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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: Desafios muito além de um simples método

Por:   •  2/9/2018  •  7.462 Palavras (30 Páginas)  •  227 Visualizações

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Para comunicar suas idéias e interpretar, os alunos precisam compreender a sua participação no processo de ensino-aprendizagem. Com isso o professor se torna um agenciador dessa consciência. A possibilidade de escrever sobre Letramento e Alfabetização pressupõe pesquisa prévia, leitura, análise, reflexão, construção e reconstrução de pensamentos e conceitos. Portanto, a possibilidade de escrever sobre algo é um valioso caminho para elaboração e reelaboração de propostas e projetos de trabalho.

Aprender a ler e a escrever sob a ótica de uma proposta construtiva nos permite compreender que alfabetização e letramento não se dissociam e nem são sequenciais. Não há como conceber, também, a ideia de que alfabetização possa ser substituída por letramento. Além disso, um não é um prerrequisito para o outro. O importante é conciliar esses dois processos.

Assim como a alfabetização e o letramento são processos que caminham juntos, este trabalho, em específico, busca repensar a aquisição da língua escrita, baseado no alfabetizar letrando. Com isso podemos salientar que quando pensamos em processo ensino-aprendizagem, não podemos separar dois termos: alfabetização e letramento, pois quando encaramos aprendizagem de escrita como técnica e forma de ingresso à cultura letrada, é preciso possibilitar a criança tenha um desenvolvimento integrado com o mundo e atuante sobre ele.

Refletindo sobre isto, surgiu um anseio pela evolução de muitas reflexões sobre práticas pedagógicas no campo da alfabetização e letramento, assim como suas peculiaridades, com a seguinte pergunta, quais os melhores métodos e estratégias que podem ser praticadas pelo docente para alfabetizar/letrando?

Na busca pela resposta de minhas inquietações, tentando entender como se dá a aprendizagem da leitura e escrita, centrei minha pesquisa no mediador deste processo, o professor, através de pesquisa exploratória, com observação e entrevista semiestruturada.

Visando fundamentar o assunto, recorri a algumas referências

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bibliográficas para utilizá-las como argumento teórico, a fim de construir o alicerce de minha argumentação.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. 1 Alfabetização e Letramento: Princípios e processos

Um educador consciente de seu papel no processo de alfabetização realiza um trabalho de ação pedagógica que enfoca o desenvolvimento e a construção da linguagem. Segundo Luiz Carlos Cagliari “de tudo o que a escola pode oferecer aos alunos é a leitura, sem dúvida, o melhor, a grande herança da educação”.( Cagliari, 2009, p.160)

Paulo Freire destaca que a atividade de leitura/ escrita deve ter como base a leitura do mundo feita pelo educando e não apenas uma transmissão de conhecimentos. Portanto, é necessário que esta atividade de leitura e escrita seja dinâmica e realizada com a integração do sujeito no seu mundo social. Ele atribui à alfabetização a capacidade de levar o analfabeto a organizar reflexivamente seu pensamento, desenvolver a consciência critica, introduzi-lo num processo real de democratização da cultura e de libertação. ( Freire, 2000, p.25).

O termo letramento provém de literacy, uma palavra inglesa vinda etimologicamente do latim ‘littera’ (letra), com o sufixo –cy, que denota qualidade, estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever”. Ou seja: literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever. Implícita nesse conceito está a ideia de que a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas e linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, que para o individuo que aprende a usá-la. ( Soares – 2003, p.17).

Este destaque mostra de forma clara o quanto o letramento é significativopara o desenvolvimento do indivíduo nesta sociedade cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica) em que vivemos.

Nesse novo conceito, o indivíduo não deve ser considerado letrado, apenas se versado em letras eruditas, mas, sim, quando faz o uso necessário da leitura e da escrita na prática social.

É possível notar, no dia a dia, quantas pessoas, embora alfabetizadas,sentem profunda dificuldade em expressar-se de forma escrita. Da mesma maneira há pessoas não tiveram oportunidade de adquirir a prática da leitura

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e escrita, porém demonstram grande facilidade em expressar-se.

Sendo assim, oletramento é o que as pessoas fazem com suas habilidades para leiturae escrita no contexto social em que atuam, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais. Acredito que o letramento é uma forma de socialização no meio em que vivem.

A autora Magda Soares explica que o aparecimento do termo «letramento» está associado ao fenômeno da superação do analfabetismo em uma sociedade que vem, progressivamente,valorizando a escrita:

À medida que o analfabetismo vai sendosuperado, que um número cada vez maior de pessoas aprendem a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoasse alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com as práticas sociais de escrita (...) Esse novo fenômeno só ganha visibilidade depois que é minimamente resolvido o problema do analfabetismo e que o desenvolvimento social, cultural, econômico e político traz novas ,intensas e variadas práticas de leitura e de escrita,fazendo emergirem novas necessidades além de novas alternativas de lazer. (Soares, 2006, p.45/46)

Podemos considerar, então, o letramento como a satisfação de umanecessidade que, em nossa sociedade, tem se transformado algo imprescindível para uma completa inserção do indivíduo em seu meio social. Entretanto, quando ele não a alcança, sente - se inferiorizado comoconsequência do seu despreparo para enfrentar, tanto os mais simples requisitos de qualificação básica, ou requisitos mais complexos de leitura, escrita e interpretação de conceitos, como acontece em organizações complexas, como das

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