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FICHAMENTO TERROR RACIAL E QUADRINHOS

Por:   •  14/4/2018  •  2.078 Palavras (9 Páginas)  •  307 Visualizações

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O vilões que classificam racialmente de acordo com as diferenças utilizam práticas terroristas. "O terrorismo é a alternativa política de grupos que tentam elaborar formas de conduta violentas pela qual possam reivindicar espaços e exigir mudanças" (JUNIOR, 2013). Para Tosi (apud, JUNIOR, 2013) esse ato terrorista não é direcionado necessariamente às pessoas que influenciaram tal revolta [como nas guerras].

As ações de terror racial podem se dar de diversas formas como perseguição, assédio e assassinato. E a base ideológica para tal era a eugenia. "O outro é entendido como perigo contaminador da pureza de raça ou de uma comunidade" (JUNIOR, 2013) [o princípio eugenista é o de "purificação da raça” considerada superior, a partir de seleção reprodutiva, evitar miscigenação etc]. Essa ideologia pode ser notada nos mutantes do mal que partem do princípio de quererem isolar e eliminar os humanos, que segundo eles são inferiores.

Os mutantes que seguem essa ideologia sofreram com alguma marginalização nas suas vidas. Nos quadrinhos dos X-Men aparecem imagens de retórica racial [“retórica racial” seria as respostas do oprimido como "reflexo" da opressão?]. Nos anos 1950 e 1960 nos EUA ocorreram notadamente muitas lutas por direitos civis, em questões raciais, sexuais e de gênero. "A contestação de uma série de valores ocidentais ou a inversão de alguns deles por meio da valorização da diferença racial foi um contexto que preencheu a mídia americana nos anos de criação dos X-Men por Stan Lee e Jack Kirby." (JUNIOR, 2013)

"Tanto Xavier quanto Magneto eram e são racialistas, embora apenas este último seja racista." (JUNIOR, 2013). As situações tratadas nos quadrinhos são metáforas de situações sociais. [Então metaforicamente, os X-Men seriam minorias buscando seus diretos?]

Os novos outros nos mutantes: XS-Men nos anos 1970

Nos anos 1970, após mudanças na equipe editorial, os quadrinhos sofreram mudanças. Os personagens iniciais passaram a não ser a aborados, permanecendo apenas o Ciclope. A maioria dos personagens não eram americanos, visto que o novo foco era que a equipe fosse internacional. Dentre eles, de diversas nacionalidades, haviam aqueles que possuíam histórico de difícil aceitação nos EUA como índio (Pássaro Trovejante), negro (Tempestade) e imigrante (Banshee).

Para Marchette (1991 apud JUNIOR, 2013) nos EUA há o senso comum de reconhecer o país como de origem branca-cristã-protestante, mas ser um melting pot [mistura] internacional graças a negros, imigrantes e indígenas. Enaltecendo parte da população e promovendo um apagamento étnico da outra. Nos comics,o índio Pássaro Trovejante tem uma participação rápida, durando apenas duas edições. A negra, Tempestade é mostrada de forma estereotipada, com atributos com que os americanos consideram os africanos: exótica, selvagem e primitiva.

A criação da personagem Tempestade foi contemporânea ao movimento Black Power

[...] movimento do Poder Negro (Black Power) nos EUA, que tinha posto o conceito de “negro” de cabeça para baixo, despindo-o de suas conotações pejorativas em discursos racializados, transformando-o numa expressão confiante de uma identidade afirmativa de grupo. O movimento do Poder Negro urgia os negros norte-americanos a construírem a “comunidade negra” não como uma questão de geografia, mas antes em termos da diáspora africana global. Evitando o “cromatismo” – a base de diferenciação entre negros segundo o tom mais claro ou mais escuro da pele – “negro” tornou-se uma cor política a ser afirmada com orgulho contra racismos fundados na cor. (BRAH, 2006, p. 333)

Com a visibilidade do movimento, a mídia passou a produzir mais conteúdo voltado ao público negro. "A criação dos personagens mutantes estava associada à promoção dos direitos civis e das políticas de identidade no debate político americano" (JUNIOR, 2013). Mas em X-Men predomina a brancura e a heterossexualidade apagando a discussão de movimentos importantes, como o movimento negro.

Outra mudança nessa década foi a criação de mutantes com características físicas anormais mais aparentes, como o Wolverine que possui garras de metal, e o Fera com o corpo coberto por pelos azuis, fazendo com que muitos não consigam "disfarçar" suas diferenças. Alguns possuem poder ilusionista que faz que com as pessoas o vejam como aparência humana, o que configura dissimulação racial e internalização do racismo.

Ao entrar nos anos 1980, as cenas de terror racial se tornam ainda mais constantes, e a eugenia cresce causando genocídios, em referência ao nazismo. O historiador Novick (1999 apud JUNIOR, 2013) intutula de "americanização do holocauso". O aumento das imagens de violência é devido à demanda dos leitores, pois isso os chama atenção.

Terror racial e sublime negativo no século XXI

A continuidade de X-Men mostra o interesse e familiaridade do público com histórias com padrões raciais e mostra a banalização as imagens de raça e terror racial, que incluem aspectos como animalização, humilhação, desumanização, eugenia e positivação [O que seria essa "positivação"? O autor coloca que a racialização está tanto na base do racismo quanto da positivação racial, e pode ser tanto problema como solução. Essa solução seria respeitar as diferenças?]. "Todas as soluções ficcionais montadas para o dilema da diferença humano-mutante lidam com o racismo e assim constituem um processo histórico de racialização da diferença na ficção dos comics" (JUNIOR 2013)

O racismo é a base das ideias eugenistas do terrorismo, que é apontado como solução positiva na trama, sendo portanto redentora. Um exemplo é uma história onde uma mutante que se considerava mais evoluída incentiva um genocídio de um país, contabilizando 16 milhões de mortos.

Em outra história um grupo de humanos denominado U-Men tenta modificar os próprios corpos, retirando parte dos corpos de mutantes e colocando em sí mesmos, num discurso evolutivo, porém sem aderir ao código genético, mas alterando apenas esteticamente. Os humanos tem seu momento de redenção com as características adquiridas, sem mudar sua genética, enquanto que os mutantes são mortos.

Essas observações mostram que noção de raça não caiu em desuso, mas foi alterada. A biologia contemporânea trabalhou avidamente na exploração das concepções evolutivas, e, embora tenha desabilitado

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