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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  3/10/2017  •  7.791 Palavras (32 Páginas)  •  691 Visualizações

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2 DESENVOLVIMENTO

A educação da criança, por muito tempo, esteve a cargo da família visto que a convivência com os adultos e outras crianças permitia que ela aprendesse normas e regras da sua cultura, vivendo em neste espaço familiar de socialização.

De acordo com Kramer (1993, p.18):

[...] é só a partir da década de 70 que a importância da educação da criança pequena é reconhecida e as políticas governamentais começam a, incipientemente, ampliar o atendimento, em especial das crianças de 4 a 6 anos. No entanto, essa educação não está segurada na legislação, o que, evidentemente, dificulta a expansão com qualidade da educação para esse nível.

Essa expansão do atendimento à criança pequena se deu em decorrência das inúmeras transformações tecnológicas, políticas e econômicas que atingiram o mundo do trabalho, possibilitando a entrada da mulher no mercado de trabalho, mudando então a forma da família educar e cuidar dos seus filhos. Cresceram as instituições, cuja identificação passou a ser creches, escolas maternais e jardim de infâncias, com objetivo maior de atender os filhos de trabalhadoras. Conforme Dias (2007, p. 25):

As instituições de educação infantil se configuram como um local onde a convivência com outras crianças e adultos, diferentes dos familiares, exige a ampliação do desenvolvimento das capacidades de relacionamento interpessoal num grau de complexidade maior que aquelas requeridas num ambiente familiar.

Desde então, a educação infantil não tem mais a função de substituir os cuidados que a família eventualmente não possa suprir, mas assume uma nova função, a de complementar a educação da família, no quesito pedagógico.

A expressão Educação Infantil passou a ser reconhecida a partir de 1988 na Constituição Federal, que estabeleceu que os direitos das crianças, deveriam ser zelados e garantidos pelo Poder Público, pela família e pela sociedade, onde as creches não teriam mais o caráter assistencial, mas sim educacional, sendo incluídas juntamente com as demais etapas de ensino. Essa concepção se expressa, no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 que reconhecem a Educação Infantil como direito da criança. Essa nova forma de olhar a criança destaca seu direito de ser criança, direito de amor, direito de divertir, direito de querer e de não querer direito de opinar e direito de sonhar, através da Constituição Federal a criança e o adolescente deixou de ser considerado como objetos de ação e passaram a ser indivíduos com direito à participação.

No final da década de 1990, foram elaborados dois documentos nos quais vamos destacar o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), constituído a partir das concepções de criança, infância e educação, propondo-se a guiar e fundamentar a prática pedagógica em nível nacional. O documento foi instituído em 1998, servindo como orientação para a elaboração dos projetos educativos voltados ao conhecimento da realidade social e cultural das crianças e que promovessem ações que correspondam às demandas das crianças e é composto por três volumes, cujo objetivo é instrumentalizar os educadores na prática educativa cotidiana com as crianças em creches e pré-escolas brasileiras, respeitando-se a diversidade cultural do país e os estilos pedagógicos dos profissionais.

Neste contexto, desenvolvendo seu papel, a instituição de Educação infantil tem uma função importante na apropriação, pela criança, da experiência cultural acumulada e um trabalho de acolhimento, levando-as a desenvolver e participar de projetos que envolvam a existência do ser, despertando valores e atitudes de responsabilidade e compromisso consigo mesmo, com a família e com a sociedade. Portanto, a perspectiva principal da Educação Infantil, é trabalhar não só com o conhecimento, mas com a cultura e identidade de cada criança, sendo necessários adaptar um currículo flexível e passível sem perda de conteúdo aos demais, com objetivo na redução de barreiras atitudinais e conceituais, mediando o desenvolvimento integral da criança. A construção da aprendizagem constitui-se por meio das diversas atividades cotidianas, que por sua vez possuem uma intencionalidade educativa promovendo assim a interação e a descoberta da criança frente ao mundo e as coisas que estão ao seu redor. Nessa perspectiva, a avaliação deve surgir como um subsídio para o professor compreender melhor o desenvolvimento da criança a fim de mapear, gradativamente seu crescimento cognitivo, social e afetivo, observando e registrando as etapas percorridas.

Conforme Hoffmann:

Um dos pressupostos básicos dessa prática é justamente torná-la investigativa e não sentenciva, mediadora e não constatativa porque é a dimensão da interação adulto/criança que justifica a avaliação em educação infantil e não a certeza. Os julgamentos, as afirmações inquestionáveis, sobre o que ela é ou não capaz de fazer (HOFMMANN, 2009, p. 17).

Segundo Hoffmann (2009), na educação infantil, o professor deve propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com outros numa atitude básica de aceitação, respeito e confiança; assim como o acesso aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. Portanto, a prática educativa na Educação Infantil necessita, essencialmente, da observação e do olhar do educador frente à realidade cotidiana das relações entre adulto/criança e criança/criança.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), ao se referir sobre à educação infantil, em seu artigo 31, diz que, neste nível, “...a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”.

Fica evidente, aqui, que o principal objetivo da avaliação na educação infantil não é o de promoção, ou simplesmente o de julgar, mas, prioritariamente, o de acompanhar o desenvolvimento da criança em uma ação dialógica. Sendo assim, a avaliação faz parte das propostas pedagógicas, e devem ser explicitadas

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