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O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Por:   •  22/3/2018  •  6.241 Palavras (25 Páginas)  •  615 Visualizações

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Na questão da educação como fator de formação do cidadão há que se considerar ainda que, principalmente nas pessoas com deficiências, sua contribuição vai muito do saber científico. Ela perpassa o ser das pessoas, constituindo-se assim, numa questão direitos humanos, segundo Sánchez (2005). Na educação de seus filhos, os pais, já os devem formá-los (educá-los) para serem pessoas livres de qualquer tipo de preconceito, racismo, etc. A percepção do individuo como alguém participativo na sociedade, deve partir de uma educação que antecede o ambiente escolar, isto é, inicia-se no seio familiar de cada sujeito.

Diante dessa perspectiva, a visão de que os portadores de necessidades especiais precisam ser "integrados" aos diversos contextos da sociedade, já não é mais contentadora, fica aquém da real necessidade atual. Todas as pessoas, independentes de serem portadores de necessidades especiais ou não, desejam sentirem-se úteis, como agentes de transformação, sujeitos ativos e participativos capazes de contribuir, transformar de forma positiva o ambiente e a sociedade à qual pertencem.

Questionando justamente a primeira visão de integração comentam Heyarty e Pocklington,1981, que os portadores de necessidades especiais desejam agir, praticar, emitir opiniões, serem críticos, enfim, desenvolverem na sua totalidade todas as suas habilidades e aptidões, características de cada um. Para que isso aconteça de uma forma eficaz, são necessárias ações que mobilizem as pessoas gerando uma interação total entre os envolvidos na sociedade, buscando a abertura de novas oportunidades e situações favoráveis ao desempenho da cidadania à todos, de uma forma em geral.

Nessa perspectiva Falvey (2005), comenta que a inclusão não é só para os alunos com deficiência, mas para todos: sejam alunos, educadores, pais e/ou membros da comunidade. Assim sendo, essa perspectiva inovadora e livre de qualquer tipo de preconceito, o educador deve então despender tempo e esforços no sentido de articular da melhora forma as suas posturas e abordagens na sala de aula, buscando sucesso no que se propõe a trabalhar com os alunos. Sua prática em sala de aula deve caminhar de forma coesa à teoria que a sustenta. A essa relação denomina-se práxis. Sobre as práticas em sala de aula, ocupa-se o capítulo seguinte a discorrer um pouco sobre tal aspecto, já que é tão importante trabalhar sobre um viés teórico definido e adequado à nossa realidade.

Nesse sentido procura-se discorrer sobre o "fazer pedagógico", algo importantíssimo que desencadeia no educando o processo de ensino e aprendizagem, transformando seu conhecimento prévio em conhecimento científico, sistematizado e historicamente produzido.

EDUCAÇÃO ESPECIAL ATRAVÉS DOS TEMPOS

Conforme Kirk e Gallagher (1991), a história da humanidade revela, desde os tempos mais remotos, a existência de pessoas portadoras de deficiência, com relatos sobre suas dificuldades na vida cotidiana. A Bíblia dá vários exemplos de tais situações, como a deficiência da fala de Moisés ou da visão e física do apóstolo Paulo.

Na era clássica, Homero deixou lavrado em seus versos, a tarefa estratégica legada ao deus Hefesto, que era coxo, ou seja, portador de deficiência física, o mesmo ocorrendo com Platão, que tinha uma desproporcionalidade física de seus ombros e fontes. A estas pessoas somam-se inúmeras outras, como Ludwig Van Beethoven, ou Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que assim ficou conhecido devido a deficiência que portava.

A trajetória histórica, revela que a pessoa portadora de deficiência sempre foi marginalizada, vivendo segregada socialmente, sendo vítima da própria deficiência e da exclusão proporcionada pela sociedade, dita perfeita ou de homens fictícios.

Esta situação é menos gritante nos países que experimentaram os horrores de uma guerra, com a presença de mutilados e, portanto deficientes, acarretando maior sensibilização e mobilização da sociedade para atender aos seus direitos, já que assim ficaram para defender a pátria.

Nos países que não passaram por esta experiência, como o Brasil, o deficiente ainda é ignorado, sendo certo que a evolução da sociedade não foi suficiente para afastar a exclusão e as dificuldades experimentadas. É necessário estabelecer por meio de lei, regras que busquem a igualização entre as pessoas, portadoras de deficiência ou não.

Estas normas, por si só, também não garantiram a efetividade da igualdade, diante da nossa cultura de sociedade perfeita. Assim, os portadores de deficiência continuaram marginalizados e excluídos do contexto social. Foi necessário estabelecer mecanismos assecuratórios para garantir a cidadania da pessoa portadora de deficiência, com a previsão de ações judiciais e instituição que assumisse a defesa deste segmento da sociedade.

Neste contexto, surge o Ministério Público como instituição designada para fazer valer os interesses dos portadores de deficiência, visando garantir a sua cidadania, inclusão social e dignidade.

As leis elaboradas passaram a dar respaldo a atuação Ministerial, possibilitando o início de uma verdadeira revolução para retirar o portador de deficiência da condição de marginalizado e excluído, elevando-o à cidadão com dignidade e respeito.

Para Carvalho (1997), nunca foi fácil, nem aceitável, ser portador de deficiência, com base nos padrões de normalidade fixados pelo contexto sócio cultural. As sociedades demonstram desde a Antiguidade até os dias atuais, dificuldade em lidar com as diversidades entre as pessoas e de admitir as que são portadoras de deficiência.

A humanidade tem todo um histórico para corroborar como os caminhos dos indivíduos com deficiência têm sido entremeados de obstáculos, riscos e limitações, tornando difícil a sua sobrevivência, desenvolvimento e convivência social.

Em todas as culturas, etnias e níveis socioeconômicos pessoas nascem com deficiência. Sabe-se que, em todos os tempos e épocas, indivíduos nascem ou tornam-se portadores de deficiência – surdas, cegas, com limitações intelectuais e/ou físicas, entre outras. A maneira de compreender a deficiência socialmente e de lidar com os seus portadores tem variado com o passar do século, assim como seu atendimento. As deficiências não são fenômenos dos nossos dias, elas sempre existiram e existiram.

Os preconceitos, atualmente, ainda existem em diversos graus, os mitos são perpetuados, as incoerências conceituais prevalecem,

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