MULTILINGUISMO: UM DESAFIO NA EDUCAÇÃO
Por: Juliana2017 • 19/12/2017 • 3.723 Palavras (15 Páginas) • 325 Visualizações
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Quando tratamos do multilinguismo na sala de aula nos diferentes níveis de ensino deve ocorrer a reflexão do currículo, inovação curricular multilingue, ou seja, a utilização de diversos recursos para trabalhar conteúdos dentro desta temática. Segundo Moita Lopes (2002, p.16), “a escola é um dos espaços institucionais mais importantes para aprendermos a nos constituir como seres sociais e também para construirmos os outros”.
O Multilinguismo é o ato de dominar o uso de vários idiomas, aprendidas enquanto língua materna seja por uma pessoa individual ou por uma comunidade de pessoas.
Segundo Aronin e Singleton (2012, p. 6-7): “O termo multilinguismo deve ser compreendido tanto como uma capacidade de utilização de mais de uma língua na vida cotidiana, como um produto da habilidade humana de se comunicar em várias línguas”.
Um indivíduo multilingue pode comunicar-se em mais de uma língua de forma ativa ou passiva, e pode ter-se tornado multilingue a partir de experiências variadas.
Por contextos multilingues segundo Cavalcanti (1999, p. 386), que os define como os “cenários onde mais de uma língua é falada”.
O multilinguismo está se tornando um fenômeno social regido pelas necessidades da globalização e da abertura cultural. Graças à facilidade de acesso à informação causada pela Internet, a exposição das pessoas a múltiplas línguas está ficando cada vez mais frequente e fazendo com que haja a necessidade em aprender diferentes línguas.
O multilinguísmo é parte da condição humana, tornando-se um lugar privilegiado para se desvendar a natureza e consequências das diferenças, permitindo que se liguem as experiências e práticas individuais com as dimensões das estruturas sociais. Os estudos sobre multilinguismo, conectados com outras importantes áreas de atividades, principalmente com as políticas linguísticas (aprendizagem e ensino), possibilitam uma revisão destas questões como processo social e não mais como questões técnicas.
Os indivíduos tornam-se multilingues em situações diversas. O multilinguismo individual é resultado de um ou mais dos seguintes processos: desenvolvimento industrial, unificação política, modernização, urbanização e um maior contato entre diferentes comunidades locais. O indivíduo utiliza algumas línguas nas comunidades étnicas, e outras em sua educação e em seu trabalho.
Os ambientes multilíngues e multiculturais são aqueles caracterizados por uma grande “diversidade” de línguas e culturas. Essa diversidade cultural diz respeito ao
reconhecimento de conteúdos e costumes culturais pré-dados; mantida em um enquadramento temporal relativista, ela dá origem a noções liberais de multiculturalismo, de intercambio cultural ou da cultura da humanidade. A diversidade cultural é também a representação de uma retórica radical da separação de culturas totalizadas que existem intocadas pela intertextualidade de seus locais históricos, protegidas na utopia de uma memória mítica de uma identidade coletiva única. (BHABHA, 1998, p.63)
O multiculturalismo apresenta importantes contribuições para o desenvolvimento social, a justiça, a segurança e o diálogo intercultural, até recentemente, acreditava-se que os indivíduos se identificavam com suas comunidades devido a um conjunto de critérios positivos: o mesmo país, a mesma história e a mesma língua.
2.1 MULTICULTURALISMO NA EDUCAÇÃO
A formação de cultura é um diálogo com o intelecto humano e as transformações sócias econômicas, ou seja, está em constante transformação. A ação humana muda à natureza que, ao se transformar, gera nova necessidade econômicas e sociais levando o homem a se adequar ao novo contexto. Isso se aplica para a cultura como padrão de vida e também para a linguística. Cada vez mais, estudamos a transformação histórica que a língua portuguesa sofrera até agora. Na atualidade, permitimos a inserção da linguagem digital que alterará ainda mais a língua e cultura de nosso país. O multilinguísmo é o ato de usar ou promover o uso de vários idiomas, seja por uma pessoa ou por uma comunidade de pessoas, isto é, sendo um sujeito que aprendeu duas línguas no caso de estrangeiros e alunos de outra língua, mas a definição mais marcante é da coexistência de dialetos.
Segundo Nardi podemos conceituar como cultura:
As realizações - ou modificações - que o homem opera no mundo são o resultado, consciente ou inconsciente, material e não material, de toda a atividade intelectual, psíquica e manual do homem aplicado ao mundo e a ele mesmo. Trata-se de tudo o que se refere ao meio-ambiente e à sociedade, ou seja, a organização social, econômica e política que depende da cosmovisão, da ideologia e mais fatores. Aqui entram as produções e manifestações culturais. (NARDI, 2002, p.02).
Essa coexistência nos remete a um longo período histórico do Brasil, com os nativos aqui existentes e a chegada da portuguesa, ingleses, alemães italianos holandeses e outra que construíram para um país não com apenas suas línguas, porém, com uma variedade imensa de línguas dando origem a dialetos diferenciados de uma região para outra.
A dificuldade das escolas na construção de uma educação com uma identidade fica clara nas palavras de Tristoni e Silva:
No Brasil, coexistem com o português cerca de 180 línguas, dentre estas podemos encontrar as línguas nativas, de imigrantes colonizadores, de imigrantes dos países fronteiriços e de diversas partes do mundo atraídos por questões econômicas para a região de fronteira. Além disso, devido à extensão territorial do Brasil, podemos encontrar vários dialetos, ou seja, vários modos de falar o português de acordo com cada região. (TRISTONI E SILVA, 2011, p. 235).
O Brasil é um país com uma enorme diversidade cultural, fruto de influências europeias, indígenas e africanas. Cerca de 56 etnias de imigrantes contribuem para a formação do povo brasileiro. Muitos chegaram aqui com suas línguas e culturas e se espalharam de norte a sul do país. Além desses imigrantes, devemos considerar as populações indígenas que, antes da imigração, aqui habitavam e foram massacradas ou absorvidas por outras culturas, muitas chegando a desaparecer totalmente e outras submetidas ao processo de aculturação, perdendo até a própria identidade linguística - a língua materna ou primeira, o bem maior na manutenção e perpetuação de uma cultura.
Atenta-se para o fato
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