Os desafios da Comunicação como Ciência
Por: Juliana2017 • 19/12/2017 • 1.312 Palavras (6 Páginas) • 283 Visualizações
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“A arte, como um processo de produção simbólica, é um espaço rico para questionamentos acerca da comunicação e da cultura contemporânea. Daí podermos pensar as manifestações contemporâneas da arte como fenômeno cultural complexo, na medida em que indicam a possibilidade de interessantes experimentações nos processos comunicativos, como campo de circulação de valores e signos.”
Fernando Gonçalves afirma apoiado em teorias de Gilles Deleuze e Walter Benjamin que o processo comunicacional contemporâneo é forjado a partir de um primado midiático, definido como “midiacentrismo”, onde sofremos não com a falta de comunicação, mas com seu excesso (há uma profusão e rapidez da circulação de notícias). Na modernidade, acentuara-se o desvalor da comunicabilidade da experiência em favor apenas do seu registro, codificação e circulação, ou seja, a inteligibilidade do receptor, a sua decodificação, é impedida para que a comunicação produzida garanta a sua eficácia. Sendo assim, esses meios produzem certa forma de controle, o que caracteriza, portanto um poder sobre a vida e seus modos de manifestação.
A proposta da arte como meio de comunicação caracteriza então um trabalho de experimentação e desafio, pois consiste exatamente na apropriação e na ressignificação da comunicação, do discurso, do processo comunicacional. A utilização da arte ajudaria a produzir rupturas com as instâncias em que se articulam esses mecanismos de controle e a pensar os modos como o homem se relaciona hoje com a própria experiência da comunicação permitindo, portanto, criar usos diferenciados das mídias, ampliando suas possibilidades de intervenção cultural. Cita Deleuze:
“É justamente aí que se insere a arte. A arte, enquanto campo de produção simbólica é um espaço vital para o exercício desses questionamentos e dessas intervenções. [...] As aventuras a que a arte dá lugar possibilitam distintas formas de percepção e de intervenção na realidade, formas essas que poderão propiciar o surgimento dos elementos de “escape”, que constituam o que Deleuze chamou de “linhas de fuga”. Fugir aí, porém, não será sair do mundo, antes, será algo mais ativo: “fazer fugir”, criar brechas nas modelizações dominantes, nas cristalizações e codificações que caracterizam nossas sociedades, “fazer algo escapar, fazer um sistema vazar.” (DELEUZE, PARNET, 1998, p.49).
Contudo, salienta o autor que da mesma forma que se pode suspeitar dos primados midiáticos que regem os atuais processos comunicativos, também será necessário não conferir a arte tantas virtudes de antemão, e o desafio maior para a comunicação como ciência se encontra aí, pelo fato da arte ser uma experiência constituída socialmente, o que faz dela um complexo campo de forças que se articulam segundo distintas instâncias de cultura, em distintos momentos da história. Sendo assim, as relações existentes entre arte e comunicação exigem um importante espaço de investigação, pois os valores da cultura e o processo comunicacional serão criados, processados e rearranjados constantemente.
Conclusão:
Conclui-se com este trabalho que a comunicação, quando exprimida verbalmente torna-se um marco para as relações sociais humanas e que a mesma só é entendida como ciência quando se percebe que a existência da interação entre os seres, essa comunicação verbal entre eles, resulta de um processo comunicacional.
Definida como ciência social aplicada então, entende-se que a pesquisa científica da sua área abrange os diferentes meios de comunicação de massa e que esses são expostos na pesquisa do professor Fernando Gonçalves como grandes controladores do processo comunicacional, principalmente no que diz respeito à decodificação da mensagem pelo receptor. O professor sugere, portanto, que a arte possa ser entendida e utilizada como um novo meio de comunicação, pois esta devolve e permite ao receptor o uso da sua inteligibilidade, possibilitando a ele diversas interpretações acerca dos assuntos comunicados.
Observa-se aí um grande desafio à comunicação como ciência que é o de transformar a arte em um meio comunicacional. Sendo necessário para isso observação e cautela, por se tratar essa de um elemento constituído socialmente, o que permitirá variações tanto na codificação quanto na decodificação da notícia, porém o processo comunicacional ocorrerá de forma natural, e essa é a proposta do professor, que o receptor tenha liberdade para decodificar a mensagem de acordo com a sua inteligibilidade e que a arte possa ser um meio comunicacional de evasão as outras mídias que controlam cada vez mais esse processo.
Pesquisa de referência:
GONÇALVES, Fernando. Comunicação, cultura e arte contemporânea. Disponível em: http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_08/01FERNANDO.pdf
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