Independencia e construçao do imperio fichamento
Por: Rodrigo.Claudino • 13/7/2018 • 2.577 Palavras (11 Páginas) • 341 Visualizações
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“Os articuladores da revolução estavam convencidos de que a submissão ao Reino europeu era ilegal e ilegítima diante da sua própria capacidade de exercer o governo local e gerenciar em proveito próprio, e não no da metrópole, as riquezas, o comércio e os recursos naturais da região Centro-Sul.” (p.44)
“Assim, bem sucedida, a revolução poderia não apenas salvar da falência contumazes devedores dos cofres metropolitanos, mas proporcionar a organização de um novo governo, independente de ingerências e que representasse efetivamente os interesses da sociedade local, tal como os colonos da América do Norte haviam promovido.” (p.44)
“Parece certo que as articulações estavam muito avançadas em fins de 1788 e as lideranças esperavam anúncio oficial da derrama para dar sequência às ações. Ocorre que o Visconde de Barbacena tomou a decisão de protelar a cobrança do quinto do ouro em atraso antes mesmo de receber a primeira denúncia sobro o movimento armados, Ou seja, ao contrário daquilo que geralmente é divulgado, a suspenção da derrama não foi decorrente da delação de Silvério dos Reis, que teria posto tudo a perder.” (p.44)
“Com a prisão e o interrogatório dos principais acusados [...] as autoridades coloniais, em fins de 1789, deram por encerrada a primeira parte do processo judicial, e as devassas foram encaminhadas a Lisboa para a decisão sobra as sentenças.”(p.45)
“O governo metropolitano decidiu aplicar a pena de degredo na África a todos os implicados no crime de lesa-majestade, reservando, porém, a pena máxima – morte por enforcamento – para os que fossem considerados propagandistas da sedição. As sentenças foram divulgadas apenas em abril de 1792, pois o desembargador Coutinho resolveu ampliar as investigações, e disso resultaram novas prisões e novos interrogatórios. No entanto, a decisão tomada previamente em Lisboa foi mantida, e o único condenado à forca foi Tiradentes.” (p.45)
“Em 12 de agosto de 1798 foram encontrados na cidade de Salvador vários manuscritos anônimos, afixados na porta de igrejas e em lugares de grande circulação, conclamando a população e as tropas a participarem de uma revolução que deveria alterar profundamente as circunstâncias em vigor, pondo fim ao absolutismo monárquico, ao domínio europeu e à pobreza.” (p.45)
“Esses folhetos ressaltavam a necessidade de abrir o porto ao comércio estrangeiro, para que houvesse o desenvolvimento das lavouras e a abundância de gêneros alimentícios, e igualmente alertavam para o peso desmedido dos impostos pagos a um governo que deixava a capitania em abandono e os soldados das tropas de linha na miséria.(p.45)
“[...] mais de 500 engenhos e lavouras espalhados pelo Recôncavo, contrastava com as condições de vida de grande parte da multidão citadina, denunciando a concentração de riqueza.” (p.46)
“A questão da abertura do porto de Salvador para o livre comércio atendia a interesses de senhores de engenho, lavradores e negociantes atacadistas, que há muitos anos vinham criticando as regulamentações estipuladas pelo governo metropolitano, em especial as que se referiam à taxação do preço dos gêneros de exportação. Em contrapartida, porém, os mesmos lavradores e donos de engenho queixavam-se da obrigatoriedade de manter parcelas de terra destinadas ao plantio de mandioca e feijão, alegando que seria mais lucrativo ampliar a produção açucareira.” (p.47)
“[...] ao mercado de abastecimento tocava em um problema crucial enfrentado pelos consumidores nessa época, que afetava os mais pobres e remediados: a falta de alimentos, como farinha de mandioca e carne, e a elevação do preço dos produtos.” (p.47)
“[...] condição de pobreza que viviam muitos soldados das tropas pagas, a ponto de vários deles exercerem atividades paralelas.” (p.47)
“[...] esses e tantos outros soldados, artesãos e escravos se enredaram na revolta, seja a partir de suas próprias convicções, seja mobilizados por seus senhores ou por oficiais e proprietários dos quais dependiam.” (p.47)
“A Câmara municipal, responsável pelo controle dos preços, pela quantidade e qualidade dos produtos comercializados e principalmente pela observância das leis que regulamentavam as arrematações, parecia inoperante. Ou seja, além de não conseguir manter estável a oferta de gêneros, mostrava-se também incapaz de conter a alta dos preços e a atuação de lavradores, criadores de gado e intermediários.” (p.48)
“Os banqueiros não vendiam o peixe diretamente aos consumidores, mas a comerciantes que distribuíam o produto por meio de seus escravos, os chamados escravos de ganho, que armavam pequenas bancas nas ruas, vendendo a retalho e elevando preços.” (p.48)
“[...]muitos artífices se envolveram na revolução em virtude de laços de dependência pessoal. Mas é preciso levar em consideração que naquela época, alfaiates, sapateiros, carpinteiros e pedreiros sofriam a concorrência de escravos e a situação de alta de preços colocava em xeque a autonomia que possuíam para gerir as condições e o tempo de trabalho.” (p.49)
“[...] homens livres, mesmo os mais pobres, não se identificavam com a condição dos escravos, mas sofriam constrangimentos e discriminações parecidas, pois sendo brancos, mulatos ou negros, eram vistos como ‘gente ociosa’ e ‘perigosa’ até mesmo pelos proprietários dos quais dependiam.” (p.49)
“Por isso, a primeira deliberação do governador da capitania, D. Fernando José de Portugal, ao ser comunicado dos folhetos, foi ordenar uma investigação para identificar seus possíveis autores.” (p.50)
“[...]de acordo com a sentença que os condenou à morte por enforcamento, eram pessoas pobres, de baixa moral e que através do movimento pretendiam alcançar privilégio e projeção pessoal.” (p.50)
“A Conjuração Baiana ficou conhecida como a conjura dos alfaiates e vem sendo interpretada como um movimento de caráter popular devido à presença de pessoas pobres, de mulatos e de escravos. Mas é preciso considerar que foram excluídos da devassa de muitos envolvidos, principalmente as chamadas “pessoas de consideração.” (p.51)
“O projeto de construção de um Império português, posto em prática na segunda metade do século XVIII, desdobrou-se, como foi visto, em duas grandes frentes que se completam: uma voltada para a expansão da produção colonial e a preservação desses interesses de setores da burguesia portuguesa; e outra tendente à integração de pessoas nascidas na Colônia
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