivas para que suas ações tenham um caráter prático-funcional. Como também isso não muda só por que um novo referencial teórico foi introduzido na profissão.
Nesse sentido, com o referencial crítico-dialético ele permite levantar novos problemas, inclusive pensar na construção de uma nova sociabilidade para os homens, desenvolver posturas críticas dos profissionais sobre as necessidades dos sujeitos e as respostas sociais, como também aprofundar o problema das políticas sociais, de sua função, de suas raízes materiais e humano-sociais, repensa seus princípios éticos.
A perspectiva crítico-dialético traz para o interior do Serviço Social o incentivo a investigação de uma multiplicidade de objetos sociais sob um ponto de vista diferente daquele originário, possibilita um imenso número de questões que ampliam o universo do conhecimento do Serviço Social sobre sua ação e sobre sua via em sociedade.
Contudo, a respeito da reflexão crítica sobre os aportes tradicionais da profissão, a relação teoria e prática ainda continuam como um problema não esclarecido verdadeiramente, a teoria ainda permanece distanciada de suas atividades cotidianas, como uma dicotomia entre teoria e prática.
A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: DESAFIOS PARA A/O PROFISSIONAL
Teoria e prática são momentos de um único complexo do ser, o ser social, por isso só podem ser compreendidos de modo adequado tendo como ponto de partida uma relação recíproca. E no ato de apropriar-se da objetividade existente que a consciência apreende as conexões necessárias ao processo de conhecimento.
Falar da prática profissional requer relacioná-la a categoria mediação, que consiste numa categoria da teoria crítica marxista, através do método dialético de análise da realidade. A ação transformadora do assistente social passa por esse tripé, a singularidade, particularidade e universalidade. Para Pontes (2000, p.38) descreve a mediação como “[...] uma das categorias centrais da dialética, inscrita no contexto da ontologia do ser social marxista, e que possui uma dupla dimensão: ontológica (que pertence ao real) e reflexiva (que é elaborada pela razão)”. Assim, mediação consiste num caminho de apreensão do real através de sucessivas aproximações, e mais do que um processo reflexivo ela consiste também num processo prático-concreto.
É através da mediação, de sucessivas aproximações com o real, que o assistente social irá desvelar as aparências. Conforme afirma Pontes (2000, p.39), “a forma de conhecer o modo de ser dos fenômenos sociais que compõe o real processa-se mediante aproximações sucessivas ao movimento do objeto (real). [...]”. Por tanto a mediação contribui na intervenção profissional do assistente social uma vez que possibilita a compreensão dos fenômenos não como fatos isolados, mas como parte de um complexo social que sofre influências sociais, econômicas,
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