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EDUCANDO-SE GLOBALMENTE

Por:   •  14/3/2018  •  2.240 Palavras (9 Páginas)  •  285 Visualizações

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Ao final de cada aula ou período de ensino o aluno tem que ser capaz de não somente compreender a realidade social, cultural, política, etc., mas conhecer seu papel neste meio e a influência que seus atos implicam na construção destas realidades.

E esta capacidade racional será mais bem construída em um sistema onde o aluno passe de receptor e espectador do conhecimento e se torne construtor e arquiteto deste conhecimento.

Reverencial teórico

Para podermos compreender o princípio que nos leva ao questionamento da institucionalização da máquina de ensino temos que compreender qual é o que mal faz esta institucionalização da educação.

Em entrevista ao programa EPC da rádio Catve 91,7 FM, no dia 13 de maio de 2014 Mário Sérgio Cortella afirma que “Muita gente confunde educação com escolarização, e escolarização é um pedaço da educação” (http://catve.com/noticia/6/84429/ acessado em 07 de maio de 2015 as 16:33), deixando bem claro na entrevista (vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Cs-d9cKUm6s acessado em 07 de maio de 2015 as 16:34) que a função da escola não e educar e sim escolarizar e “os pais precisam entender. A tarefa da educação é da família. Se a família não cumpre o seu papel fica difícil” (http://catve.com/noticia/6/84429/ acessado em 07 de maio de 2015 as 16:33).

Podemos também entender como poderia ser criado uma sociedade desescolarizada. Em seu livro mais famoso o filosofo e pedagogo Ivan Illich defende que:

O conhecimento (...) já não consistirá na manipulação do homem e da natureza como forças opostas, nem na redução dos dados à mera ordem estatística, mas será um meio de libertar a humanidade do poder destrutivo do medo, mostrando o caminho para a reabilitação do querer humano e do renascimento da fé e da confiança na pessoa humana. (ILLICHI, Ivan. Sociedade sem escolas - 7ªEd. Vozes.1985, p.9)

A crescente percepção e responsabilidade de nossa época aponta para a nova realidade de que a pessoa individual e a pessoa coletiva se complementam e se integram(...). A humanidade não pode mais depositar sua confiança no autoritarismo proletário nem no humanismo secularizado - ambos traíram o direito de propriedade espiritual da história - mas numa fraternidade sacramental e na unidade do conhecimento. (ibidem p. 10)

Não é possível uma educação universal através da escola. Seria mais factível se fosse tentada por outras instituições, seguindo o estilo das escolas atuais. Nem as novas atitudes dos professores em relação aos alunos, nem a proliferação de práticas educacionais rígidas ou permissivas (na escola ou no quarto de dormir), nem a tentativa de prolongar a responsabilidade do pedagogo até absorver a própria existência de seus alunos vai conseguir a educação universal. A atual procura de novas saídas educacionais deve virar procura de seu inverso institucional: a teia educacional que aumenta a oportunidade de cada um de transformar todo instante de sua vida num instante de aprendizado, de participação, de cuidado (ibidem p. 14)

Muitos estudantes, especialmente os mais pobres, percebem intuitivamente o que a escola faz por eles. Ela os escolariza para confundir processo com substância. (...). O aluno é, desse modo, "escolarizado" a confundir ensino com aprendizagem, obtenção de graus com educação, diploma com competência, fluência no falar com capacidade de dizer algo novo. Sua imaginação é "escolarizada" a aceitar serviço em vez de valor. Identifica erroneamente cuidar da saúde com tratamento médico, melhoria da vida comunitária com assistência social, segurança com proteção policial, segurança nacional com aparato militar, trabalho produtivo com concorrência desleal (ibidem p. 16)

O medicar-se a si próprio é considerado irresponsabilidade; o aprender por si próprio é olhado com desconfiança; a organização comunitária, quando não é financiada por aqueles que estão no poder, é tida como forma de agressão ou subversão. A confiança no tratamento institucional torna suspeita toda e qualquer realização independente. (ibidem p. 17)

A igualdade de oportunidades na educação é meta desejável e realizável, mas confundi-la com obrigatoriedade escolar é confundir salvação com igreja. (ibidem p. 25)

A escolaridade não promove nem a aprendizagem e nem a justiça, porque os educadores insistem em embrulhar a instrução com diplomas. (ibidem p. 26)

Surgiu, em 1956, a necessidade de ensinar rapidamente espanhol a várias centenas de professores, assistentes sociais e ministros de religião na Arquidiocese de Nova York para que pudessem comunicar-se com os portorriquenhos. Meu amigo Gerry Morris anunciou por uma rádio espanhola que precisava de pessoas do Harlem que falassem espanhol. No dia seguinte havia uma fila de aproximadamente duzentos adolescentes diante de seu escritório e ele escolheu quarenta e oito - muitos dos quais haviam abandonado a escola antes de concluírem o curso fundamental obrigatório (school dropouts). Treinou-os no uso do Manual de Espanhol publicado pelo Instituto de Serviço aos Estrangeiros (FSI) dos Estados Unidos e indicado para uso de linguistas com treinamento superior, e dentro de uma semana estavam funcionando - cada um cuidando de quatro novaiorquinos que desejavam aprender a língua. Em seis meses a

Missão estava realizada. O Cardeal Spellman pode anunciar que havia 127 paróquias em que ao menos três membros do «staff» sabiam comunicar-se em espanhol. Nenhum programa escolar teria obtido esses resultados. (ibidem pp. 29-30)

Reunir colegas para fins educacionais parece, à primeira vista, mais difícil que encontrar instrutores de habilidades e parceiros de um jogo. Uma das razões é o profundo medo que a escola implantou em nós, um medo que nos torna severos. A troca não-autorizada de habilidades — mesmo de habilidades indesejadas — é mais viável e por isso parece menos perigosa do que a ilimitada oportunidade de reunir pessoas que compartilham um interesse que para elas, neste momento, é social, intelectual e emocionalmente importante. (ib p33)

Tanto o intercâmbio de habilidades quanto o encontro de parceiros baseiam-se na pressuposição de que educação para todos significa educação por todos (ib p 36)

A maior parte dos nossos conhecimentos adquirimo-los fora da escola. Os alunos realizam a maior parte de sua aprendizagem sem os, ou muitas vezes, apesar dos professores. Mais trágico ainda é o fato de que a maioria das pessoas recebe o ensino da escola, sem nunca ir à escola (ib p 43)

Os

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