Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS COM PEDIDO LIMINAR E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Por:   •  5/12/2018  •  4.786 Palavras (20 Páginas)  •  294 Visualizações

Página 1 de 20

...

Não rara vez, dentro desse panorama inescapável, o consumidor premido pelo nefando e prometido corte do bem essencial decorrente da ilegal e unilateral estimativa da Requerida, dirige-se ao posto de atendimento da Companhia e lá teve que firma - sem qualquer conhecimento de seus direitos, sem a mínima informação, em verdadeiro estado de lesão – de todo o débito.

Como se não bastasse, a requerente realiza as estimativas com base no valor das tarifas atuais, quando deveria, obviamente, recalcular e resgatar os valores que entende cabíveis tendo como supedâneo as tarifas de consumo da época de cada irregularidade. É dizer que a Requerida cobra serviço realizado no passado, com base nos valores atuais.

Dessa forma, não há escapatória possível para o Requerente consumidor.

Se não fizer o parcelamento do valor resgatado unilateralmente, sofrerá o corte.

Se fizer o acordo, sucumbirá ao ter que honrá-lo juntamente com as faturas regulares. O corte é sempre inevitável, sofrendo o consumidor o desabastecimento flagrantemente ilegal e abusivo.

Como dito acima, a aferição do medidor de energia foi realizada “as escondidas”, vez que, o Requerente ou qualquer representante seu, sequer acompanhou tal evento, uma vez que foi realizado na próprio laboratório da Requerida.

O Requerente recebeu a cobrança de suposta multa no valor de R$ 5.101,82 (Cinco Mil Cento e Um Reais e Oitenta e Dois Centavos).

Segundo a “PLANILHA DE CÁLCULO DE REVISÃO DE FATURAMENTO”, emitido pela concessionária, supostamente foi detectado adulteração na medição, o que absurdamente levou a Requerida a cobrar injustamente uma multa astronômica contra o Requerente, conforme cópia da planilha em anexo.

Motivo este, pelo qual não restando alternativa, o Requerente vem acionar a tutela jurisdicional do Estado, para que seja declarado inexistente o débito cobrado injustamente, bem como evitar que sua energia elétrica seja cortada por conta da cobrança indevida de suposta multa aventurada pela Requerida.

DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO

Dispõe o nosso Cânone Processual Civil, em seu art. 4°, I, in verbis:

Art. 4° O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;

Da narrativa dos fatos conclui-se que não existe qualquer justificativa para tal cobrança, uma vez que, sequer o Requerente praticou qualquer ato fraudulento ou adulteração no medidor de energia elétrica.

O Requerente nunca praticou nenhum ato fraudulento que pudesse interferir no real faturamento do consumo de energia elétrica de sua unidade consumidora.

É necessário frisar que o medidor de energia elétrica da residência do Requerente localiza-se instalado pelo lado de fora por opção da concessionária Requerida, logo, não caberá nenhum tipo de responsabilidade ao consumidor, por eventuais danos ocasionados com o medidor.

Interessante lembrar que a concessionária Requerida sequer informa qual o suposto erro encontrado no medidor, quais os parâmetros utilizados para inspeção, desta forma, é evidente que a Requerida quer cobrar equivocadamente do Requerente multa abusiva e sem respaldo jurídico.

DA ILEGITIMIDADE DA REQUERIDA NA AFERIÇÃO DO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA

A concessionária de energia elétrica não tem legitimidade para aferir o medidor de energia, pois, além de ser parte interessada no resultado da medição, esta não possui sequer os parâmetros corretos para tal inspeção.

Desta forma, a aferição dos medidores deverá ser feita por órgão metrológico oficial, vez que este, possui todos os parâmetros técnicos necessários e exigidos por lei para tal perícia.

A resolução 456/2000 da ANEEL descreve em seu artigo 38 tal entendimento, vejamos, in verbis:

Art. 38. O consumidor poderá exigir a aferição dos medidores, a qualquer tempo, sendo que as eventuais variações não poderão exceder os limites percentuais admissíveis. (Grifo Nosso)

I - quando não for possível a aferição no local da unidade consumidora, a concessionária deverá acondicionar o medidor em invólucro específico, a ser lacrado no ato de retirada, e encaminhá-lo ao órgão competente, mediante entrega de comprovante desse procedimento ao consumidor; (Grifo Nosso).

Conforme entendimento corroborado da própria ANEEL, a aferição dos medidores deverá ser feita por órgão metrológico oficial, do contrário, não terá qualquer validade legal à aferição realizada pela própria concessionária, uma vez que houve descumprimento de resolução regulamentada por órgão fiscalizador do sistema elétrico brasileiro.

Desta forma, mais uma vez, resta comprovado a série de erros e abusos cometidos pela Demandada em face da Demandante.

O Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul vêm compartilhando do mesmo entendimento, vejamos a Jurisprudência, in verbis:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E CAUTELAR INOMINADA. ALEGAÇÃO DE DEFEITO EM MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA. NECESSIDADE DE PERÍCIA PELO ÓRGÃO METROLÓGICO, CONFORME O ART. 72, II, DA RESOLUÇÃO Nº 456 DA ANEEL, NÃO BASTANDO SIMPLES CONSTATAÇÃO POR PREPOSTOS DA CONCESSIONÁRIA. CASO, ADEMAIS, EM QUE MESMO DEPOIS DE SUBSTITUÍDO O MEDIDOR, A MÉDIA MENSAL DE CONSUMO FICOU ABAIXO DAQUELA APONTADA PELA RÉ COMO RESULTANTE DA FRAUDE[...]

TJRS. Apelação Cível. NÚMERO: 70010720258. Acórdão. RELATOR: Pedro Luiz Pozza. DATA DE JULGAMENTO: 05/05/2005 (Grifo Nosso).

Não restam dúvidas, que o procedimento adotado pela Requerida é ilegal, uma vez que a aferição feita pelos prepostos da mesma, não goza de embasamento jurídico, não cabendo alegação de que o Requerente possa ter feito ou participado de qualquer procedimento que tenha causado a adulteração no medidor de energia elétrica.

DA NÃO RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR PELO MEDIDOR INSTALADO DO LADO DE FORA DA UNIDADE CONSUMIDORA

O medidor de energia elétrica da residência do Requerente foi instalado do lado de fora da unidade consumidora, por opção da própria concessionária.

Em nenhum momento

...

Baixar como  txt (32.4 Kb)   pdf (87.7 Kb)   docx (29.8 Kb)  
Continuar por mais 19 páginas »
Disponível apenas no Essays.club