A Gastronomia Francesa

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O FEITO DO PRÍNCIPE

O prestígio gastronômico adquirido pela França, principalmente Paris, se deve basicamente pela influência dos reis e das cortes, que a transformaram no cadinho da boa mesa. Outros países não tiveram a mesma influencia e consequentemente não conseguiram obter o mesmo prestígio, como podemos ver, a Itália teve um despedaçamento político e a Inglaterra manteve sua relativa independência e manutenção da aristocracia sobre suas terras, o que impediu a evolução da alta cozinha, pois como já visto, a cidade era fundamental nesse papel, ou ainda, a elite foi muito menos submetida as forças sociais que incentivavam o consumo na busca de prestígio e ostentação dos gostos requintados.

Na França, a corte constituía uma casta muito visível, seus membros se importavam muito com a manutenção dos limites sociais. Os ricos que não faziam parte dessa casta lutavam para entrar, imitando os gostos e os hábitos da corte. Porém, a especificidade da corte francesa teve muita influencia italiana, a partir de viagens dos grandes para a Itália ou da vinda de italianos para se fixar na França. Essa influencia ocorreu não na cozinha, mas nos hábitos a mesa, na inserção dos requintes, que eram até então desconhecidos na França. Eles entenderam que a mesa era também um meio de governo e de influencia política.

Alguns historiadores acreditavam que a cozinha francesa evoluíra e impulsionara a partir da influência direta dos Médicis e da Itália, entretanto é um erro, pois a cozinha francesa da corte bem como a cozinha italiana permaneceu de inspiração medieval, apesar de se observar algumas exceções, como a introdução dos vegetais e dos legumes e frutos, sendo estes últimos já correntes na Itália, mas raros na França; os aperfeiçoamentos de algumas preparações nas quais os cozinheiros italianos tornaram-se mestres; influencias árabes que se combinaram com tradições italianas e francesas; contudo, a maneira de preparo das carnes e as receitas de molhos, não foram modificadas em nada.

Assim, vemos que as convenções a mesa sofreram forte influencia do requinte italiano, o tratado italiano das boas maneiras, exerceu grande influencia na França no momento do Renascimento. Entre as inovações introduzidas, podemos verificar o luxo do uso da roupa branca na mesa, o acompanhamento musical nas refeições, o uso de pratos e garfos, o uso de copos de murano que permitiam visualizar o vinho, as aguas de abluções eram perfumadas e as mesas ornamentadas com flores.