A importância da história da ciência no ensino científico
Por: Hugo.bassi • 24/6/2018 • 3.286 Palavras (14 Páginas) • 398 Visualizações
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Os cientistas biomédicos possuem uma comunidade ligada a diferentes grupos sociais, transcrevendo seu trabalho do universo “bio” para o universo “médico”, este último, composto por médicos, administradores da saúde e pacientes. Por muito tempo esse comportamento da comunidade cientifica foi normal, pois os processos de pesquisa, desde a descoberta de novos fatos sobre doenças em laboratórios, até sua aplicação na clínica, eram vistos com partes de um mesmo processo linear e imutável.
Entretanto, estudos posteriores evidenciaram que este processo transcorria com interações mais complexas entre os grupos de cientistas biomédicos e médicos clínicos, demonstrando variadas oportunidades onde a medicina foi usada na ciência, e a ciência na medicina, para garantir um foco na padronização e estabilização de processos, reagentes, e instrumentos, além de, uma maior distribuição de conhecimentos por ambos os grupos.
Para o conhecimento ter melhor proveito sobre a comunidade em um todo devem ocorrer duas fases. Uma delas é que, o “novo conhecimento” deve ser repassado à comunidade, entretanto, deve existir um controle sobre o acesso as informações geradas. Uma descoberta requer acima de tudo tempo e dedicação para garantir que os fatos relatados estejam embasados e corretos, e esse tipo de trabalho deve ser disponibilizado a quem tem conhecimentos para compreendê-los, e então repassa-los a outras classes sócias. A outra fase requer que o conhecimento gerado seja assimilado e compreendido pelo restante da comunidade de cientistas colaboradores, assim, os fatos descobertos podem ser avaliados e implementados por diferentes grupos, o que, de fato, enriquece o estudo, pois cada grupo mantém-se fiel ao seu estilo de pensamento, adicionando assim, olhares diferenciados a um mesmo estudo, fazendo-o, ter maior aplicação no mundo social.
Assim, Fleck direcionou sua contribuição na história da ciência dos laboratórios de pesquisas biomédicas para contribuir não apenas com o ensino científico, mas sim, para contribuir para a evolução da medicina à partir do ensino científico, favorecendo a qualidade da pesquisa e da aplicação da ciência para a comunidade.
A CONTRIBUIÇÃO DE THOMAS KUHN PARA O MEIO CIENTÍFICO
Thomas Kuhn foi um físico estudioso que participou do desenvolvimento da história científica no ramo de pesquisa de forma extremamente significativa. Kuhn inseriu na comunidade cientifica o conceito de paradigmas. Esses paradigmas eram tidos como base no funcionamento da criação de evidencias para abordar um novo fato cientifico emergente, e deveriam ser aplicados com o intuito de enriquecer seus estudos á partir de um consenso obtido por toda comunidade.
Para Thomas Kuhn os paradigmas incomensuráveis era uma abordagem errônea sobre o estudo científico. O próprio autor foi uma das maiores referências em estudos sobre pesquisas cientificas, e afirmava ao final de sua carreira que o processo de aprendizagem não dependia apenas da qualidade da pesquisa, mas também da forma em como tais conhecimentos e descobertos eram transmitidos e compreendidos pela cultura social.
Kuhn também não via a ciência como uma verdade absolutamente natural e inquestionável, mas sim como uma ferramenta de construção social. Segundo o autor, os estudos e a compreensão da ciência eram de suma importância para a sociedade evoluir e obter mais conhecimento sobre o funcionamento de todo meio social.
Dado as fortes pesquisas e debates que circulavam o meio dos estudos científicos no século passado, diferentes opiniões e posições tornavam-se evidentes. Thomas Kuhn foi um dos pioneiros e mais influentes historiadores da história da ciência, e defendia que para uma descoberta ser aceita perante aos críticos deveria valer-se de dois pontos extremamente importantes na negociação, o ponto factual e o interpretativo, pois de nada vale um fato ser esclarecido se não puder ser compreendido, do mesmo modo que não se tem valor em compreender algo que não pode ser esclarecido.
Os estudos sobre a história da ciência tiveram grande importância no processo de formação do ensino tecnológico, pois á partir do momento em que pode entender-se como estabeleciam novos fatos científicos, meios de fazê-los serem compreendidos passaram a ser desenvolvidos, a fim de transformar todo processo em um circulo que tem inicio nas pesquisas de novos fatos e final na compreensão do que foi descoberto, reabrindo horizontes a novas pesquisas.
Durante seus estudos Kuhn afirmava que a própria natureza não parecia ter importância no desenvolvimento de crenças a seu respeito. Demonstrando assim que existia uma falta de autoridade para evidenciar novos fatos. Não conseguindo, por exemplo, estabelecer o quanto a natureza era importante para os estudos sobre ela mesma, o que gerava diversas discussões e controvérsias em grupo de estudos diferentes. Esse problema passou a ser resolvido á partir de quando a nova geração de estudiosos buscou explicações no campo da sociologia ao invés da filosofia, e então esclarecer detalhes do processo de pesquisa dentro dos campos de estudos, e assim demonstrar que um processo ganha autoridade, após concluir-se a “negociação”.
Para qualificar sua posição, Kuhn utilizou-se do modelo de árvore evolutiva, neste modelo, Kuhn afirmava que o desenvolvimento era um novo ramo de uma árvore que florescia, originando novos frutos. Com base nesse modelo, Kuhn explicaria a importância das especializações cientificas, e como elas incrementam a qualidade dos estudos. Um cientista especialista em alguma área é uma peça valiosa para uma equipe, pois todo especialista atua com mais pericia em sua área. Um grupo com especialistas atuando juntos tem muito mais autoridade e reconhecimento para gerar novos conceitos.
Dentro de suas especialidades, o senso de verdade é um dos mais importantes valores que os cientistas devem possuir. A experiência que se adquire ao longo dos anos passa ao pesquisador uma grande carga de conhecimentos, tornando-o especialista em diversos assuntos, entretanto, para produzir novos fatos é de imprescindível que a busca pela verdade, pela razão, pelo fato em si, seja a base de toda a pesquisa.
Á partir desse ponto, Kuhn e Fleck passaram e ter uma visão semelhante do desenvolvimento científico, compreendendo que o surgimento de um novo ramo não significa o fim de um estudo, mas na verdade, uma continuação de um trabalho que busca mais evidências, atuando de maneira mais aprofundada. Assim, as especializações passaram a ser compreendidas como uma espécie de revolução muito significativa no mundo cientifico,
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