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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS

Por:   •  11/11/2018  •  3.339 Palavras (14 Páginas)  •  218 Visualizações

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2-CRIANÇA E INFÂNCIA

Atualmente, cada vez mais tem se discutido sobre a concepção de infância. Essa discussão já vem há várias gerações, em diferentes contextos e momento histórico, com o intuito de assegurar à criança o direito de viver em plenitude essa fase tão importante, pois hoje, garantir o direito a viver a infância é a primeira preocupação da educação infantil, juntamente com a formação e o desenvolvimento da criança. A concepção de criança e infância não está pronta, continua a ser construída a cada dia, mas já sofreu grandes e favoráveis mudanças. Antigamente o conceito de infância era bem diferente, como podemos ver nessa citação:

Na antiguidade a criança era tida como fruto de um estigma, pois representava o pecado da carne, que lhe dera origem, o pecado original. [...] as pias batismais eram propositadamente construídas em locais, de forma a evitar a passagem do bebê, ainda pagão, pelo interior das igrejas da época. Acreditando-se na maldade intrínseca da criança, havia todo um consenso de que era preciso vigiá-la e discipliná-la, e sua educação deveria ser, por isso, essencialmente corretiva e disciplinadora. Não havia ainda uma parte da ciência que se dedicasse especificamente ao assunto educação, e a pedagogia era apenas um pequeno ramo da teologia que indicava a doutrinação como meio de tornar boa a criança. (RIZZO, 2006, p. 21-22).

Durante várias gerações observamos mudanças quanto à concepção de infância, que, embora lentas, têm caminhado para melhor. Porém, ainda há muito que se fazer para garantir o pleno desenvolvimento da criança, e nessa perspectiva levou em conta as diferentes culturas que são construídas a partir das ressignificações que elas fazem das ações dos adultos tornando-se assim sujeitos que recriam o seu modo e a sua forma de entender e compreender aspectos do mundo, sujeitos construtores de uma cultura própria. Nos DCNEI (DiretrizesCurriculares Nacionais para a Educação Infantil) a visão de criança com suas necessidades e especificidades foi o tema de suma importância na sua elaboração:

Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento conforme experimenta sensações de desconforto ou incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim busca compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com outro ser humano, seja com objetos. (Pag. 7)

Particularmente no Brasil temos uma boa legislação que se propõem a proteger a criança desde o nascimento. Infelizmente, sabemos que na prática muitos desses direitos são deixados de lado, dependendo do contexto social em que a criança vive, o próprio Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) descreve:

Que é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe social a qual pertencem e do grupo étnico do qual fazem parte. Boa parte das crianças pequenas brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adverso que a conduz desde muito cedo a precárias condições de vida e ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças são protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e da sociedade em geral todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento. Essa dualidade revela a contradição e conflito de uma sociedade que não resolveu ainda a grande desigualdade social presente no cotidiano. (BRASIL, 1998, p. 21).

Ainda sobre o conceito atual de infância Kramer (2001,p.19) diz que:

A idéia de infância, como se pode concluir, não existiu sempre, e nem da mesma maneira. Ao contrário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a inserção e o papel social da criança na comunidade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura. Este conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade.

Enfim, podemos concluir que as concepções de infância vêm sendo construída ao longo dos tempos de acordo com a organização de cada sociedade, e ainda temos grandes obstáculos para garantir uma infância digna para todas as crianças.

3- A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A avaliação é o que me possibilita o exercício do aprendizado do olhar. Olhar é como sair de dentro de mim para ver o outro. É partir da hipótese do momento da educação que o outro está para colher dados da realidade, para trazer de volta para dentro de mim e repensar as hipóteses. É uma leitura da realidade para que eu possa me ler (FREIRE, 1989).

Na década de 80 por meio de estudos e pesquisas, passou-se a discutir a função da creche e da pré-escola, universalizando-se a importância da educação infantil para a criança, independentemente de sua condição social e passou-a vê-los como um direito social básico. Existia a seguinte divisão social: creche de 0 a 3 anos para crianças pobres e com caráter exclusivamente assistencialista, voltada para a higiene, saúde e alimentação e para as crianças de classe média e alta a pré-escola. Esta era vista como a porta de entrada para a educação e a partir dela que começaram os processos avaliativos dentro das Instituições.

Começava as discussões e as preocupações com as questões educativas e a pressão das famílias de classe média por propostas pedagógicas, em um elemento de controle para formalizar e comprovar o trabalho pedagógico feito em sala de aula com as crianças, refutando o modelo anterior do assistencialismo. A prática avaliativa servia primeiramente mais como um controle da escola e dos professores pelas famílias do que uma preocupação com a aprendizagem em si.

Evidenciando a falta de interesse com o educando e o seu desenvolvimento, sem objetivar o desenvolvimento em benefício da criança, com caráter muito mais classificatório e seletivo, do que de acompanhar, observar dia-a-dia da criança registrando as suas conquistas e descobertas. Isso acontece porque o modelo de avaliação na maioria das Instituições ainda segue o padrão lamentavelmente do modelo do ensino fundamental (HOFFMANN, 2000,

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