Literatura Infantil na Educação Infantil
Por: Jose.Nascimento • 9/10/2018 • 3.454 Palavras (14 Páginas) • 325 Visualizações
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Para além do vínculo com a sua comunidade de origem, as historias contadas às crianças também contribuem para lhes alargar os horizontes de espaço e de tempo, começando pelo distante lugar do “Era uma vez...”. Saídas para o campo ou para a cidade, para as montanhas e pelos mares, outras terras, outras gentes, vão ensinando as crianças a conhecer o imenso mundo em que vivem a sua riqueza e diversidade, as suas imensas possibilidades.
Quando as crianças têm oportunidade de, para além de ouvir, também contar histórias e outras crianças ou adultos, desenvolvem ainda mais as noções nelas contidas, mais do que palavras, são representações do mundo, regras de convivência, diferenciação entre o certo e o errado.
Desde modo, as histórias tornam-se uma ferramenta para ensinar às crianças as regras do “estar no mundo” e formas de agir sobre ele. Os contos não ensinam apenas o mundo, uma criança de cada vez, mas toda uma geração que, ao partilhar histórias comuns, acaba por adquirir certa visão do mundo, um entendimento, uma cultura e mesmo uma ideologia.
Outra contribuição importantíssima da literatura infantil é a sua relação com o desenvolvimento da literatura, esse instrumento fundamental de integração e intervenção na sociedade e no mundo. Os estudiosos de literatura e da Educação Infantil chamam a atenção para a importância do desenvolvimento do gosto pela leitura desde a mais tenra idade.
Para isso, destacam-se algumas sugestões recolhidas em textos dispersos:
“Se desejarmos que as crianças desenvolvam o gosto pela leitura, é essencial que esse estímulo seja carregado de intencionalidade, habituar-se a ler próximo à criança, fazendo com que ela perceba o quando é interessante ler. Qualquer livro que esteja lendo, ou mesmo um jornal pode servir para compartilhar com as crianças esse momento, e leva-la a descobrir o sentido das palavras. Conversar sobre escritores, fazer com que as crianças descubram admiração por eles e prometa para o dia seguinte um verso, uma mensagem ou personagem da literatura. Toda criança amparada por pais e educadores que amam a leitura e fazem desse amor uma declaração consistente, acaba amando a leitura também e, assim, descobre o gosto pelas palavras impressas, o segredo que cada frase escrita ousa revelar”. (SILVA, Cleber Fabiano. A literatura na Educação Infantil: o encontro da criança com o texto. Cadernos ANPED, 2009; ISSN/ISBN: 01049119).
5. REFERENCIAL TEÓRICO
A educação infantil é o ensino voltado às crianças é também o espaço em que a mesma entra em contato propriamente dito com a literatura como instrumento auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça Aguiar (2001):
“(...) devemos admitir que o primeiro encontro da criança brasileira com a produção literária é quase sempre na esfera escolar, por isso procuramos oferecer subsídios aos educadores que atentam para singularidade desse produto cultural’’ (p.158)”. Rousseau (1712-1772)
Assim, Coelho (2009, p.22) afirma que se vive “um momento propício à volta do maravilhoso, em cuja esfera o homem tenta reencontrar o sentido último da vida [...]”. Dentro dessa visão, os contos de fadas assumem um papel fundamental não só como literatura infantil, mas também como fonte do conhecimento que o homem construiu ao longo dos anos. E “por lidar com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje” (ABRAMOVICH, 1994, p.117). Nessa perspectiva, o resgate dos contos de fadas pela sociedade atual reflete o desejo humano de se envolver sempre com o ficcional, com o imaginário, com o fantástico. A atemporalidade dos contos revela a necessidade do homem em buscar prazer através de histórias literárias. Sendo assim, percebe-se a necessidade de entender como acontece o envolvimento do leitor com o conto de fada e como se constitui esse gênero ficcional de maior preferência entre o público infantil e na rotina das instituições de ensino.
Teve muita colaboração com suas ideias que muito influenciaram na educação infantil. Luzuriaga (1988) vem afirmar que através de Rousseau a educação infantil obteve grande avanço, a criança começou a ser tratada não mais como a miniatura do homem, mas como alguém que possui seu próprio universo. Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. Não se conhece a infância;
5.1 RESENHA
A história da literatura infantil está atrelada à história da própria concepção de infância e os primeiros livros para crianças foram produzidos somente no final do séc. XVII e durante o séc. XVIII, antes disso não se escrevia para crianças, pois não existia o que chamamos hoje de “infância”; as crianças e os adultos compartilhavam dos mesmos eventos sociais. Foi com o advento de uma nova classe social, a burguesia e a valorização de um modelo familiar burguês onde a criança ganha um enfoque de reprodução da classe, por isso um interesse maior na sua educação e na transmissão de valores burgueses. A literatura infantil nasce então neste momento com o intuito de transmitir os valores desde novo modelo familiar centrado na valorização da vida doméstica, fundada no casamento e na educação de herdeiros. Segundo Nelly Novaes Coelho a Literatura Infantil é:
Abertura para a formação de uma nova mentalidade, além de ser um instrumento de emoções, diversão ou prazer, desempenhado pelas histórias, mitos, lendas, poemas, contos, teatro, etc., criadas pela imaginação poética, ao nível da mente infantil, que objetiva a educação integral da criança, propiciando-lhe a educação humanística e ajudando-a na formação de seu próprio estilo.(COELHO, 1991, p. 5).
De acordo com Nelly Novaes Coelho (1991) a literatura infantil surge de fato na França, na segunda metade do séc. XVIII, durante “a “monarquia absoluta de Luís XIV, o” Rei Sol”, que se manifesta abertamente à preocupação com a literatura para crianças e jovens. Assim, podemos dizer, portanto, que foi a França, através desses grandes literários, o berço da literatura infantil no mundo. A literatura infantil brasileira surgiu tempos depois do início da europeia. Com a implantação da Imprensa Régia, em 1808, começaram a serem publicados os primeiros livros para crianças no Brasil como afirma Zilberman e Lajolo (1986):
[...] a tradição de As aventuras pasmosas do Barão de Munchausen e, em 1818, a coletânea de José Saturnino contendo uma
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