Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

O Desafio profissional

Por:   •  17/2/2018  •  1.923 Palavras (8 Páginas)  •  231 Visualizações

Página 1 de 8

...

É impossível falar da profissão docente sem lembrar o forte processo de desvalorização que repercutiu no salario do professor e que se inicia nos anos do governo militar e se da paralelamente com a democratização do ensino publico. No Brasil inegavelmente a luta sindical do magistério tem seu grande momento no final dos anos 70. É o processo de democratização do Brasil que se inicia no Rio de janeiro a partir do SINCRO (Sindicato dos Professores Particulares) que vão inspirar o nascimento do SEPE (Sindicato dos Professores Públicos).

3. Percepções Sobre a Profissionalização Docente Através dos Professores

A partir das pesquisas feitas com três professores podemos constatar que os profissionais docentes não tinham intenção inicial de cursar licenciatura, onde pode ser visto pelo depoimento da P1, P2 e P3 quando lhe perguntado sobre seu desejo quando iniciou o curso de licenciatura, as repostas foram: P1 – Veterinária, P2 – advogada e P3 – Advogada. Mas no entanto ambas atualmente optariam por este curso. Haja visto que através de suas experiências em sala vão se apropriando das vivências:

[...] práticas intelectuais, de valores éticos e das normas que regem o cotidiano educativo e as relações no interior e no exterior do corpo docente. Nesse processo, vão construindo seu “ser profissional”, na adesão a um projeto histórico de escolarização. (FONTANA, 2000, p.48)

Segundo relatos das pesquisadas P1, P2, P3 o contexto histórico da época em que se encontravam as professoras, o curso de licenciatura era respeitado e muito bem visto por proporcionar um salario fixo com pouca carga horaria e com uma mensalidade baixa. Como pode se ver a seguir: P1 – “[...] era um curso que os meus pais podiam pagar, além de ser respeitada e com uma carga horaria que podia encaixar outros trabalhos.”; P2 – “[...] Sempre gostei dessa área, era um curso fascinante.”; P3 – “[...] era um curso respeitado que poderia me proporcionar estabilidade financeira.”.

Essas professoras esperavam deste curso reconhecimento, estabilidade e um bom salario, podemos confirmar isso através dos relatos de P1 e P2 respectivamente: Trabalhar e ganhar salario mínimo. Eu paguei minha faculdade, queria ter estabilidade e ganhar mais.; reconhecimento e respeito.

Como principais mudanças que ocorreram ao longo do tempo na condição de docente pode-se concluir que não houve mudanças significativas segundo elas: P1 – “[...] não vi grandes mudanças, ou nenhuma.”; P2 – “[...] os professores deixaram de ter importância na sociedade.”.

Sobre as dificuldades que enfrentam no exercício de sua profissão, elas relatam: P1 – “[...] o maior desafio ainda é ensinar aquele aluno que não quer aprender, também é desafiante sobreviver com tamanha desvalorização profissional e salarial.”; P2 – “[...] a indisciplina e a falta de vontade de aprender, são questões que aumentam ano após ano.”; P3 – “[...] a responsabilidade que as famílias passam de educar delas para o professor.”.

Conforme a percepção dessa docente P3, vem ao encontro do que já foi colocado em destaque por Scheibe (2002), quando diz que o professor é sempre visto como a tábua de salvação. Lamentável que a educação atenda prioritariamente aos interesses políticos, sendo vista sempre como a salvadora da pátria, mas não se valorizando o profissional, pois, faltam investimentos, planos de cargo e salários definidos e concretizados.

A importância da profissão do docente no contexto atual é visto como essencial mas que não tem tido o reconhecimento como tal, como pode se ver nos relatos: P1 – “[...] deveria ser muito importante para a maioria das pessoas mas não é. Formamos todas as profissões e ganhamos menos, é muito injusto.”; P2 – “[...] sem professor não haveria outras profissões, para tanto deveria ser a profissão mais importante.”; P3 – “[...] Sem a educação não podemos ir a lugar nenhum e é através dos professores que ensinam, que transmitem conhecimento é que outras vão aprender e seguir em frente.”;

A análise dos relatos acima confirma o que diz Esteves (1999, p.104), “o julgamento social dos professores tem vindo a generalizar-se [...]”. Esse julgamento parte da sociedade como um todo. “A falta de apoio e de reconhecimento social do seu trabalho é cada vez mais evidente” (p.104).

Percebeu-se também que a quantidade de docentes feminina é dominante e foi assim também em épocas anteriores como a das interlocutoras: P1 – “[...] a proporção de mulheres para homens era muito grande em relação a mulheres, na minha turma tinha sete mulheres para cada homem.”; P2 – “[...] tinha mais mulheres que homens.” e P3 – “[...] na minha sala havia apenas um homem e tinha 24 alunos.”.

A prática docente vem sendo fortalecida como sendo feminino voltado à vocação, afetividade, estudo, qualificação, provisoriedade, autonomia, paixão, disponibilidade, amizade, criatividade, sacrifício, conquista, luta, etc.

A atualidade foi compartilhada pela sociedade contemporânea, ou seja, o projeto burguês para a mulher permanece. Assim, Rosemberg (1982, p.10) comenta sobre a crescente escolarização da mulher nos últimos anos, mas, paradoxalmente, observa que:

[...] apesar da expansão da sua escolaridade, as mulheres e os homens continuam seguindo carreiras diferentes. De uma forma constante através dos anos e de uma forma sistemática na história individual dos estudantes, as mulheres tendem a seguir cursos impregnados de conteúdos humanísticos e que desembocam, imediata ou posteriormente, em profissões tipicamente femininas, entre elas o magistério. Desta maneira, as mulheres passaram a ser predominantes em sala de aula.

A docência passa então a ser associado a características “tipicamente femininas” como: paciência, afetividade e doação.

4. Considerações Finais

Atualmente o Brasil conta com dois milhões e seiscentos mil professores que atuam na educação básica de acordo com o Estudo de professores do Brasil: impasses e desafios divulgado pela UNESCO. Através da pesquisa podemos constatar que 83,1% das vagas do magistério são ocupadas por mulheres e que os profissionais que estão na sala de aula têm em média 14 anos de estudo. São dois milhões e seiscentos mil docentes que nesse século XXI estão diante de grandes desafios.

Se no passado tranquilo que o aluno iria para escola aprender o conhecimento, hoje a gente já não tem tanta certeza disso, porque ele vai aprender

...

Baixar como  txt (12.8 Kb)   pdf (57.6 Kb)   docx (17.3 Kb)  
Continuar por mais 7 páginas »
Disponível apenas no Essays.club