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O DESAFIO DE ENSINAR MATEMÁTICA

Por:   •  27/9/2018  •  5.448 Palavras (22 Páginas)  •  350 Visualizações

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Com base nesses pressupostos, o presente artigo propõe identificar a contribuição dos jogos e das brincadeiras na aprendizagem de conteúdos matemáticos. Em termos específicos, a pesquisa propõe: conceituar e estabelecer a diferença entre jogos e brincadeiras; descrever, com base na literatura disponível, como a atividade lúdica contribui para o desenvolvimento e aprendizagem da criança; investigar, junto a uma escola no Município de Nova Andradina, como os professores do Ensino Fundamental I fazem uso desse recurso; identificar e sugerir jogos e brincadeiras que podem ser usados no ensino da matemática.

A presente pesquisa foi desenvolvida no período de agosto de 2015 a junho de 2016 e constou de três fases: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e análise/compilação dos dados coletados.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Jogos e Brincadeiras: conceito e diferenciação

Cada vez mais educadores têm se mostrado predispostos à utilização do lúdico como prática pedagógica. O lúdico contempla os jogos e as brincadeiras. Contudo, apesar de serem atividades distintas, ainda há muita confusão no que se refere à semântica dessas duas palavras.

Brincar e jogar: dois termos distintos em português e fundidos nas línguas de cuja cultura somos devedores: o francês (jouer) e o inglês (play). Por causa disso, frequentemente desperdiçamos a diferenciação de ordem psicogenética que a nossa língua nos permite: brincar é anterior a jogar, conduta social que supõe regras. Brincar é forma mais livre e individual, que designa as formas mais primitivas de exercício funcional, como a lalação. (DANTAS, 2002, 111)

Nesse sentido, compreende-se que o ato de brincar ocorre primeiro. Embora se tratem de duas atividades comuns na infância, na concepção de Dantas (2002), a criança aprende a brincar antes de jogar. Mochiuti (2007), por sua vez, argumenta que a expressão difere de acordo com o contexto.

O jogo, o brinquedo e a brincadeira têm sido objeto de estudo nas mais diversas áreas do conhecimento como a filosofia, a psicologia, a sociologia, a antropologia, a pedagogia. Entretanto, pesquisadores e estudiosos da temática apontam a dificuldade existente em definir tais termos, uma vez que não existe uma terminologia unificada e consensual para designá-los os quais decorrem não só da diversidade de enfoques teóricos atribuídos aos termos, mas também pelos diferentes significados ocupados pelo jogo, brinquedo e brincadeira no contexto da sociedade desde tempos remotos (MOCHIUTTI, 2007, p. 26).

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O termo jogo deriva do latim ludus, ludere que significa brincar, jogos infantis. Gradativamente, de acordo com época e local associou-se ao termo a ideia de movimento, ligeireza, competição, representações litúrgicas e teatrais. Jogo também abrange jogos de azar e não-seriedade, sendo ainda usado como sinônimo de brinquedo e brincadeira (MOCHIUTTI, 2007, p. 27).

Percebe-se que a terminologia “jogo” é usada em sentidos variados: jogo de loteria, jogo de futebol, jogo da velha. Em cada um desses exemplos, a mesma palavra ocupou sentido diferente: jogo de azar, esporte competitivo e diversão/lazer (atividade lúdica).

Como dito anteriormente, a atividade lúdica compreende tanto o jogo como a brincadeira. Erroneamente, algumas pessoas diferenciam as duas atividades argumentando que o jogo possui regras e a brincadeira não. Porém, Kishimoto (2002) corrige essa concepção e esclarece que a brincadeira também possui regras, porém, estas são mais flexíveis que as presentes nos jogos. Na brincadeira a criança vai assimilando as regras conforme ela se desenvolve: “Ao repetir a brincadeira nos contatos interativos com os adultos, a criança descobre a regra, ou seja, a sequência de ações que compõem a modalidade do brincar e não só a repete mas toma a iniciativa, altera sua sequência ou introduz novos elementos” (KISHIMOTO, 2002, p. 142)

Ao brincar, a criança não está preocupada com os resultados. É o prazer a motivação que impulsionam a ação pela exploração livre. A conduta lúdica, ao minimizar as consequências da ação, contribui para a exploração e a flexibilidade do ser que brinca, incorporando a característica que alguns autores denominam futilidade, um ato sem consequência. Qualquer ser que brinca, atreve-se a explorar, a ir além da situação dada na busca de soluções pela ausência de avaliação ou punição. (KISHIMOTO, 2002, p. 143)

Os jogos, por sua vez, ainda que apresentem o caráter da brincadeira, possuem regras mais esclarecidas as quais demandam o seu fiel cumprimento. Tanto o jogo como as brincadeiras livres contribuem para o desenvolvimento da criança, porém, no processo de ensino/aprendizagem, em alguns casos, é mais indicada a brincadeira e em outros casos, é mais indicado o jogo (como no ensino da matemática, por exemplo).

2.2 A Atividade Lúdica no Processo de Ensino/Aprendizagem

Quando se associa atividade lúdica com desenvolvimento e aprendizagem, grandes nomes defendem essa associação. Em nível histórico internacional, os nomes que sobressaem são os de Vygostkky e Piaget. No contexto brasileiro, Tisuko Morchida Kishimoto é um nome de destaque, embora ela não seja a única a defender o lúdico na aprendizagem.

Quando crianças ou jovens brincam, demonstram prazer e alegria em aprender. Eles têm oportunidade de lidar com suas energias em busca da satisfação de seus desejos. E a curiosidade que os move para participar da brincadeira é, em certo sentido, a mesma que move os cientistas em suas pesquisas. Dessa forma é desejável buscar conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar (OLIVEIRA, 2007).

A aprendizagem da criança ocorre de forma diferente da dos adultos, pois ela não separa pensamento e ação: sua lógica é ativa e sua inteligência é prática. Nessa perspectiva, o desenvolvimento intelectual infantil acontece da seguinte forma: “[...] as estruturas posteriores formam-se sobre as anteriores e as incorpora numa síntese superior” (PIAGET apud FURTH, 1997, p. 119).

A teoria defendida por Piaget é que, na mente infantil, o conhecimento novo se forma sobre conhecimentos já disponíveis para a criança. Essa teoria se assemelha à chamada zona de desenvolvimento proximal defendida por Vygostsky (apud OLIVEIRA, 1997). Segundo ele, o ato de brincar favorece a criação dessa zona contribuindo para o desenvolvimento da criança. A brincadeira se constitui numa base que permite à criança adquirir novos conhecimentos,

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