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A MISTURA RELIGIOSA COLONIAL. ASPECTOS QUE RESULTOU EM BRASIL.

Por:   •  2/11/2017  •  2.460 Palavras (10 Páginas)  •  513 Visualizações

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quais eram devotos e pela grande quantidade de imagens, quadros ou amuletos dos santos, todos estes distribuídos sobre algum altar particular dentro das casas, tornando o mesmo, um lugar sagrado. A vida privada na colônia, assim como era na metrópole estava cercada se simbolismos de fé, como forma até de fazê-los não se esquecer da presença de Deus e das preces devidas a ele. Muitas das orações feitas eram quase sempre decoradas; e eles se dedicavam em sabê-las uma vez que uma das provas pedidas pelo Santo Ofício da Santa Inquisição era que recitassem as orações e também os mandamentos da Lei de Deus e também os cinco da Lei da Igreja.

Nas casas eram comuns os oratórios, alguns pequenos, porém na casa de famílias mais abastadas um quarto inteiro dedicado aos santos não era raro. Além das imagens bentas de santos, algumas relíquias verdadeiras, além de alguns talismãs tolerados pela igreja também se encontravam nesses locais. Só que a presença desses objetos de devoção por vezes fazia os devotos fugirem das regras da Santa Igreja, alguns exercendo sem direito o papel de vigário, celebrando sua própria missa em sua capela particular, e outros se sentindo no direito de pregar castigos aos santos, caso esses não escutassem, ou então para agilizar o cumprimento de suas preces.

A oração não era completa por si só; a penitência lhe proporcionava a peça complementar que lhe faltava. O colono católico acreditava que sem obras a fé de nada valia, por isso a pratica de mortificações, o ato de flagelação em detrimento do corpo para se alcançar a purificação da alma acontecia tanto no âmbito publico, como no privado, tanto pelos colonos comuns, como também pelos religiosos. As praticas religiosas durante o período colonial estavam sempre ligadas à uma forte emoção e devoção, que muitas vezes de tão forte, se transformava em certa obcessão, marcada por infinitas praticas de orações à seus santos protetores, prediletos e seus anjos da guarda. Os quadros de milagres e também os ex-votos, refletem a relação intima de esperança disparada pelos fiéis à seus santos de devoção.

Os colonos da América Portuguesa podiam ser agrupados á grupos distintos se comparados seus “níveis de fé”, onde havia os católicos praticantes autênticos que eram fervorosos, aceitavam de bom grado os dogmas e a doutrina imposta pela hierarquia eclesiástica, demonstrando uma fé inquestionável. Havia os católicos praticantes superficiais que eram cumpridores apenas dos rituais católicos e deveres religiosos por obrigação e não por convicção. Outro grupo seriam os católicos displicentes que evitam participar dos sacramentos e das cerimonias, não por convicção ideológica mas sim por serem indiferentes à fé católica e praticar um rito heterodoxo e os pseudo-católicos que se diziam católicos por melhor lhes ser conveniente, mas somente para cumprir com as funções sociais e evitar a representação inquisitorial; esse grupo de falsos católicos eram formado em parte por cristãos-novos, animistas, libertinos e ateus, que guardavam crenças heterodoxas ou sincréticas.

O medo à condenação ao inferno ou então a passar um longo período no purgatório motivava o colono a ser fiel e seguir os preceitos da Santa Igreja com certo teor até de paranoia. Muitos se confessavam se possível todos os dias, praticava as orações com regularidade, porém se ainda sentissem que seu pecado talvez, ainda não havia sido perdoado, em uma tentativa desesperada “compravam” seu lugar ao céu, deixando até generosas quantias em terras e outros bens para a igreja, solicitando que rezassem missa à salvação de sua alma até quando possível. Outros talvez também movidos por esse medo, resultante em respeito e temor a Deus, dedicavam suas vidas em corpo e alma à autêntica vivência católica, vivendo em constante oração e mortificação; um bom exemplo disso são as donzelas recolhidas, que eram moças donzelas católicas fervorosas, que por não encontrarem uma instituição religiosa, já que era raro durante o período colonial, à qual pudessem se entregar à consagração ao Divino Esposo tanto de corpo como em alma, se recolheram em clausura em suas próprias casas.

Durante o período colonial havia uma intimidade entre o colono católico aos santos de suas casas que resultava em sentimentos de amor e ódio. A adulação, louvor, rituais de propiciação, de intimidação ou agressão física aos santos era comum. A devoção a Maria Santíssima era a mais comum, visto que era herança dos colonos herdada da Metrópole lusa; Muitos eram devotos também de Santo Antônio, já que este era considerado muito milagroso e sempre pronto ajudante a solucionar os problemas de causas e coisas perdidas. As preces rogadas à ele surtiam eficientes efeitos quando se tratava de negros fugidos; era uma santo, que prestava serviços de capitão do mato. As mulheres e seus “amores” perdidos também passaram a designar fervorosas preces a esse santo tão poderoso, porém quando não atendidas, atentavam contra a imagem a fim de lhe castigar para que este então atendesse pronto e rápido os pedidos a ele designado.

No âmbito privado, as praticas de simpatias, superstições, feitiçarias ou outras crendices se não as católicas eram consideradas praticas diabólicas pela hierarquia católica, porém era algo de difícil controle. Em casos de doenças graves em que os pedidos e orações a Deus e aos santos, ou então os remédios não fossem satisfatório, era para essas praticas em que eles buscavam auxilio, porém correndo o risco de condenação a excomunhão por exercerem essas práticas e também, caso tivessem em posse de objetos pertencentes a rituais heterodoxos, como por exemplo, bolsas de mandingas, pedra de ara e patuás. Durante os cultos os párocos eram advertidos a explicar aos fieis os males dessas práticas, porém na América Portuguesa parecia que o alerta dos padres não funcionava, uma vez que por toda parte se encontrava uma benzedeira ou rezadeira, além de adivinhos. As praticas entre o que era católico e o não católico se misturava na colônia de forma que tudo parecia ser válido, visto que o baixo clero permanecia indiferente, muito pelo contrário do alto clero que condenava veemente tais praticas. O “calundu”, um rito que era caracterizado pelo estrondo dos atabaques, canzás, botijas, castanhetas e de pandeiros, considerado o barulho que simbolizava a confusão do inferno, era comum em Minas Gerais. Tanto os sacerdotes quanto os fiéis mais fervorosos se mostravam impotentes diante dessas práticas, apesar de considera-las praticas diabólicas.

Alguns entre eles os cristãos-novos, os protestantes, os adeptos das religiões tribais ou de feitiçarias de inspiração europeia de certe forma eram negligentes

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