Seis Definições Modernas de Hermenêutica
Por: Carolina234 • 20/2/2018 • 1.162 Palavras (5 Páginas) • 494 Visualizações
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Os sistemas de interpretação simultaneamente recolectivos e inconoclásticos, como sexta definição, explica a contribuição do filósofo Paul Ricoeur (1913-2005), que não fica mais restrita ao método, como nas hermenêuticas tradicionais. Trata-se de uma abordagem na qual a linguagem tem papel primordial, justamente por prover o lugar desde o qual o símbolo se expressa em sua íntima conexão com o existir humano. Fica claro que, para o filósofo francês, uma investigação sobre o simbolismo das coisas e a existência humana depende de uma elucidação da linguagem enquanto discurso vivo. Compreender estes contextos semânticos e existenciais no horizonte da linguagem será, doravante, tarefa de uma hermenêutica do símbolo presente na obra desse autor. Uma interpretação hermenêutica requer uma atitude metodológica e uma atitude ontológica, cujo pressuposto é a filosofia reflexiva. Ricoeur destaca a relevância da dialética da compreensão e da dialética na explicação da interpretação. Também merecem especial atenção elementos como a palavra, o mito, a poesia, o símbolo, o signo, porque são expressões da linguagem humana, a qual não se isenta de materiais advindos das ideologias e das utopias do campo sociocultural e político, cujas esferas da compreensão e da explicação têm funções de integração, legitimação e dissimulação, que podem conduzir a equívocos, mas também revelar manipulações ou desejos de liberdade do coletivo. Parte desta compreensão abrangente do humano se dá na crítica que Ricoeur, partindo da fenomenologia de Husserl, e ainda impressionado pelos dados da psicanálise de Freud, retorna à ideia de sujeito. Para o filósofo francês, Freud, com sua teoria do inconsciente, se apresentaria como um dos que levantaram suspeita contra a noção de subjetividade sustentada pelas muitas edições do racionalismo e do idealismo na tradição filosófica. A psicanálise de Freud representaria, assim, ao lado do materialismo dialético de Marx e da filosofia da vontade de poder de Nietzsche, uma das tentativas de pensar a filosofia para além da falácia que a subjetividade construiria.
Bibliografia:
PALMER, Richard. Hermenêutica. Trad. Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70, 1986.
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