A Psicologia da Saúde
Por: Rodrigo.Claudino • 28/10/2018 • 1.828 Palavras (8 Páginas) • 326 Visualizações
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Por fim, o autor consegue dar conta dos temas que propôs abordar no início do capítulo, entretanto, como dito acima, é necessário ter em mente que o contexto em que o texto foi escrito é consideravelmente diferente do que vivenciamos em nosso país, o que faz com que muitas das questões mais práticas acerca da atuação do profissional da psicologia da saúde colocadas ao longo do capítulo se apliquem de forma diferente aqui, merecendo um olhar atento e crítico.
O segundo texto trata-se do capítulo intitulado “Abrangência e níveis de aplicação da Psicologia da Saúde”, das autoras Railda Fernandes Alves e Maria do Carmo Eulálio, tem como objetivo mostrar a importância das ações dos psicólogos no nível da promoção de saúde e, principalmente, a intervenção do psicólogo na prevenção de doenças no âmbito da saúde pública/coletiva, já que é o tipo de intervenção psicológica menos desenvolvida e conhecida. A nível de didática, as autoras vinculam cada intervenção a seu nível de atenção de saúde, destacando as possibilidades, onde e quando fazer a prevenção, visto que há, por parte dos profissionais, uma dificuldade em adequar cada ação a seu nível de pertinência.
As autoras ressaltam que ainda há dúvidas quanto à compreensão dos conceitos de promoção de saúde e prevenção de doenças. Segundo Godoy (1999, apud ALVES e EULÁLIO, 2011), promoção de saúde são as atuações voltadas à proteção, manutenção e aumento da saúde dos indivíduos, grupos ou comunidades. Já sobre a prevenção, Costa e López (1986, apud ALVES e EULÁLIO, 2011), argumentam que esta pretende contribuir com a diminuição da incidência de enfermidades, a diminuição da prevalência, mediante o encurtamento do período de duração da doença ou a diminuição das sequelas e complicações da doença. Ainda há falta de consenso nos meios acadêmicos, em relação à existência de uma hierarquia entre elas, na perspectiva das autoras colocam a promoção da saúde uma intervenção anterior à prevenção de doenças. Assim, as intervenções do psicólogo devem se voltar primeiro para a promoção de saúde e depois para a prevenção de doenças nos diversos níveis de atenção de saúde.
Sendo um dos objetivos do capítulo o de compreender em que nível de atenção se coloca as ações a serem desenvolvidas pelos psicólogos, podemos pensar as ações que visam à diminuição da incidência das enfermidades como prevenção primária; as que visam diminuição da prevalência como prevenção secundária; e a diminuição de sequelas e complicações das enfermidades prevenção terciária (ALVES; ALVES et al. apud ALVES e EULÁLIO, 2011). Em seguida, as autoras falam sobre a prevenção e a intervenção situadas em cada nível de atenção, para depois colocar atividades que possam ser desenvolvidas dentro deles.
A prevenção primária está diretamente relacionada e condicionada à promoção da saúde, tendo como característica central a atuação nos problemas epidemiológicos da população, investindo na construção de estilos de vida saudáveis e na evitação de comportamentos de riscos, ou seja, se trabalha com as possibilidades de que possa aparecer uma enfermidade. Já a intervenção primária pode ser explicada como uma intervenção direta sobre uma queixa detectada em um indivíduo ou em um coletivo social, é a primeira ação de saúde diante a presença de um problema realizada de forma interdisciplinar e multiprofissional.
A prevenção secundária faz-se nos ambulatórios e centros de especialidades, acompanhando o paciente e ajudando-o durante o tratamento, seja físico ou psicológico, com o objetivo de prevenir o agravamento da doença. Neste nível, um dos problemas mais difíceis é a falta de seguimento ou a não adesão às prescrições de saúde, por parte dos pacientes, quanto mais complexas são as demandas, mais difícil é seu cumprimento. Sendo assim, os psicólogos da saúde devem conhecer bem as características associadas à falta de adesão a determinados tratamentos para facilitar a formulação de programas preventivos. Outro problema é que a intervenção do psicólogo é ainda um último recurso utilizado quando a equipe de saúde já saturou todas as suas possibilidades. Já na intervenção secundária as assistências especializadas são a principal intervenção, atendendo aos usuários com tratamentos mais específicos. A intervenção secundária é o campo mais conhecido e desenvolvido da psicologia, que possui um fundamento teórico/prático bem sedimentado na clínica, onde pode ser utilizada técnicas mais tradicionais como a psicoterapia.
A prevenção de terceiro nível presta assistência aos problemas de alta complexidade derivados dos outros níveis de atenção anteriores e com as pesquisas em saúde, geralmente feita nos hospitais ou nos centros de especialidades, inclui pacientes em tratamento clínico, cirúrgico, quimioterápico e radioterápico. A intervenção de terceiro nível, no âmbito da psicologia da saúde, tem na pesquisa uma de suas mais importantes atividades, investigando os fatores biopsicossociais que influenciam na etiologia dos problemas de saúde.
Tendo em vista tudo o que foi supracitado, pela ótica das autoras, pode-se pensar que uma boa atuação dos psicólogos em saúde pública e coletiva deve considerar as possibilidades de intervenção nos diversos níveis de atenção de saúde, adequando cada ação em seu nível apropriado. A prevenção de enfermidades deve ser encarada de forma ampla, feita nos diversos níveis de assistência de saúde e não somente nos primários. A intervenção de psicólogos está se abrindo para novos campos de saúde, como no caso da prevenção de doenças, exigindo um preparo maior destes profissionais.
Ao fim do texto, podemos perceber que todos os pontos elegidos como objetivos do capítulo foram abordados com competência, de forma didática e coesa, demonstrando a importância das ações dos psicólogos no nível da promoção de saúde, explicando a importância da intervenção do psicólogo na prevenção de doenças e exemplificando, através de uma lista de atividades, algumas possibilidades de atuação do psicólogo nos três níveis de assistência de saúde.
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