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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  21/10/2018  •  3.251 Palavras (14 Páginas)  •  324 Visualizações

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O brincar de faz de conta, por exemplo, permite à criança a construção do mundo real, pois brincando ela vivência com situações que vive no social, podendo assim, compreendê-las melhor. De acordo com Freud apud Kishimoto (2003, p.57).

Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto cria seu próprio mundo ou, dizendo melhor, enquanto transpõe elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela.

É de fundamental importância que o professor da educação infantil, ao compor um planejamento realmente significativo para a criança, saiba que a brincadeira está associada a infância e as crianças e que a brincadeira e o jogo permitem o desenvolvimento das crianças de maneira eficiente e a apropriação de conhecimentos e experiências essências para a vida toda (BORBA, 2006) .

Assim também reconhece o estatuto da criança e do adolescente, que o brincar é uma característica da infância, no artigo16, inciso IV, no qual a liberdade compreende vários aspectos, entre eles, o brincar, praticar esportes e divertir-se, portanto, privá-las disso é não garantir o seu pleno desenvolvimento.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), em sua proposta pedagógica, cita o brincar como algo fundamental para o desenvolvimento da autonomia e identidade da criança, nele a brincadeira aparece como um importante componente da educação infantil e como uma ferramenta para a aprendizagem.

Nesse contexto, Vygotsky (2007) afirma que a criança se desenvolve pela experiência social, nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência sócio histórica dos adultos e do mundo por eles criados. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio histórica dos adultos.

Piaget tal como Vygotsky, afirma que a brincadeira tem esse importante papel de significação e interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos:

Desde o momento em que nascem e à medida que crescem as crianças se esforçam para agir e se relacionar com o ambiente físico e social que as rodeia – um mundo de objetos, relações e de sentimentos que, pouco a pouco, vai se ampliando e que elas procuram compreender (...). Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias em que se comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos. (PIAGET, 1998)

Brougére (1995), chama a atenção para esse fato quando afirma que a brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto de cultura e que a brincadeira pressupõe uma aprendizagem social.

As situações imaginarias criadas pela criança quando brinca estão relacionadas com a capacidade de imitação, e trazem consigo regras de comportamento implícitas, advindas de formas culturalmente construídas de os homens se relacionarem e com as quais as crianças convivem. O fato de estas regras estarem ocultas ou não explicitas no jogo de papeis, não significa que elas não existam. (CERISARA 2002)

Para Bettelheim (1988), através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo – o que ela gostaria que ele fosse, quais suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras.

Ainda segundo o autor, nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo na mente de uma criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.

Brincar é um componente crucial do desenvolvimento, pois, através do brincar a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os aspectos esmagadores e desorientadores do mundo. Na verdade, o brincar é um parceiro insubstituível do desenvolvimento, seu principal motor. Em seu brincar, a criança pode experimentar comportamentos, ações e percepções sem medo de represálias ou fracassos, tornando-se assim mais bem preparada para quando o seu comportamento "contar”. (Gardner, 1996)

Podemos, baseado nas afirmações anteriores, nos tornamos defensores da brincadeira como direito da criança e como necessária para o pleno desenvolvimento humano. Sendo assim, como afirma Borba (2006), a brincadeira deve deixar de ser avaliada como uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo produtivo, não gera resultados.

Borba (2006) compreende a brincadeira como uma atividade que se articula aos processos de aprender, se desenvolver e conhecer. Assim, o brincar assume um significado diferente e de grande valia para o desenvolvimento integral, pois possibilita experiências que nenhuma outra atividade oferece, além de habilitar as crianças para a vida adulta e para as regras sociais de cada cultura. (Borba, 2006)

Nessa direção, Vygotsky (1987) considera o brincar uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem a produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais como outros sujeitos, crianças e adultos.

Vygotsky (1987) defende que através do brincar a criança promove pensamento, ação, expressão e comunicação, novos significados são elaborados, novos papeis sociais e ações sobre o mundo são desenhados, e novas regras e relações entre os objetos e os sujeitos, e desses entre si, são instituídas.

É assim que cabos de vassoura se tornam cavalos e com eles as crianças cavalgam para outros tempos e lugares; pedaços de pano transformam-se em capas e vestimentas de príncipes e princesas; pedrinhas em comidinhas; cadeiras em trens; crianças em pais, professores, motoristas, monstros, super-heróis etc. “A criança quer puxar uma coisa e tornar-se cavalo, quer brincar com areia e tornar-se padeiro, quer esconder-se e tornar-se ladrão ou guarda” (Benjamim, 1984).

Não proporcionar isso para a criança é privá-la de um momento único, cheio de fantasias, imaginações e significações, das quais somente ela terá o poder e o domínio de interferir e intermediar suas próprias ações e saberá qual é o caminho certo a seguir para que consiga chegar ao seu equilíbrio e ao seu pleno desenvolvimento. (MODESTO e ALCANTARA, 2015)

Borba (2006) apresenta algumas sugestões que asseguram nas práticas escolares que o brincar

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