OS RECURSOS COMPUTACIONAIS E SUAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO NO ENSINO SEGUNDO AS ABORDAGENS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Por: Lidieisa • 30/5/2018 • 2.492 Palavras (10 Páginas) • 478 Visualizações
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pela máquina de ensinar (normalmente, um texto que descrevia o módulo) e ao final, preencher espaços em branco completando trechos do texto, ou, escolher uma resposta certa dentre algumas alternativas apresentadas. Acertando a resposta, o estudante poderia seguir para o próximo módulo, caso contrário, a máquina poderia apresentar a resposta correta ou sugerir ao estudante rever o texto que tratava da questão onde ocorreu o erro.
Para Skinner, o fator mais importante nesse modelo pedagógico de condicionamento não são os estímulos que antecedem às respostas e sim os que as reforçam, por isso a grande preocupação em, sempre que o aluno acertar uma resposta, haver o reforço deste acerto.
O idealizador dessa máquina de ensinar acredita que com ela seria estimulada, além da educação institucional, a instrução individual e o estudo em casa, sendo possível a construção de programas para disciplinas para as quais não havia professores suficientes para estarem em sala de aula. A máquina poderia, também, ser adaptada para tipos especiais de educação, como por exemplo a de cegos, uma vez que seria possível uma versão em braille da mesma.
Este modelo foi muito utilizado pelas escolas ocidentais, no final dos anos 50 e início dos anos 60, para o ensino regular, através da instrução programada por exemplo e também serviram de base para o desenvolvimento dos primeiros sistemas computadorizados com fins pedagógicos. Ainda na década de 60, esforços de empresas como a IBM levaram à produção destes sistemas. Neles, o computador é responsável por disponibilizar os módulos seqüenciais de instrução para os estudantes e verificar a eficiência de suas respostas nos testes de múltipla escolha ou no preenchimento de lacunas em trechos de textos, como nas máquinas de Skinner.
Softwares educacionais baseados nessa perspectiva teórica, apesar de bastante utilizados até hoje são passíveis de críticas. Ao mesmo tempo em que permitem ao aluno uma certa interação com o conteúdo a ser estudado, não estimulam a autonomia do aprendiz, que vê-se diante de estruturas seqüenciais tão rígidas quanto às encontradas na máquina de Skinner. É importante ressaltar ainda que esse sistema de instrução não prevê a interação aluno-aluno ou professor-aluno, uma vez que não existem nesses sistemas mecanismos que promovam este tipo de relação.
Esta aceitação do mercado a estes sistemas não refletia a análise que os educadores faziam em relação ao uso destes sistemas como apoio pedagógico, porquê, desde o final da década 50 e início dos anos 60, várias teorias sobre aprendizagem modificavam o pensamento behaviorista sobre o conceito do ato de ensinar. A partir dos anos 50, segundo Khun, citado por Pozo [POZO, 1998], o paradigma behaviorista começa a entrar em crise, cedendo lugar a psicologia cognitiva, onde o processamento da informação será o paradigma dominante.
2.2 – Construtivismo
Com a crise do paradigma condutivista entra em cena, em meados dos anos 50, a psicologia cognitiva, onde a principal característica é a construção do conhecimento através do processamento da informação.
Uma nova abordagem de ensino-aprendizagem começa a despontar nesse cenário: o Construtivismo. De caráter anti-associacionista, surge no período entre-guerras e tem como principais autores Jean Piaget e L. S. Vygotsky. A abordagem construtivista pode ser dividida em duas correntes: o Construtivismo-Interacionista e o Sócio-Interacionista.
2.2.1 - Construtivismo-Interacionista
As novas idéias colocadas pela abordagem Construtivista sugeriam que o aprendiz compreendia o mundo através da sua percepção, construindo significados para este mundo. Estas novas idéias tinham no suíço Jean Piaget o seu maior expoente.
Piaget acreditava que a aprendizagem acontecia por etapas que estavam diretamente ligadas ao desenvolvimento mental da cada estudante. Ela estava centrada no desenvolvimento individual do sujeito, cada estudante deveria construir seu próprio conhecimento, sem levar em conta o contexto histórico social.
A idéia principal da abordagem piagetiana era que "a lógica de funcionamento mental da criança é qualitativamente diferente da lógica adulta".
Sua pesquisa focaliza-se nas estruturas internas e processos que proporcionam a aquisição de conhecimento pelo indivíduo e seus estudos têm como ponto inicial a Teoria dos Estágios de Desenvolvimento Cognitivo, onde Piaget afirma que "a forma como uma pessoa representa o mundo - as estruturas mentais internas ou esquemas - muda sistematicamente com o desenvolvimento" [MAYER 1977]. Estas estruturas internas foram classificadas em quatro estágios que Piaget chamou de: estágio sensório-motor (0-2 anos) - a criança representa o mundo em termos de ações (chupar, olhar, deixar cair etc.); estágio pré-operacional (2-7 anos) - a criança, neste estágio, lida com imagens concretas e é limitada por problemas de concretude, irreversibilidade, egocentrismo e centralização; estágio das operações concretas (7-11 anos) - a criança tem a capacidade recém-adquirida de operar mentalmente, ou de mudar uma situação concreta e de realizar operações lógicas sem apresentar os problemas do estágio anterior; estágio das operações formais (11 anos - adulto) - inicia-se uma progressiva capacidade mais refinada para executar operações mentais, não apenas com objetos concretos, mas também com símbolos. A criança desenvolve a capacidade de pensar em termos de hipóteses e possibilidades, começando a aparecer o raciocínio científico em sua forma sistemática.
A implantação da abordagem construtivista nas escolas deu-se na década de 80. Neste contexto, o objetivo do professor seria o de favorecer a descoberta individual, e não mais de determinar a velocidade e a forma de construção do conhecimento para o estudante.
Paralelamente ao desenvolvimento do Construtivismo-Interacionista de Piaget, sistemas computacionais como a inteligência artificial e o sistema de acesso a informação não-linear (hipertextos) surgiram, permitindo formas diversas de buscar informações e construir conhecimentos mais adaptáveis às características cognitivas dos alunos.
Não demorou muito até que estas frentes, da informática e da educação, se encontrassem, e pesquisadores das duas áreas propusessem um novo conceito em sistemas informatizados para educação , os Sistemas Tutores Inteligentes (STI) [Anderson 85], cuja principal diferença em relação aos seus antecessores era a possibilidade de acompanhar
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