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CONCEPÇÃO DE ESCOLA ,CONCEPÇÃO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM

Por:   •  15/1/2018  •  5.896 Palavras (24 Páginas)  •  371 Visualizações

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Em 1947, Paulo Freire assume o cargo de Diretor do Setor de Educação do SESI do Recife - Serviço Social da Indústria, onde travou contato com a questão da educação de adultos/trabalhadores e percebeu a necessidade de executar um trabalho direcionado à alfabetização.

Estudando as relações entre alunos, mestres e pais de alunos do SESI, Paulo Freire conheceu a realidade dos trabalhadores e as particularidades da sua linguagem. Entendeu que educar era, sobretudo, discutir as condições materiais de vida do trabalhador comum. Dedicou-se a estudar a linguagem do povo, consolidando seus trabalhos em educação popular. Sua primeira experiência como professor universitário foi na Escola de Serviço Social, lecionando Filosofia da Educação.Doutorou-se em Filosofia e História da Educação em 1959, com a tese ”Educação e Atualidade Brasileira”. No início dos anos 60 engajou-se nos movimentos de educação popular, entre eles o Movimento de Cultura Popular (MCP), a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler” e a Campanha de Alfabetização de Angicos (alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias), ambas no Rio Grande do Norte, e coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, do Governo Goulart.Durante mais de 15 anos, entre as décadas de 1950 e 1960, Paulo Freire dedicou-se às experiências no campo da educação de adultos em áreas proletárias e subproletárias, urbanas e rurais, em Pernambuco. Seu método de alfabetização nasceu dentro do MCP – Movimento de Cultura Popular do Recife – a partir dos Círculos de Cultura, onde os participantes definiam as temáticas junto com os educadores. Nesses grupos populares, ele identificou resultados tão positivos que passou a se questionar se não seria possível fazer o mesmo em uma experiência de alfabetização.

A educação como prática da liberdade é concebida dentro de um contexto em que o processo de desenvolvimento econômico e o movimento de superação da cultura colonial nas "sociedades em trânsito" que se define pela sociedade sem democracia para uma sociedade em processo de democratização, do ponto de vista do oprimido, na construção de uma sociedade democrática. Freire acredita que a educação tem papel imprescindível no processo de conscientização e nos movimentos de massas. Por considerá-la desafiadora e transformadora, mostra que para alcançá-la são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a convivência. Educador e educando se movimentam no mesmo cenário, mas as diferenças entre eles acontecem “numa relação em que a liberdade do educando não é proibida de exercer-se”. Essa opção não é, apenas, pedagógica, mas sobretudo, política, o que faz do educador um político e um artista, jamais neutro.

Na sua concepção, a educação é um momento do processo de humanização, um ato político, de conhecimento e de criação. Portanto, educação implica no ato do conhecer entre sujeitos conhecedores, e conscientização é ao mesmo tempo uma possibilidade lógica e um processo histórico ligando teoria com práxis numa unidade indissolúvel.

Paulo Freire revelou ao mundo uma educação para além da sala de aula, da educação formal, capaz não só de ensinar conteúdos e comportamentos socialmente esperados e aceitos, mas também capaz de conscientizar a todos e a todas. Mais objetivamente pensou nos jovens e adultos trabalhadores, homens do campo e da cidade para abrir-lhes a possibilidade de enfrentarem a opressão e as injustiças.

Em setembro de 1964, com 43 anos, Paulo Freire partiu para a Bolívia levando na bagagem uma trajetória de experiências singulares na alfabetização de adultos, de grande alcance social, que rapidamente conquistaram atenção e respeito por parte de governos, educadores e intelectuais de todo o mundo.

Freire ficou muito pouco tempo na Bolívia, por causa da altitude de La Paz e também pelo golpe de Estado que derrubou o governo de Paz Estenssoro. Seguiu para Santiago, no Chile, aonde chegou a novembro de 1964. Viveu neste país até abril de 1969, quando foi convidado para lecionar nos Estados Unidos e também para atuar no Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, Suíça. Aceitou os dois convites, permanecendo inicialmente 10 meses em Harvard, onde deu forma definitiva ao livro Ação Cultural para a Liberdade. Nesse período, escreve dois de seus livros mais conhecidos: Educação Como Prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido. , entre 1970-1980, após sua transferência para Genebra, assumiu o cargo de consultor do Conselho Mundial das Igrejas. Como conselheiro educacional do Conselho, Paulo Freire ganhou maior dimensão mundial. Ao lado de outros brasileiros exilados, fundou o Instituto de Ação Cultural (IDAC), cujo objetivo era prestar serviços educativos, especialmente aos países do Terceiro Mundo que lutavam por sua independência. Em 1975, Freire e a equipe do IDAC receberam o convite de Mário Cabral, Ministro da Educação da Guiné-Bissau, para colaborarem no desenvolvimento do programa nacional de alfabetização daquele país. A África deu a Paulo Freire e a seus colaboradores o campo prático para experiências pelas quais eles tinham esperado tanto.

Entre 1975 e 1980, Freire trabalhou também em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola, ajudando os governos e seus povos a construírem suas nações recém-libertadas do jugo português, através de um trabalho de educação popular. Nesse período genebrino, Paulo Freire “andarilhou” muito por alguns países do continente africano, asiático, europeu, americano e da Oceania, exercendo atividades político-educativas em vários países dos 5 continentes, mas de modo especial na Austrália, Itália, Nicarágua, Ilhas Fiji, Índia, Tanzânia e os países de colonização portuguesa supracitados.

O retorno de Paulo Freire ao Brasil foi um momento histórico para a educação no Brasil. Depois de várias tentativas de conseguir o seu passaporte nas representações consulares brasileiras, em países diferentes, Paulo Freire finalmente obtém o documento, graças a um mandado de segurança. Em junho de 1980, aos 57 anos, Paulo Freire desembarca no aeroporto de Viracopos em Campinas, regressando definitivamente ao país que havia deixado em 64, sob o comando dos militares. Sua vontade era reassumir as funções na Universidade de Pernambuco, mas as restrições ainda vigentes o impediram. Fixou residência em São Paulo. Aceitou o convite para lecionar na Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas e logo depois ingressou no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação (supervisão e currículo) da PUC/SP. Paulo Freire participa da fundação do Vereda – Centro de Estudos em Educação, também em São Paulo, cujo objetivo era desenvolver pesquisas, prestar assessoria e atuar na formação

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