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Aspectos Verbais Segundo Bagno

Por:   •  16/12/2018  •  3.385 Palavras (14 Páginas)  •  489 Visualizações

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O inceptivo traduz o inicio de um evento

(116) “Foi chegando sorrateiro/ e antes que eu dissesse não/ se instalou feito um posseiro/ dentro do meu coração”. (“Teresinha”, Chico Buarque)

Cursivo traduz o prosseguimento de um evento

(117) Eu estudava num colégio que entrou em uma obra [...] (NURC/RJ/18)

Terminativos traduz a conclusão de evento

(122) levaram o dia inteiro para arrumar a canoa ... quando acabaram de arrumar... já estava na hora de vir embora...(NURC/POA/45)

Já o aspecto perfectivo, como o nome indica, é a representação da coisa pronta e acabada. Ela pode ser pontual ou resultativo.

Pontual

(135) na escola ele aprendeu rapidamente a ler... e começou a ler os livros que nós já tínhamos lido para ele, não é? (NURC/SP/360)

Resultativo

(137) Vários se tornaram juízes classistas, vários foram agraciados com benefícios, títulos, até hoje alguns, ainda restam ... (NURC/RJ/096)

Debrucemo-nos agora sobre outro elemento semântico do verbo, o modo. O modo se diferencia do aspecto precisamente por comportar um conjunto de tempos, enquanto o aspecto traduz a apreciação que o falante faz de algo que se passa num único segmento temporal. A TGP nos ensina que existem três modos verbais – indicativo, subjuntivo e imperativo – cada um deles com seus tempos. O indicativo tem presente, pretérito perfeito simples, pretérito simples, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito – além dos chamados “tempos compostos”. O subjuntivo tem presente, pretérito imperfeito e futuro, além de seus compostos. O imperativo se divide em afirmativo e negativo, são ao todo 18 tempos verbais sem incluir as forma nominais do verbo.

O modo condicional do verbo é usado em sentido hipotético da sentença, aplicada em três tempos um presente e dois passados. BAGNO 2011, quando analisa o corpus NURC, percebe 95,5% dos falantes utilizam de usos modais (condicionais) contra 4,5% de usos temporais (futuro do pretérito), em que observou que os únicos falantes a usarem os modos temporais são pessoas que tem um trabalho formal. Logo, por isso é natural que em momento de pesquisa saibam condicionar muito bem seus discursos aos moldes normativos.

A estrutura sintática que caracteriza o futuro do pretérito é aquela em que esse tempo co-ocorre na sentença subordinada com outro verbo no pretérito perfeito ou imperfeito na principal, gerando assim uma correlação temporal entre um evento passado e outro evento lançado para diante, mas ainda dentro do passado.

Os dados da pesquisa de Bagno demonstra também a predominância do verbo ser (29,65%), nada que surpreenda, pois da língua esse é o verbo que mais frequentemente é empregado na formulação de hipóteses e desejos, já o verbo poder é classificado como modal, classe de verbos auxiliares a porcentagem de uso é de 17%, ele é o mais modal de todos, tanto que sempre ocorre seguido de infinitivo. Outra característica do futuro do pretérito é o seu emprego em enunciados onde também é possível empregar o subjuntivo, ou seja, na enunciação de hipóteses, desejos, dúvidas.

Já o modo subjuntivo é aquele que permite ao falante expressar a ação ou estado denotado pelo verbo como um fato irreal, ou simplesmente possível ou desejado, ou quando se deseja emitir sobre o fato real um julgamento. Os verbos nesse modo ocorrem primordialmente em sentenças subordinadas (‘ordenadas por baixo’). Mesmo quando ocorrem numa sentença aparentemente principal, os verbos no subjuntivo estão, de fato, numa estrutura subordinada em que a sentença principal foi suprimida, mas que a marca da conjunção identifica a presença não marcada do termo. Por isso os europeus também a chamam de conjuntiva, por ser introduzida por uma conjunção. No entanto, como as conjunções também introduzem verbos no indicativo, é mais adequado designar esse modo como subjuntivo. O português é, das línguas românicas, aquela que o subjuntivo é empregado em todos os tempos verbais, simples e compostos

É importante mencionar que no PB, em diversas regiões o subjuntivo entrou em desuso, por exemplo em Minas Gerais, é comum vê falantes altamente letrados proferir construções como Você quer que eu vejo isso para você? Também é comum a ocorrência do indicativo depois da conjunção se, no lugar do subjuntivo. Por outro lado variedades nordestinas sobrevivem o uso do subjuntivo quando na sentença principal aparece a negação do verbo saber. Esse uso decrescente do subjuntivo em PB se percebe pela substituição desse modo pelo indicativo em construções desiderativas, dubitativas, concessivas.

A explicação para o declínio do uso do subjuntivo nas línguas que têm esse modo em seu sistema gramatical pode ser encontrada, nos postulados de economia linguística. A inexistência de uma morfologia própria para os verbos subordinados a uma sentença principal, como ocorrem em tantas línguas no mundo, atribui equivocadamente o aspecto de “luxo”, e o que é luxo e supérfluo, logo excessivo, desnecessário. Contudo, não pode-se negar os atributos que o falante da língua pode usar para demonstrar por meio dela ideias de dúvida, desejo, hipótese. Só que a também de se considerar sua redundância, pois repete na morfologia, a modalização que já vem contida na o que a semântica já conseguiu abranger.

E o modo imperativo que é tradicionalmente descrito como aquele em que o falante emite uma ordem, um comando, uma exortação, um pedido. Não corresponde em aos usos que o falante imprime aos mecanismos linguísticos. Até porque, por exemplo, o tu no PB, expressa uma variação regional. E o vós que é um índice de pessoa que não usa-se em nenhuma parte do território brasileiro . E mais na língua portuguesa usual não se utiliza todos os elementos que a gramática normativa sempre ensina. O modo imperativo divide-se em o imperativo afirmativo e o imperativo negativo.

O imperativo afirmativo na 2ª pessoa do singular tu se forma com a supressão do s final da conjugação do presente do indicativo. Agora, se o falante trata seu interlocutor por você, emprega-se a forma da 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo: [que] ele fale → fale você. E mas, no Brasil o tu é marca para identificar um falante nativo de uma região. Já o

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