OS SURDOS SEM LIBRAS: BARREIRAS E PERSPECTIVAS PARA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM
Por: Carolina234 • 26/9/2018 • 6.413 Palavras (26 Páginas) • 485 Visualizações
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PALAVRAS CHAVE: surdo, ensino-aprendizagem, inclusão e diversidade.
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ABSTRACT
This article discusses the development of learning deaf students from ancient times to the contemporary, emphasizing the educational approaches and methods used, besides highlighting the treatment experienced by these people as part of a listener and prejudiced society. SRM Prof. School - as a case study, an analysis of the inclusion process and methodology used with deaf students entered the Multifunctional Resources Room was carried out Guajarina Menezes Silva, which began its process of inclusive school in 2011 with the implementation of this feature. This document will be considered aspects such as the importance of valuing the deaf culture in the learning process and respect for the different. Also will address the profile of the students served by the staff of SRM, where most were illiterate is in Portuguese and in Brazilian Sign Language - Libras and, from this point, draws up the great challenge of multidisciplinary SRM team: literacy these students. In addition, other situations were encountered in achieving the advance (in various ways) of those people; since mediate the difficulties the living rooms of ordinary / regular classes, both students and teachers; encourage deaf students about the fear of being different, the lack of awareness of some teachers in ensuring the right to school and use of methodologies and differentiated teaching methods, the tailored learning process, alternative and different procedures offered to this student body and especially the importance of acceptance of diversity.
KEYWORDS: deaf, teaching and learning, inclusion and diversity.
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INTRODUÇÃO
Este artigo traz aspectos vivenciados por alguns profissionais da equipe que atuou na Sala de Recursos Multifuncionais da Escola Municipal Profª. Guajarina Menezes Silva localizada no município de São João de Pirabas – PA, na região do Salgado (nordeste paraense), quando no ano de 2011 inicia o processo de educação inclusiva.
Tratar sobre o processo de inclusiva nas escolas regulares não é tarefa de fácil discussão, trazer para dentro da escola comum/ regular, pessoas que apresentam diferenças, seja no âmbito físico, intelectual ou de sentidos não é visto com “bons olhos” por alguns sujeitos que fazem parte do ambiente escolar ou mesmo da sociedade no seu amplo aspecto.
O preconceito, que muitas vezes se apresenta com o discurso do medo, deixa demonstrar que o ser humano tende a querer homogeneizar e não aceitar o diferente, preferindo denominá-lo como deficiente.
Trabalhar aspectos de diferenças, aceitação, de combater o preconceito em uma pequena cidade cuja cultura é do “aleijado”, do “doido” ou “surdo mudo” dificulta o entendimento do direito e do respeito às pessoas diferentes. Tais denominações reproduzem o estranhamento e manifestações de julgamento do outro como incapaz, com a verbalização do “não vai aprender nada” ou “estudar pra quê?”. Pensamento e comportamento, que lamentavelmente não se dá apenas por pessoas sem “conhecimento”, mas por pessoas sem compreensão e mais, sem sensibilidade.
O sentimento de estranhamento é também exposto por professores, gestores escolares, funcionários de várias competências, alunos e até mesmo por familiares que ainda preferem “esconder” esse membro familiar.
As escolas do referido município, têm em sua trajetória educacional as famosas “turmas especiais” compostas por alunos com diversas deficiências. Alunos estes que, de repente ao ‘fugirem’ de tal espaço, eram vistos como risco pelos e para os alunos e demais sujeitos que integram a escola. Eram consideradas como pessoas “perigosas”, ou ainda ridicularizadas e mal tratadas no ambiente escolar; realidade não é particular deste município, mas de toda uma sociedade que ver o diferente como perigo. Seja o “diferente” o auditivo, o visual, o intelectual ou o físico, o qual é classificado e reproduzido pela sociedade hegemônica, dita normal, como um ser deficiente.
Essa nomenclatura, de turmas especiais, foi extinta concomitantemente com a implantação da Sala de Recursos Multifuncionais que teve a preocupação de preparar os alunos inclusos, seus familiares e os demais sujeitos escolares, demonstrando que não basta apenas inserir o aluno incluso nas turmas regulares, mas fazê-los parte deste ambiente.
Neste texto, serão abordadas, especificamente, as experiências e o trabalho metodológico desenvolvido com o alunado surdo, que chega ao ambiente escolar com sinais caseiros, com resistência a se identificar como sujeito surdo, membro de famílias com perfil sócio econômico humilde, e com um sonho, o de serem respeitados. E diante desta perspectiva foi desenvolvido um trabalho de aceitação e de compreensão sobre como inserir, acompanhar e possibilitar oportunidades a esse alunado.
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1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE SURDOS E SUAS ABORDAGENS NO PROCESSO EDUCACIONAL
A partir da conceituação de sociedade civilizada, as pessoas surdas enfrentavam muitos obstáculos, inclusive sobre seu reconhecimento enquanto seres não pensantes, já que a capacidade de raciocínio era relacionada a fala (SCHLÜNZEN et al, s/a), caracterizando a discriminação e o preconceito da sociedade da época.
Na antiguidade, por exemplo, segundo Goldfeld (1997) os surdos eram percebidos com piedade e/ou compaixão, eram pessoas castigadas pelos deuses daquele período, ou pessoas enfeitiçadas, percepções que provocavam o isolamento e o sacrifício dessas pessoas. Este autor ressalta que, como essas pessoas eram vistas como primitivas, a ideia que de eles não poderiam ser educados permaneceu até o final do século XIV.
Para Poker (s/a) conhecer a história, a filosofia e os métodos educacionais permite a compreensão da relação existente entre o comprometimento lingüístico, a qualidade das suas interações interpessoais e o seu desenvolvimento cognitivo.
É importante conhecer os métodos utilizados na educação de surdos, com o objetivo identificar as conseqüências trazidas a essas pessoas, e assim, realizar uma contextualização com as práticas utilizadas atualmente; apontando quais
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