Freud: a sexualidade humana, a curiosidade infantil, as teorias sexuais infantis e o complexo de castração.
Por: kamys17 • 26/9/2017 • 1.431 Palavras (6 Páginas) • 748 Visualizações
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desejo.
O complexo de castração dos meninos, pode ser descrito em quatro tempos. No primeiro tempo: todo mundo tem um pênis semelhante ao seu. A descoberta que algumas pessoas não o possuem, frusta esta teoria e abre o caminho para a angústia de um dia vir a ficar sem. Em um segundo tempo, segundo Freud, o pênis é verbalmente ameaçado pelo pai. Estas ameaças de castração objetivam proibir práticas auto-eróticas e implicitamente a renúncia às fantasias incestuosas.
No terceiro tempo: a ameaça torna-se bastante real quando o menino descobre visualmente não a vagina, mas a falta do pênis no outro ser (na menina). Mas, ainda assim, o menino acredita que o pênis da menina ainda vai crescer. No quarto tempo: o menino percebe que a sua própria mãe é desprovida do pênis e é neste momento que surge realmente a angústia da perda de seu órgão peniano. Esta angústia de castração é inconsciente. Sob efeito da angústia de castração que o menino opta por salvar o seu pênis e aceitar a lei da proibição e desistir da mãe como parceira sexual. Com o reconhecimento da lei paterna e da renúncia a mãe encerra-se a fase do amor edipiano.
O complexo de castração na menina também parte da teoria da universalidade do pênis e também culmina com a separação da criança e a mãe. A mãe tem um papel importante, mas se para o menino a angústia é o que leva a separação, na menina é o ódio. É o complexo de castração na menina que possibilita o surgimento do amor edipiano pelo pai. O Édipo da menina não termina com a castração. Esquematicamente podemos dividir o complexo de castração feminino em três tempos. No primeiro tempo: reina a teoria sexual infantil da universalidade do pênis, ignora-se a vagina e a menina acredita que o seu atributo clitoriano se assemelha ao pênis. No segundo momento ante a visão de um pênis ela vivencia que já foi castrada, e surge a inveja de possuir aquilo que viu e do qual foi castrada. No terceiro tempo: a menina toma consciência que a sua própria mãe também foi castrada. Então, a mãe é rejeitada pela filha e o ódio primordial da primeira separação (perda do seio materno) anteriormente recalcado ressurge e a menina passa a escolher o pai como seu objeto de amor.
A menina pode vir a ter três atitudes distintas perante a evidência da ausência peniana, o que será decisivo para o destino de sua feminilidade. A reação esperada, qualificada como “normal” por Freud é a vontade de ter substitutos do pênis, ela é caracterizada por três mudanças. Inicialmente ocorre o reconhecimento da castração com a mudança do objeto de amor ( a mãe cede lugar ao pai) e inicia-se o complexo de Édipo feminino, que prosseguirá ao longo de toda a vida da mulher. A segunda mudança é o deslocamento da libido do clitóris para a vagina. E a terceira mudança seria a do objeto desejado: vontade de gerar um filho (com a passagem da vontade de acolher no corpo o pênis para a vontade de ser mãe).
Outra reação possível seria a vontade de ser dotada do pênis com a negação do fato de sua castração. Segundo Freud, o complexo de masculinidade da mulher pode também concluir-se numa escolha de objeto homossexual.
E por fim, outra reação possível diante da falta do pênis é a de ausência de inveja do pênis. Na qual a menina desvia-se de maneira generalizada de toda a sua sexualidade, se recusando a entrar em rivalidade com o menino devido a sua grande e vidente desvantagem anatômica.
Referências Bibliográficas:
1-FREUD, S. (1905/2006) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, v. 07.
2-FREUD, S. (1908/2006). Sobre as teorias sexuais das crianças. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, v. 09.
3-NASIO, J.D. Lições sobre os 7 conceitos cruciais em psicanálise. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed,1997.
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