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A Psicologia e Religião

Por:   •  8/10/2018  •  1.545 Palavras (7 Páginas)  •  249 Visualizações

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A situação só melhorou um pouco em 1889, na Proclamação da República, fator decisivo para a mudança de tratamento pelo Estado com relação à questão religiosa. O Decreto nº 119-A de 07 de janeiro de 1890 redigido por Rui Barbosa transformou o sistema de relação entre Religião e Estado. O Brasil deixou de ser um Estado confessional para ser um Estado laico antes mesmo da primeira Constituição Republicana.

O tal decreto proibiu a intervenção da autoridade federal e dos Estados em questões religiosas, proporcionando a plena liberdade de cultos e extinguindo o padroado, além de tomar outras providências com relação ao tema. Foi considerado, de fato, um marco na história do Brasil, porque pela primeira vez em quase quatrocentos anos de história a partir da “descoberta” pelos colonizadores portugueses, o Estado brasileiro se via separado de uma religião oficial e permitia ao povo a liberdade de crença e de culto.

Tendo conhecimento sobre o básico do contexto que estabeleceu uma ligação tão intima entre a religião e o Zeitgeist, pode-se partir para o ponto central da questão aqui abordada: A relação entre Psicologia e Religião.

Faz menos de um século que a profissão de Psicólogo teve sua regulamentação no Brasil. Esta trajetória teve início a partir da reforma de Benjamin Constant no ano de 1890 que introduz noções de Psicologia para as disciplinas de Pedagogia na grade curricular das Escolas Normais (Soares, 2010). Tendo em vista que essa área envolve diretamente o mundo social, pessoal e psíquico de cada individuo que compõe uma sociedade, é certo afirmar que as questões que envolvem crenças acompanham todos os aspectos que servem como estimulo para o comportamento individual. A partir do momento em que o psicólogo se envolve com pesquisas, atendimentos e teorias, ele está exposto ao universo particular e coletivo da sociedade, podendo sempre se deparar com questões que devem ser estudadas com cautela e precisão.

Enquanto a religião interliga o homem e a entidade à qual ela defende, a Psicologia tem o papel de compreender o homem em sua totalidade e auxilia-lo a viver em harmonia, equilíbrio e de forma saudável (SANTOS, 2013). Os fatores que interligam ambos são inúmeros e complexos, já que envolvem teorias e fatos sociais que conflituam entre si.

Freud, afirmava que a religião é uma criação do psiquismo, uma ilusão dispensável que afasta o ser humano da realidade, surgida a partir da necessidade de defesa contra as forças da natureza. O pensamento freudiano tem suas raízes em outros filósofos como o próprio Karl Marx que, dentre outros, também afirmou que a religião é o ópio do povo. Para Marx a religião desresponsabiliza os homens pelas consequências de seus atos. Frankl, por outro lado, dizia que ainda que o cientista encontre verdades a respeito de uma realidade humana, jamais poderá afirmar que esta verdade resume toda a completude do ser humano. Frankl desenvolve o conceito da “ontologia dimensional”: Um fundamento sobre o qual o ser humano deve ser compreendido sempre como um ser tridimensional, ou seja, de bases biológica, psicológica e espiritual (SANTOS, 2013)

Levando em consideração a opinião de Marx e Freud, é fácil observar que muitas vezes as pessoas abrem mão das suas responsabilidades e usam a famosa justificativa de que “Deus quis assim”, abrindo mão do seu autocontrole também quando culpam alguma entidade demoníaca por “tentar” e tornar fácil pecar, ou seja, cometer erros muitas vezes desnecessários. É importante lembrar que, como foi visto anteriormente, todo o histórico cultural que envolve a religião criou laços culturais fortes entre as pessoas e a religião. Freud e Marx foram assertivos nesse aspecto.

Porém Frankl também merece seus créditos. Ao estudar o que se torna essencial diante de uma situação limite, ele abre espaço para a reflexão sobre o que pode e deve ser feito diante de situações que testam a capacidade física e mental humana. São essas as situações sobre as quais não se tem nenhum poder para mudar a realidade em que se vive, seja diante de uma doença incurável, seja diante de um sofrimento inevitável ou ainda diante das atitudes de outras pessoas ao seu redor. São nestes momentos que o poder da espiritualidade se manifesta e são em momentos assim que a fé pode se manifestar.

“A vida humana é muito mais do que as ciências e a política podem compreender. Desta forma, a religião é uma janela aberta para o algo mais, para aquilo que transcende. A religião indica um alvo ao qual o ser humano busca se direcionar, ela nivela o ser humano por cima, desafia o espírito humano ao vôo livre, ao encontro dos limites. O pensamento determinista leva ao niilismo, a total falta de sentido, aos vícios, à criminalidade, à violência, ao vandalismo, à morte!”

SANTOS, Elisson. Onde religião e psicologia se encontram. Julho, 2013. Disponível em: http://pt.aleteia.org/2013/07/27/onde-religiao-e-psicologia-se-encontram/

É papel do psicólogo observar essas fatores tão importantes e estabelecer limites que impedem o determinismo opinativo de tomar conta de aspectos especulativos que podem abrir novas portas. Observar, num paciente, quando a religião se torna importante, quando a fé se torna saudável e quando o espiritualismo se torna uma fuga para uma realidade que o individuo não quer enfrentar.

REFERÊNCIAS

BARK,

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