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MÚSICA COMO FIO ATIVO NA TRAMA ENSINO APRENDIZAGEM

Por:   •  29/8/2017  •  3.462 Palavras (14 Páginas)  •  684 Visualizações

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2006): “uma reunião de sons que deve ser percebida como não sendo o resultado do acaso”.Começaram a participar do universo sonoro sons corporais, batidas no corpo do instrumento, ruídos sem uma afinação definida, enfim uma gama de sons antes não considerados musicais.

A forma de ver a música vai se alterando com o passar do tempo e, antes vista sempre associada ao uso de um instrumento convencional, excluindo a população que não tinha acesso a ele, vai sendo trazida para o coletivo.

Rousseau é o primeiro pensador da educação a apresentar um esquema educacional especialmente voltado para a educação musical. Para ele as canções devem ser simples tendo a flexibilidade, a sonoridade e igualdade às vozes asseguradas entre seus objetivos. (FONTERRADA, 2003 p.51).

A partir daí surgem outros pensadores que também aprovam a utilização da música na escola. Esses pensadores tratavam a música como elemento básico para um bom desenvolvimento da criança, tendo um olhar de que a música deve ser prazerosa no cotidiano e não como ciência, mas complemento da expressão de sentimentos.

No sec. XX surgem novos métodos pedagógicos visando o desenvolvimento infantil, trazendo a prioridade do “aprender através da ação”, ou seja, através da vivência, da prática educativa. Comprometidos com o ensino da música, alguns músicos apresentaram métodos e propostas que, por infiltrarem-se no Brasil nos são mais significativas: estes são os chamados métodos ativos.

Émile Jacques Dalcroze (1865-1950), professor de música em Genebra, propôs um trabalho sistemático de educação musical baseado no movimento corporal e na habilidade da escuta. Segundo Fonterrada (2003 p.115) Dalcroze diz que, para que o processo de aprendizado aconteça o organismo todo precisa ser envolvido, e através do corpo e da voz, podemos experimentar, descobrir, explorar, aprender e depois analisar, ou seja construir o conhecimento na vivência e só então estruturarmos no cognitivo. Este princípio forma a base da teoria de Dalcroze, onde cada exercício é iniciado pelo estímulo sensorial e com isso desencadeia uma reação física e mental imediata do aluno.

Outro educador citado por Fonterrada (2003) foi Carl Orff (1895-1982), cujos princípios que embasavam sua teoria eram a integração de linguagens artísticas, o ensino baseado no ritmo, no movimento e na improvisação; fundou em parceria com Dorothea Gunter, a Gunter Schule, em que ambos davam aulas de música e dança a professores de educação física. Tempos depois, refletindo , acreditou que esse trabalho desenvolvido junto a crianças pequenas seria mais efetivo. Construiu instrumentos de percussão desenvolvidos de tal modo que mesmo crianças pequenas e inexperientes podem participar do conjunto de maneira eficaz e motivadora.

Mais um método ativo, cuja ênfase era o canto em grupo e o material utilizado, as canções folclóricas e nacionalistas foi proposto por Zoltán Kodály (1882-1967). Nasceu na Hungria e a ideia era resgatar a identidade de seu povo a partir das bases da música folclórica tendo por objetivo na educação musical ensinar o espírito do canto a todas as pessoas, implantando nas escolas um programa de alfabetização musical, trazendo a música para o cotidiano, para os lares, nas atividades de lazer, de modo a formar público para a música de concerto. Acreditava que a prática musical proporcionaria o enriquecimento da vida, valorizando os aspectos criativos e humanos.

Não obstante as diferenças entre as propostas, estas têm por afinidade trabalhar a percepção, o ritmo, o movimento e o canto descartando a aproximação da criança com a música como procedimento técnico ou teórico.

O ritmo, segundo o Dicionário Aurélio, é definido como sendo um movimento ou ruído que se repete, no tempo, a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos.

Nicole Jeandot, no seu livro Explorando o mundo da música, diz que:

O ritmo está presente no mundo inorgânico e também na vida. Indica uma espécie de ordenação, ainda que aleatória, do universo [...] O ritmo vital é marcado por tensões e relaxamentos energéticos sucessivos, condicionados no dia- a- dia por nossa movimentação e por nosso ritmo fisiológico. Essa noção rítmica instintiva, a que se mesclam elementos sensoriais e afetivos, constitui a base de nosso senso de equilíbrio e harmonia, essencial para que nos situemos no mundo e percebamos seus limites e contornos. (JEANDOT, 1997, p. 25).

Continuando, baseada em uma fala de Wagner de que a música “é a linguagem do coração humano”, Jeandot (1997) diz que a música assim conceituada, leva à ideia de ritmo que sendo um princípio fundamental da música, é também o elemento básico das manifestações da vida.

Quanto à fala e à música, tantas são as características semelhantes, que quase se confundem segundo alguns estudiosos. Ferreira Martins (2002), afirma que “como arte de combinação dos sons, a música data praticamente da mesma época que o ser humano, posto que o próprio ato comunicativo verbal é uma sequencia de combinações sonoras e, portanto, em certa medida, poderia ser considerada música.”

Fonterrada (2005), em seu livro De tramas e fios, coloca que “a comunicação não se afasta do entendimento da mensagem artística no que se refere aos processos de transmissão da mensagem, porque ambos apresentam características semelhantes”.

Já o ritmo e a escrita, foram profundamente explorados por Bulla em sua dissertação de mestrado: Ritmo e escrita em L’innommable, Comment c’est e Compagnie de Samuel Beckett.

No decorrer do século XX, no desenrolar da modernidade, aparece uma literatura preocupada em mostrar uma escrita mais próxima da fala e do seu ritmo e em trazer maiores reflexões sobre o processo da arte de escrever. (BULLA, 2012, p. 22).

A autora faz metáforas entre a música e o discurso oral e escrito dizendo que para ouvirmos determinada melodia e seu ritmo, as notas musicais devem estar dispostas dentro de certa ordem e o mesmo ocorre com os discursos em geral. Para ocorrer comunicação, deve haver o emissor de uma mensagem, cuja mensagem será decodificada por um receptor. Esse receptor despenderá esforços para a interpretação da mensagem fazendo uso de tudo que estiver ao seu alcance: seja de elementos visuais ou sonoros. Os sinais de pontuação geralmente estão ligados ao campo

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