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A ontologia hermeneutica de heidegger

Por:   •  5/10/2018  •  5.703 Palavras (23 Páginas)  •  334 Visualizações

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Neste cenário confuso, caótico, de descrença absoluta e de desesperada necessidade de esperança, onde os extremos ideológicos se enfrentavam em cada esquina da Alemanha, nasceu o existencialismo de Martin Heidegger. A queda de Deus, do rei, e da metafísica clássica, fez com que Heidegger, rompido definitivamente com o catolicismo desde 1919, concentrasse o seu interesse no ser, no ser-aqui, na existência (Dasein), vindo a ocupar o vácuo deixado por um "mundo sem Deus", anunciando-se no cosmo filosófico alemão como uma nova estrela do amanhã.

Apesar do envolvimento de Heidegger com o nazismo, quando o ser-ai dele integrou-se no movimento nacional-socialista a partir de 1931-2, sua filosofia permitiu uma abertura de linhas e de decisões tão amplas que os seus discípulos, admiradores e seguidores, sentiram-se autorizados a seguir pelas estradas que bem lhes aprouvessem. Os casos mais exemplares, em que dois seguidores de Heidegger tomaram caminhos totalmente contrários ao do mestre, foram os de Hannah Arendt (a jovem e talentosa estudante judia que foi sua amante), um exemplar crítico do totalitarismo, e o do filósofo Jean Paul Sartre, o mais engajado nas causas da esquerda dos pensadores do após-guerra de 1945.

Em 1933 Heidegger Tornou - se reitor da Universidade de Friburgo, ele apoiava o nacional-socialismo, e nessa mesma época Hitler tinha se tornado chanceler, após segunda guerra, Heidegger assumiu o lugar de Husserl, depois de ter renunciado à reitoria de Freiburg em abril de 1934, um tanto frustrado, Heidegger tratou de levar uma nova idéia ao Ministério da Cultura em Berlim: a Dozentakademie. Tratava-se do projeto de criar na capital alemã uma academia de docentes pela qual todos os que desejassem ser catedráticos nas universidades do Estado nacional-socialista deveriam obrigatoriamente passar. Seria algo parecido como um mosteiro de filósofos, onde gente vinda de todas as partes teria uma vida regrada de acordo com as determinações monacais, entremeadas, porém, com exercícios militares. Uma vida em comum, simples, ascética, dedicada ao estudo, com a pretensão de renovar e ir além do cientificismo americano "partindo de suas necessidades interiores" (seja lá o que isso significava na linguagem heideggeriana) mas em 1937 ele perdeu a fé no povo alemão e ficou decepcionado com Hitler.

Heidegger, depois de 1945, com a derrota do Estado nazista foi proibido de ensinar na universidade alemã até 1949, após ter sido submetido a um inquérito. Neste espaço de tempo, devido a Jean Paul Sartre e a outros intelectuais franceses que o admiravam, o existencialismo ganhou o mundo.

Em novembro 1944 Heidegger parou de lecionar. A invasão da Alemanha derrotada pelas potências aliadas tornou difícil a situação dos nazistas mais destacados. Em 1945 ele foi proibido de lecionar oficialmente por decreto e suas atividades nazistas foram investigadas. Não foi incriminado em nenhum dos crimes praticados pelos partidários de Hitler e por isso não perdeu seus direitos a uma aposentadoria. Deu regularmente influentes conferências nos anos 1951-58, e continuou um intelectual importante dentro do movimento fenomenológico internacional até seu falecimento em 1976.

Heidegger, que morreu em 26 de maio de 1976, nunca retratou-se do seu apoio ao nazismo. Certamente o seu imenso orgulho e a sua inquebrantável arrogância, resultante da consciência de ser considerado o maior filósofo da Alemanha no século XX, impediu-o de reconhecer a enorme idade do seu erro

A alienação. O homem está fora das coisas, diz Heidegger em "O ser e o tempo", nunca sendo completamente absorvido por elas, mas não obstante, não sendo nada, à parte delas. O homem vive, até o fim, em um mundo no qual ele foi jogado. Sendo algo jogado em meio às coisas, estando-lá (Da-sein), constitui algo à parte (Verfall) mas está no ponto de ser submergido nas coisas. É continuamente um projeto (ent-wurf); mas ocasionalmente, ou mesmo normalmente, pode ser submergido nas coisas a tal ponto que é absorvido nelas temporariamente (Aufgehen in). O homem encobre aqueles condicionantes existenciais, - aquilo que ele de fato é -, entregando-se a uma rotina de superficialidades "públicas" na vida cotidiana.

A angústia. Mas uma coisa pode acontecer que desperta o homem dessa alienação, a angústia (Angst). Ela resulta da falta de base da existência humana. A "existência" é uma suspensão temporária entre o nascimento e a morte O projeto de vida do homem tem origem no seu passado (em suas experiências) e continuam para o futuro, o qual o homem não pode controlar e onde esse projeto será sempre incompleto, limitado pela morte que não pode evitar.

A angústia funciona para revelar o ser autêntico, e a liberdade (Frei-sein) como uma potencialidade. Ela enseja o homem a escolher a si mesmo e governar a si mesmo.

1.1 - Existencialismo e Fenomenologia - Cronologia

Data

Acontecimento

1889

Martin Heidegger nasce no dia 26 de setembro em Messkirch, filho de um sacristão local (região da Floresta Negra na Suábia)

1903

Bolsista no Ginásio em Constança, preparação para a vida sacerdotal, envolvido em atividades intelectuais anti-modernistas

1915

Tese de livre docência sobre Duns Scotus (1266-1308)

1918-23

Discípulo e assistente de Husserl, rompimento com o catolicismo. Derrota do Reich alemão na Guerra de 1914-18

1923

Início da celebridade devido suas conferencias sobre a Ontologia, tornando-se "o rei secreto da filosofia alemã"

1927

Edição do "Ser e Tempo", obra que o consagrou como grande pensador

1929

Confronto com E.Cassirer em Davos: existencialismo x neokantismo

1933

Nazistas no poder: reitor na Universidade de Friburgo, afastando-se dela um ano depois

1934

Fracassa sua abadia de sábios em Berlim, retira-se de volta para a filosofia

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