TDAH - DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO
Por: Juliana2017 • 20/6/2018 • 2.343 Palavras (10 Páginas) • 364 Visualizações
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A Associação Brasileira do Déficit de Atenção e Hiperatividade apresenta em seu website os sintomas para a identificação do TDAH e para posterior diagnóstico, bem como alguns fatores comportamentais, de gênero, cognitivos, neurológicos, genéticos, de faixa etária, de sofrimento fetal e de substâncias ingeridas na gravidez que podem estar correlacionados à patologia. A ABDA, apresenta o discurso biomédico articulado , constituindo sujeitos portadores do transtorno, que governam a si de acordo com o que é considerado correto e “verdadeiro”, utilizando materiais científicos que vão ao encontro do juízo de confirmação patológica.
O TDAH NA ESCOLA
As intervenções escolares não deveriam ter como foco apenas o desempenho escolar dos alunos. Estas se encontram defasadas, constituindo métodos de contenção. Os modelos de intervenção psicossociais normalmente apresentados indicam que as professoras deveriam ser orientadas para a necessidade de uma sala de aula bem estruturada e com poucos alunos, os quais devem receber o máximo possível de atendimento individualizado, e de uma rotina consistente e um ambiente escolar previsível, com o intuito de ajudar essas crianças a manterem seu controle emocional. Ainda nesta mesma lógica, estratégias de ensino que incorporem a atividade física ao processo de aprendizagem são pensadas como necessárias. Durante muito tempo, a atuação dos psicólogos nas escolas ocorria da mesma maneira que nos consultórios particulares: atendiam-se clinicamente os alunos encaminhados pelo corpo docente com queixas de agressividade, dificuldade de aprendizagem, distração, hiperatividade, entre outras. No entanto, atualmente, o psicólogo educacional procura fundamentar o seu fazer considerando que a escola está inserida em um contexto sócio-histórico, configurando-se como um produto da sua realidade social. Cabe ao profissional de psicologia compreender as relações intra e intersubjetivas que perpassam a escola e, assim, trabalhar juntamente com a equipe docente para uma ação mais abrangente (SOUZA; ROCHA, 2008).
CFP E A MEDICALIZAÇAO
O Concelho Federal de Psicologia discute a preocupação em relação a medicalização destacando o fato de uma crescente venda de medicamentos que tem gerado, inclusive, distorções no meio médico, pois muitos desses profissionais vêm recebendo “brindes” dos laboratórios pela quantidade de remédios de determinada marca que receitam a seus pacientes. A pressão dos laboratórios é tão evidente que, em 2010, o Conselho Federal de Medicina proibiu os médicos de receberem “vantagens materiais” por receitarem determinados medicamentos e voltou atrás em 2012, permitindo que fosse possível oferecer, em troca, uma viagem para Congresso por ano, financiada por determinado laboratório, justificando que é uma “tendência mundial”
Em função dessas preocupações, o Conselho Federal de Psicologia lança uma Campanha Nacional “Não à medicalização da Vida”. Com isso, chamamos atenção para as questões da Medicalização, processo que transforma questões de ordem social, política, cultural em “distúrbios”, “transtornos”, atribuindo ao indivíduo uma série de dificuldades que o inserem no campo das patologias, dos rótulos, das classificações psiquiátricas.
Atualmente, assistimos a uma multiplicidade de “diagnósticos” psicopatológicos e de terapêuticas que simplificam as determinações dos transtornos infantis e retornam a uma concepção reducionista das problemáticas psicopatológicas e de seus tratamentos.
Procedendo de maneira sumária, esquemática e carente de verdadeiro rigor científico se fazem diagnósticos e até se postulam novos quadros psicopatológicos a partir de observações e de agrupamentos arbitrários de riscos, baseados em antigas e confusas noções. É o caso da chamada síndrome de “Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade” (TDA/TDAH).
As expressões medicalização e patologização designam processos que transformam, artificialmente, questões não médicas em problemas médicos. Problemas de diferentes ordens são apresentados como “doenças”, “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam as grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Questões coletivas são tomadas como individuais; problemas sociais e políticos são tornados biológicos.
. A medicalização cumpre um papel de abortar questionamentos e movimentos por mudanças, o que, no limite, pode representar o extermínio de possibilidades de construção de um futuro diferente. É alarmante o número de crianças e adolescentes medicados por TDA/TDAH sem que se formulem perguntas sobre as dificuldades que apresentam os adultos para acolher, transmitir, educar e sobre o tipo de estimulação, valores e ambiente a que estão sujeitos essas crianças dentro e fora da escola. Ou seja, supõe-se que a criança é o único ator no processo de aprendizagem.
Nessa epidemia de diagnósticos, o mundo e a vida são olhados por prismas em que o que não se enquadra em rígidos padrões e normas é doença a ser tratada, medicada. Os diagnósticos apresentados como rótulos podem ser claramente nocivos para o desenvolvimento psíquico de uma criança, fazendo com que esta tenha um “transtorno” para a vida toda. Deste modo se marca a história de uma criança ou de um adolescente e se nega o futuro. No entanto, o ser humano é efeito de uma história e de um contexto, impossível de ser pensado de forma isolada: temos que pensar também em que situações, em que momento e com quem se dá este funcionamento.
A família, fundamentalmente, mas também, a escola são instituições que incidem nesta constituição. Instituições marcadas, por sua vez, pela sociedade a qual pertencem. Os seres humanos são sujeitos ‘datados e situados’; trazem em seus corpos e mentes marcas de seu tempo, das esferas sociais, geográficas, históricas, políticas, culturais e afetivas em que se inscrevem. Sujeitos históricos e culturais constituem sua subjetividade em processos complexos e sofisticados em que, ao constituírem sua linguagem e seus saberes, são por eles constituídos. Assumir essa concepção de ser humano, de sujeito, implica assumir que os modos de ser, agir, reagir, afetar e ser afetado, de aprender e de lidar com o aprendido, de se relacionar com os demais, são socialmente produzidos.
A cada dia nos defrontamos com crianças e adolescentes vítimas de violência, acompanhados por médicos - pediatras, neurologistas e psiquiatras – psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, com etiquetas de transtornos
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