ANÁLISE LITERÁRIA E TRADUÇÃO DA ELEGIA I, V DE OVÍDIO
Por: Evandro.2016 • 21/7/2018 • 2.309 Palavras (10 Páginas) • 370 Visualizações
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Ovídio em seus poemas escreveu sobre o amor, sedução exílio e mitologia, e estudou retórica em Roma, com grandes mestres, viajando para Atenas e Ásia exercendo funções públicas; foi exilado de Roma pelo imperador Augusto no ano de 8 d. C., até hoje não se sabe a causa para tamanha atitude. Morreu ainda em exílio, enquanto preparava sua última obra, Haliêutica.
Análise de Amores I, V
Nessa elegia, o encontro se dá em plena luz do dia, visto que esses encontros se davam apenas ao entardecer. Inicialmente dividimos o poema em quatro partes. Essa divisão irá nos nortear na análise. Dos versos 1-8, o eu-elegíaco fala sobre o tempo e o lugar; do 9-16, a aparição de Corina; do 17-24, ele descreve com detalhes a beleza corporal da amada; do 25-26, dar-se o desfecho do encontro. O cenário, ao qual o eu-elegíaco descreve, acontece em um ambiente com pouca luz, um quarto especificamente, compondo assim um ambiente de erotismo e sensualidade.
Aestus erat, mediamque dies exegerat horam.
adposui medio membra leuanda toro.
pars adaperta fuit, pars altera clausa fenestrae,
quale fere siluae lumen habere solent,
qualia sublucent fugiente crepuscula Phoebo 5
aut ubi nox abiit nec tamen orta dies.
illa uerecundis lux est praebenda puellis,
qua timidus latebras speret habere pudor.
Estava calor, e o dia passara metade da hora;
Pus os membros que haviam de ser aliviados no meio de cama.
Uma parte da janela foi aberta, a outra parte fechada;
Tal como a luz do bosque que quase costumam ter,
Tal como os crepúsculos que dão uma fraca claridade quando Febo foge 5
Ou quando a noite foi-se embora e nem, entretanto, nascido o dia.
Aquela é a luz que havia de apresentar-se as moças comedidas,
Por onde o tímido pudor receie obter refúgios.
No primeiro verso o eu-elegíaco nos deixa escapar que aquele encontro se deu ao meio-dia, ou algo próximo, (dies exegerat horam) e também cita o clima que naquele momento fazia grande calor (aestus erat). No segundo, sugere que o eu-elegíaco já estivesse na cama esperando a amada, pronto para ser aliviado (membra leuanda). Do terceiro ao oitavo verso, é feita uma descrição do lugar, um quarto, onde são descritos com detalhes o modo como estavam as janelas, uma parte aberta e outra fechada (pars adaperta fuit, pars altera clausa fenestrae), determinando um ambiente com pouca luz, que é propício a um encontro amoroso. Esse ambiente com pouca luz faz com que o poeta compare tal “luz” com as que os bosques costumam ter (siluae lumen habere solent), quando o dia ainda não nascera. E diz, que essa seria a “luz” que as jovens comedidas deveriam apresentar-se (praebenda puellis).
ecce, Corinna uenit tunica uelata recincta,
cândida diuidua colla tegente coma, 10
qualiter in thalamos formosa Semiramis isse
dicitur et multis Lais amata uiris.
deripui tunicam; nec multum rara nocebat,
pugnabat tunica sed tamen illa tegi;
quae, cum ita pugnaret tamquam quae uincere nollet, 15
uicta est non aegre proditione sua.
Eis que, chega Corina, coberta com uma túnica desatada,
Com os cabelos divididos cobrindo o colo alvo. 10
Assim como, dizem, a famosa Semíramis ter ido aos leitos nupciais
E Laís amada por muitos homens.
Arranquei a túnica; transparente, não prejudicava muito,
Entretanto, lutava contra mas por estar coberta com aquela túnica;
Assim, como quem lutasse, como se não quisesse vencer, 15
Sem dificuldade foi vencida por sua entrega.
No nono verso, Corina torna-se o foco do poema. Nesse verso, o eu-elegíaco descreve a entrada sensual da amada no quarto. Seu corpo está coberto por uma túnica desatada (tunica uelata recincta). No décimo verso, o poeta expõe a beleza de Corina começando pelo cabelo, que estar repartido e cobrindo o colo (diuidua colla tegente coma). Nos versos 11 e 12, o poeta compara a beleza de Corina à beleza de Semíramis e Laís, mulheres famosas na Antiguidade. Já nos versos 13 ao 16, o poeta em um ato desesperado arranca-lhe a túnica de Corina (deripui tunicam), que era transparente. Nesse jogo de sedução, Corina tentava se vestir novamente, mas em seu íntimo ela desejava não lutar, e por fim acabou se entregando.
ut stetit ante oculos posito uelamine nostros,
in toto nusquam corpore menda fuit:
quos umeros, quales uidi tetigique lacertos!
forma papillarum quam fuit apta premi! 20
quam castigato planus sub pectore uenter!
quantum et quale latus! quam iuuenale femur!
singula quid referam? nil non laudabile uidi,
et nudam pressi corpus ad usque meum.
Quando esteve de pé, com a vestimenta deposta, diante dos meus olhos,
No corpo inteiro nenhuma imperfeição havia.
Que ombros, que braços vi e toquei!
A forma dos seios quão apropriada foi ao apertar! 20
Quão ventre plano sob o peito contraído!
Quanto e quão o flanco! Que coxa juvenil!
Que
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