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O Ensino de ciências envolvendo práticas lúdicas

Por:   •  27/8/2018  •  2.668 Palavras (11 Páginas)  •  299 Visualizações

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Barab e Luehmann (2003) destacam que o ensino de ciências que ocorre geralmente nas escolas é dirigido para formar futuros cientistas ou apenas para a obtenção da aprovação em testes e provas, enquanto que o ensino de ciências sob estas novas perspectivas permite ao aluno compreender profundamente o mundo em que vive. Desta forma, propõe-se aos educadores de ciência a inclusão nas atividades escolares de modelos participativos, onde os alunos estejam engajados de forma colaborativa no processo de investigação científica. Em concordância com esse novo modelo, a Ciência nas escolas de ensino fundamental deveria fazer parte da busca humana de compreensão do mundo, ao oferecer uma maneira de conhecer e fazer, que oriente os estudantes no percurso desse processo. De uma perspectiva pedagógica, esta mudança de abordagem envolve estratégias de ensino e currículos que incorporam o conteúdo em contextos ricos em investigação, através dos quais os alunos venham a apreciar tanto os conteúdos a serem apreendidos quanto as situações em que tenham valor (BARAB e LUEHMANN, 2003).

Quando os docentes focalizam no desenvolvimento de habilidades básicas entre as quais a compreensão e análise de dados empíricos, a solução de problemas e a tomada de decisões, é favorecida a autonomia do aluno em seu processo de aprendizagem. Conforme vários autores já descreveram, como Perkins (1998) e Wiske (1998), o desenvolvimento da autonomia é uma forma de favorecer o protagonismo do aluno. Por autonomia entende-se a adoção de novas posturas cooperativas, responsáveis e ativas no momento de aprender que podem ser favorecidas pelo modelo de aprendizagem participativa. Se houve algum grau de autonomia no processo educativo, o aluno será capaz de reconhecer elementos da aprendizagem vivenciada através da participação no projeto.

1.2 Temáticas transversais no ensino de Ciências

Levando em consideração esse modelo de ensino em que a escola deve propiciar uma educação que torne o aluno autônomo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) defendem que as crianças devem ser educadas para a cidadania, devendo ser oferecido a elas recursos que permitam obter não apenas domínio do saber tradicionalmente presentes no trabalho escolar, mas também, as preocupações contemporâneas com o meio ambiente, com a saúde, com a sexualidade e com as questões éticas relativas à igualdade de direitos, à dignidade do ser humano e à solidariedade, temáticas estas que devem ser trabalhadas como Temas Transversais (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998).

Devido a sua natureza social, a problemática dos Temas Transversais atravessa os diferentes campos do conhecimento, por isso devem ser incorporadas no ensino não como novas áreas ou disciplinas, devem, no entanto, estar presentes em todas elas, relacionando-as às questões da atualidade, fazendo com os alunos reflitam e debatam em conjunto com os conteúdos da própria disciplina (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998).

FERREIRA; KRÜGER (2009) destaca que essa alternativa proposta pelos PCN’s dar destaque a estes assuntos ao inseri-los como Temas Transversais, enfatizando a importância de discutir-se e ampliar-se o entendimento de aspectos como “saúde”, “meio ambiente”, “consumo” e “tecnologia”, que não estavam contemplados nos conteúdos escolares.

Segundo Almeida (2006), os Temas Transversais dão sentido social aos conteúdos conceituais e procedimentais das disciplinas escolares, superando, assim, o aprender apenas pela necessidade informativa, dicotomizada da realidade e do cotidiano dos alunos.

Assim como é recomendado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, o ensino de Ciências deve ser utilizado como ferramenta para formação de cidadãos, propiciando o desenvolvimento de competências que envolvam temáticas sociais, permitindo ao aluno lidar com as informações, compreendê-las, elaborá-las e contestá-las, quando for o caso, compreendendo a natureza e a sociedade como uma rede de relações da qual ele faz parte, interage, depende e interfere. (ALMEIDA, 2006; LANES et al., 2014).

Apesar da orientação fornecida de que os temas transversais devem ser trabalhados por diferentes disciplinas, é sugerido que temas como saúde, sexualidade, meio ambiente e consumo sejam abordados na área de Ciências, devido a relação com os conteúdos próprios da área, os quais podem ser ampliados, relacionando-os com essas questões sociais (BRASIL, 1998; FERREIRA; KRÜGER, 2009)

Percebe-se que algumas dificuldades no Ensino das Ciências é consequência da forma com que as disciplinas são apresentadas e dispostas aos alunos, dando a impressão de eles são obrigados a ver o mundo com os olhos de cientistas e não como cidadãos em busca de novos conhecimentos em benefício da melhoria da qualidade de vida (LANES et al., 2014). Dessa forma, a abordagem de temas transversais de modo dinâmico como sugerido nos PCN’s, além de contribuir para a formação social dos alunos, pode despertar um maior interesse pelas atividades educacionais desenvolvidas nas escolas.

Existem muitos fatores relacionados ao ensino de Ciências que interferem no aprendizado dos alunos, alguns autores apontam que a carga horária semanal da disciplina de ciências é reduzida (ALMEIDA, 2006; REGINALDO; SHEID; GÜLLICH, 2012), outros descrevem que a metodologia utilizada pelos professores de ciências é inadequada (PIUS; ROSA; PRIMON, 2008).

De certa forma a quantidade de aulas semanais da disciplina pode ser um fator limitante do processo ensino-aprendizagem, devido ao tempo de aula ser insuficiente para obter um conhecimento mais aprofundado dos conteúdos do currículo, além de impossibilitar a abordagem de temas relacionados a questões sociais. Por outro lado, a metodologia utilizada pelo docente contribui bastante para o aprendizado dos alunos, pois quanto maior a quantidade e qualidade dos recursos utilizados nas aulas, melhor será a absorção de conhecimento pelo alunado.

Tendo em vista esses fatores que interferem no processo ensino-aprendizagem e a dificuldade que alguns alunos do ensino fundamental apresentam para entender e aprender determinados assuntos de Ciências e relacioná-los com seu dia-a-dia, resolvemos procurar compreender e buscar uma solução para melhorar esse problema.

Muitas vezes a forma como alguns assuntos são administrados pode dificultar a aprendizagem dos alunos. Uma forma mais dinâmica e divertida pode ajudar a facilitar essa situação (ZANON; FREITAS, 2007). Atualmente, além da necessidade de o ensino de Ciências fazer sentido para os alunos, também é preciso que este ensino ajude os a tomar decisões individuais e coletivas,

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