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Fichamento imperio luso brasileiro

Por:   •  23/5/2018  •  9.565 Palavras (39 Páginas)  •  568 Visualizações

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O império Luso-Brasileiro 1500-1620:2.A) A indústria do açúcar: 1570-1630

Pode-se dizer que a industria do açúcar começou com a colonização dos donatários. A maior parte destes compreendeu que o açúcar era o único produto (pois lhes era vedado pelas suas cartas de concessão o comercio de pau Brasil) que podia atrair à terra colonos suficientes, ou produzir riqueza bastante para lá os conservar. As primeiras tentativas de construção de engenhos pelos donatários tiveram, como já vimos, sortes diferentes: e, em todo o caso, na sua maioria foram varridos pela onda de revoltas índias que surgiram ao longo do litoral nos meados da década de 1540, após terem cessado as negociações entre as Coroas francesa e portuguesa sobre as intromissões e a pirataria francesas. Só com a nova sensação de segurança que a fixação de um governador régio e da burocracia régia na Baía em 1550 veio trazer, as condições se tornaram propicias para um novo período de expansão da indústria do açúcar. Os engenhos danificados foram reconstruídos, outros novos começaram a funcionar, e o Brasil entrou no que deve ser visto como o seu >.

A costa tinha todas as condições climatéricas e ambientais necessárias a uma indústria do açúcar florescente. Em primeiro lugar, em muitas localidades entre a Paraíba a norte e Santos a sul, havia grandes extensões de terreno de barro vermelho negro conhecido como massapé, que era perfeito em nutrientes e em composição para a cultura da cana. O solo era tão rico que os fertilizantes se tornavam desnecessários; a cana podia crescer continuamente ano após ano. Somente onde o tipo de solo mudava para arenoso é que o açúcar não se dava bem. Em todo este período foram aí construídos não mais de 2 engenhos; em sua substituição, deram-se à terra outros usos: gado, algodão, etc.

O lugar preferido para um engenho era junto de um curso de água navegável, a fim de que os materiais necessários pudessem ser transportados facilmente para lá, e o açúcar fabricado pudesse ser facilmente levado para os locais de embarque. Se o curto de água permitia a construção de um engenho movido a água, tanto melhor: estes engenhos eram habitualmente mais produtivos e econômicos a longo prazo. Nos outros sítios, tinham de se usar bois para mover a mó do engenho; e se este se localizasse longe de um curso de água, tudo tinha de ser transportado de carroça; o que era possível, mas menos eficiente e mais caro.

O primeiro meio século da historia do Brasil oferece em matéria de estatísticas que possa servir para quantificar a economia: a maioria dos testemunhos que sobreviveram são casuais e dispersos: alguns números aqui, outros ali. E a própria Coroa não dava qualquer estimulo para isso.

2.B) Engenhos:

Felizmente, porém, a começar à volta de 1570, temos uma série de relatórios sobre o estado do Brasil os quais, no que respeita à maioria das capitanias ou regiões, nos fornecem números para os engenhos de açúcar assim como um cálculo aproximado do numero de fogos brancos. Alguns destes relatórios foram escritos na intenção de atrair mais colonos ao Brasil – outros eram simplesmente parte de textos mais amplos em que se dava conta dos esforços de conversão religiosa, que os missionários jesuítas enviavam regularmente aos seus superiores. Alguns destes nos dão o esqueleto de uma serie de estatística que pode servir para registrar o crescimento da economia do açúcar, bem como da população (branca) do Brasil de 1570 a cerca de 1630, num período de aproximadamente duas gerações.

Havia uns 60 engenhos ao longo de toda a costa. O aumento maior na criação de engenhos de açúcar dera-se em Pernambuco, onde o seu numero triplicara. Houve provavelmente varias razoes para isso, mas a mais importante foi decerto o fato de, em toda a costa, Pernambuco ser o local mais próximo de Portugal por barco.

O ponto comparativo seguinte respeita aos começos da segunda década do século XVII, e a indústria também se estendera por novas regiões: existia um engenho mais ao norte. O sul era outra área de expansão. Por fim, no ultimo período a ser considerado de 1612 a 1629 (vésperas da conquista de Pernambuco pelos Holandeses) o numero total de engenhos no Brasil aumentara de 192 para 350. Três outras regiões mostraram uma forca especial: Paraíba, Itamaracá e, especialmente, o Rio de Janeiro.

2.C) Causas da expansão:

Primeiro de tudo, a resposta deve ser procurada na expansão econômica geral da Europa no século XVI, a população ia em aumento quase por toda a parte, especialmente nas cidades, e isto, combinado com o influxo sempre crescente de metais preciosos vindos das Índias Espanholas, conduziu a uma inflação geral da procura ao longo do século, embora com alguns intervalos e pequenas contrações . o aumento de população levou a um relativo declínio dos salários, permitindo assim uma invulgar acumulação de capital, que serviu para estimular e aumentar o investimento. E, em resultado, a riqueza crescente do motor europeu exerceu uma espécie de estimulo magnético sobre as economias da periferia, incluindo a do Brasil.

Também coincide com um período de crescimento excepcional na Europa: as importações de prata espanhola aumentavam ano a ano e o continente conhecia um autentico boom. Por volta de 1600 nota-se no desenvolvimento do Brasil uma estagnação marcada. O mercado do açúcar parecia estar relativamente saciado na Europa: eram os anos de estagnação nas importações de prata espanhola com o conseqüente abrandamento da inflação, e os primeiros sinais da recessão iminente que atingiu o norte de Itália, num aviso a toda a Europa, em cerca de 1620. O período final que temos a considerar, de 1612 a 1629, foi marcado por uma nítida quebra no preço do açúcar vendido no Brasil, mas, ao mesmo tempo, o numero de engenhos instalados cresceu contradição é o aparecimento de uma inovação técnica no Brasil, importada provavelmente do Peru, em cerca de 1610 – o engenho de três rolos que proporcionou grande aumento de produtividade, contrabalançando a quebra no preço forçando muitos proprietários de engenhos a reconstruir ou instalar novos engenhos para acompanhar a competição.

Podemos relacioná-los com uma serie de ciclos econômicos detectados por Vitorino Magalhães Godinho para o século XVI. De 1535 a 1551, aquele autor vê dois ciclos: um ascendente, de 1535 a 1545; e um descendente, de 1545 a 1551. Estes ciclos corresponderiam quase perfeitamente ao primeiro surto de construção de engenhos pelos primeiros donatários e, depois, à subseqüente rotura do processo após os anos devastadores de 1545-1546. Um novo período

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