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Fichamento Pt 2 Manual de psico hospitalar

Por:   •  13/6/2018  •  3.211 Palavras (13 Páginas)  •  449 Visualizações

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A negação é uma defesa e só se defende quem se sente atacado. Se o paciente está utilizando a negação como forma de defesa, é por não ter encontrado algo melhor.

“O objetivo da psicologia hospitalar não é convencer o paciente de que ele é um doente, nem forçá-lo a concordar com o diagnóstico médico; tudo o que o psicólogo deseja é que o paciente fale, fale de si, da doença, do que quiser. Quando o paciente pode falar livremente, a negação não raro se desvanece.” (p. 119).

É preciso trabalhar junto ao paciente a negação (bem como quaisquer defesas) de forma a não expor o paciente a angústias que ele não irá conseguir lidar naquele momento. Assim, é necessário que o trabalho seja realizado de forma a auxiliar na transposição das barreiras de defesas de forma que não as rompa bruscamente e nem tampouco a força.

O paciente que está na posição da revolta geralmente tem o rótulo de “paciente difícil” para a equipe de enfermagem, porém é sempre necessário que o psicólogo hospitalar não julgue seus comportamentos a partir de concepções de certo e errado, mas descubra qual a verdade daquele paciente e então trabalhe junto a ele esta verdade. É bem verdade que a revolta auxilia na redução de angústia, entretanto, se há revolta, há também sentimentos reprimidos e então o trabalho do psicólogo deve ser de fazer falar para que esses sentimentos possam ser elaborados para que já não se faça necessário gritar para ser ouvido, por exemplo.

É comum e até mesmo esperado que a depressão faça parte do processo de adoecimento. Quando o paciente encontra-se deprimido, muitas vezes não quer conversar e não há expressão através da fala, o que não quer dizer que está alheio à situação ou que não está fazendo nada: “na depressão a energia psíquica abandona os objetos externos e volta-se para o interior, na tentativa de realizar o trabalho psíquico, a saber, o trabalho de elaboração das perdas, reais e imaginárias.” (p. 121), nesses momentos é necessário que o psicólogo seja capaz de suportar o outro em sua angústia sem tentar animá-lo, mostrando o ‘lado bom da vida’, ou tentando fazer com que ele seja otimista, ou ainda lhe dando lições de moral, muito pelo contrário, é necessário que o psicólogo hospitalar esteja preparado para lidar com o silêncio e com a angústia, sem fazer inferências, de modo que o paciente possa perceber que quando ele sentir vontade para se expressar, terá com o psicólogo um espaço aberto e sem julgamentos para fazê-lo.

A posição de enfrentamento é caracterizada pela alternância entre luta e luto e por isso, pode ser comum certa falta de coerência no paciente, no entanto, a coerência não é o mais importante nesse momento, pois se trata de um momento de redescobrir a vida e assim pode ser que um dia algo seja verdade e no dia seguinte já não seja mais e vice versa. O papel do psicólogo não é intervir apenas, mas de auxiliar o fluxo entre luta e luto.

“O enfrentamento é uma posição de fluidez, tanto de emoções como de ideias, e se o psicólogo não interromper esse fluxo com interpretações apressadas já fará muito, pois estará libertando o paciente do peso de ser coerente. Para o paciente, há que ser verdadeiro em relação a sua doença, e não coerente, e a verdade muda de instante para instante...” (p.123).

No adoecer há sempre a possibilidade de esperança, porém esta não deve em hipótese alguma ser imposta ao paciente, mas deve surgir dentro dele. Quando o paciente não encontra esperanças ele pode criar fantasiosamente e não cabe ao psicólogo fazer qualquer intervenção com o ‘peso’ da realidade nesse momento. “A esperança é um desejo, e como tal, deve ser bancado por quem o tem.” (p. 130)

No hospital o psicólogo lida com várias pessoas, que têm diferentes formações pessoais e isto lhe proporciona relações muito distintas uma das outras. Sendo assim, a linguagem é um fator de extrema importância, “já que a palavra pertence a quem escuta” (p. 126) e, portanto, se faz necessário que o psicólogo adeque sua fala de acordo com o ouvinte a fim de se fazer entender, pois “é o ouvinte que confere sentido à mensagem”. (p. 126).

Em geral, a transferência não é o foco da atenção do psicólogo hospitalar, até mesmo porque a transferência não costuma ser um problema em psicologia hospitalar, porém é possível que haja sim problemas em relação a transferência negativa, que segundo Lacan, existem duas maneiras para se lidar com situações em que isto ocorre, que são a interpretação da transferência (apontar explicitamente a repetição de relacionamentos infantis que o paciente está fazendo e os atualizando com o psicólogo) e a interpretação sob a transferência (o psicólogo percebe em que lugar o paciente o colocou e usa isto para encontrar a melhor forma de lidar com a pessoa, em geral deixa que o paciente expresse seus sentimentos negativos de forma livre e sem o repreender o lhe ‘ensinar’ o que está fazendo, pois tem consciência de que essa manifestação de hostilidade é para um outro imaginário). Conforme dito anteriormente no Manual, é preciso que na psicologia hospitalar se estabeleça com o paciente o discurso do analista, porém é comum que no início da relação, o paciente coloque o psicólogo no lugar de mestre, professor ou ainda no lugar de saber, porém é fundamental que o psicólogo não aceite estar nessas posições, pois estes lugares o colocam como ‘melhor’ que o paciente, fato este que não é verdadeiro.

Ocorre em alguns casos que existem situações que desencadeiam ou ajudam a desencadear a doença e de forma geral, essas experiências estão carregadas de fantasias que precisam ser elaboradas e é função da psicologia hospitalar auxiliar o paciente a lidar com isto através da fala e elaboração de planos para lidar com as consequências.

O adoecer traz consigo alguns ganhos secundários que nem sempre são fácies de serem percebidos ou aceitos como tal pelo paciente. Esses ganhos podem atrapalhar na recuperação total e por este motivo precisa ser conversado, porém quando o paciente não os reconhece, é preciso que o psicólogo não os reforce e converse com os familiares e com a equipe sobre este assunto.

Existem casos em que a medicina chega ao seu limite e não tem mais recursos para curar ou mesmo manter vivo o paciente e este é um momento muitíssimo delicado, no entanto, apesar de a medicina ter esgotado suas possibilidades, não ocorreu o mesmo com a psicologia hospitalar, uma vez que nela não é trabalhada a cura e sim o desejo. “O que deve orientar o trabalho do psicólogo é o desejo de vida do paciente

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