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A Inclusão e seus impasses: como as escolas estão experimentando esse processo?

Por:   •  15/11/2018  •  7.723 Palavras (31 Páginas)  •  358 Visualizações

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Foi realizada a técnica de entrevista por pauta (roteiro em anexo) com uma pedagoga que leciona o 2º ano do ensino fundamental e com a diretora da escola, que segundo BRITTO JÚNIOR; FERES JÚNIOR (2011) se caracteriza por “certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si.”.

Resultados e Discussão

A inclusão escolar de pessoas com deficiência é um tema bastante discutido, tendo em vista as diversas questões levantadas que incluem desde as adaptações arquitetônicas necessárias até a reflexão sobre as modalidades de ensino utilizadas pelos profissionais escolares em questões de aprendizagem e adequação. Segundo Mantoan, Santos e Figueiredo (2003, Pág 04),

“A inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Ela questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de perfis específicos de alunos e a seleção dos eleitos para frequentar as escolas, produzindo, com isso, identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão.”

Nos dados coletados durante as entrevistas, questões estruturais da escola e modelos educacionais de ensino são mencionados na fala da gestora e da professora, na qual elas relatam que os profissionais precisam rever a didática de aula, apresentando estímulos que contribuirão com o desenvolvimento do indivíduo, adaptando o material escolar, respeitando a singularidade de cada aluno e considerando as suas limitações, tornando, assim, a inclusão um processo que beneficia a todos os que se envolvem nele.

De acordo com Sanches e Teodoro (2006) existe uma grande diferença entre os conceitos de integração e inclusão. O primeiro tem um caráter de segregação, no qual o indivíduo com problemas é o único responsável por este e assim a adequação teria que partir do aluno à escola. O segundo refere-se ao conceito de igualdade, trazendo um novo olhar sob os indivíduos, levando em conta a diversidade humana, em que todos os alunos têm o direito à convivência social, independente das dificuldades e das diferenças, em que a escola tem que se adaptar aos alunos com deficiência, oferecendo meios que eliminem barreiras ao seu desenvolvimento.

“O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e, portanto, possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua escolarização.” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994).

A diretora articula alguns desses desafios cotidianos, em que o processo de aprendizagem é eficaz quando há a participação da família no desenvolvimento escolar do educando e nem sempre se pode contar com esse apoio. Foi ressaltado pela professora que há uma resistência por parte de alguns pais das particularidades e das limitações de seus respectivos filhos, que acarreta diversos prejuízos para o desenvolvimento tanto educacional, quanto social para estas crianças, que carregam consigo a nomenclatura segmentadora de “crianças especiais”.

No que diz respeito às políticas públicas de educação inclusiva, pode-se apreender que ao longo das décadas foram se estabelecendo medidas e leis que garantem às pessoas com deficiência o direito à educação, à inclusão social e à cidadania. O atendimento a pessoas com deficiência no Brasil teve início no período Imperial, em que instituições especializadas eram encarregadas de dar conta de questões educacionais dos mais diversos tipos. No entanto, percebe-se que as leis criadas até a década de 70, que diziam respeito à educação especial, eram configuradas em um assistencialismo que segregava pessoas deficientes em organizações especializadas, tendo como justificativa o reconhecimento da incapacidade do sistema de ensino regular em atender as demandas trazidas por esses sujeitos no âmbito escolar. é ressaltado que a Declaração de Salamanca(1994) e a Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) possibilitaram uma abertura para problematizações da inclusão/exclusão escolar e das práticas e necessidades educativas especiais. A partir dessas questões, a Lei N° 13.146 regulamenta que o acesso ao ensino regular é um direito de todos e que, segundo o artigo 27,

“A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.” (BRASIL, Pág. 01, 2015).

Segundo Mantoan (2003) os professores alegam não estarem preparados para lidarem com as demandas trazidas da questão inclusiva. Porém, é percebido que apenas um curso não vai resolver esta problemática, pois não existem respostas prontas, mas sim a construção em sala de aula, no dia a dia, professor-aluno. Cavalli e Domingues (2006) pontuam que quando o profissional do ensino se depara com os dilemas cotidianos das pessoas com deficiência e aquele não tem capacitação nem conhecimento que permita uma intervenção efetiva surgem vários sentimentos como raiva, impotência, desespero e angústia. Esses sentimentos fazem com que os educadores criem certa resistência ao entrar em contato com esses indivíduos expressando-se através de nomenclaturas estigmatizadoras que trazem consequências prejudiciais e influenciam na construção da singularidade e da identidade desse sujeito.

É enfatizada pelas entrevistadas a importância da presença de um diagnóstico na intervenção prática do profissional da escola para que a intervenção tenha um direcionamento eficaz. A colaboração entre os pais e a escola, aliado a um diagnóstico específico e um

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