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A Resenha, portanto, descreve-se objetivamente, com alguns detalhes, a obra, sua finalidade e seu método ou estilo

Por:   •  10/12/2018  •  3.638 Palavras (15 Páginas)  •  326 Visualizações

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FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1998.

MACHADO, Anna Rachel, LOUSADA, Eliane, ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MOTTA_ROTH, Desiré. Redação acadêmica: princípios básicos. Santa Maria: UFSM, 2001.

EXEMPLOS DE RESENHAS DE OBRAS LITERÁRIAS/ARTÍSTICAS

A seguir, apresentam-se algumas resenhas produzidas em diversas situações de comunicação. Leia cada uma delas, procurando identificar se apresentam os elementos citados anteriormente.

Resenha 1:

Rito de passagem

Daniel Galera se consolida como um dos autores mais originais de sua geração

Beatriz Resende

Terceiro livro de Daniel Galera, de 27 anos, Mãos de Cavalo (Companhia das Letras; 192 páginas; 34 reais) é seu primeiro título por uma grande editora. Os anteriores, Dentes Guardados e Até o Dia em que o Cão Morreu, saíram pela Livros do Mal, da qual Galera era sócio. De algum modo, Mãos de Cavalo fala dessa trajetória de um autor da jovem geração rumo a um mercado mais amplo: a narrativa arma-se em torno de uma espécie de rito de passagem do protagonista. Dividindo a obra em duas partes que caminham simultaneamente, Galera entrelaça, com rara habilidade, a narrativa memorialística sobre um grupo de adolescentes de Porto Alegre – entre eles o personagem que dá título ao livro, Mãos de Cavalo (e só no final da história revela-se todo o sentido desse estranho apelido) – com o relato de um dia na vida de Hermano, um médico de sucesso. E tudo isso é conduzido por uma prosa marcadamente individual, que diferencia o autor como um dos melhores contadores de história da nova geração.

Apesar de ter nascido em São Paulo, Daniel Galera viveu a maior parte do tempo em Porto Alegre, o que bem se nota pelos "bás" e "gurias" de seus diálogos, nos quais o "tu" é sempre empregado com o verbo na terceira pessoa. A linguagem é concreta, com poucos adjetivos. Há relatos brutalmente físicos dos cortes e contusões que Mãos de Cavalo sofre na bicicleta ou no futebol. E a narrativa do cotidiano de Hermano lembra o detalhismo científico de Ian McEwan em Sábado. É no inesperado recurso a um realismo absoluto, nas descrições cruas de animais mortos e corpos ensangüentados que a escrita de Daniel Galera mostra sua qualidade mais original e até corajosa. Apesar dessa maturidade narrativa, o livro ainda tem seus momentos de juvenilidade. O percurso pelas disputas de videogame, pelos infindáveis campeonatos de downhill ou a súbita participação da mãe debilóide que diz "soninho" para que o marmanjo finja dormir não parecem mais caber numa literatura que, no quadro geral, conseguiu deixar para trás os relatos típicos do iniciante que ainda considera sua adolescência como um fenômeno especial. À medida que a narrativa vai se fechando e o leitor compreende a relação entre os personagens principais, Mãos de Cavalo revela-se como um belo romance de formação. No final, cumpre-se o rito de passagem, e o escritor está pronto – talvez, como seu personagem, solitário e dirigindo por uma terra hostil.

Fonte: Revista Veja, 26/04/06.

Resenha 2:

Reflexões do melhor amigo do homem

Em 'Flush', Virgínia Woolf surpreende público com diário de um cãozinho em plena Londres de 1840

Fernanda Couto

Olhos vivos, cor de amêndoa. Leve penugem dourada. Cachos pendentes sobre as orelhas. Um incrível senso crítico. Seu nome? Flush. Foi ele o responsável pelo mais bem-humorado romance de Virgínia Woolf. Mas engana-se quem pensa que Flush é fruto da criatividade de uma Virgínia Woolf excessivamente intimista e depressiva. O doce cãozinho realmente existiu. Em pleno verão inglês, 1931, Flush, de mansinho, despertou a curiosidade da escritora através da leitura de correspondências entre os poetas Robert Browning e Elizabeth Barrett, na qual Flush sempre aparece entre elogios, travessuras e broncas de sua dona, Elizabeth. “A imagem do cachorro deles me fez rir tanto que não pude deixar de dar-lhe vida”, confessou Virgínia a uma amiga.

Em Flush – memórias de um cão, a escritora assume um tom totalmente diferente de seus outros livros, tais como Passeio ao farol e Mrs. Dalloway. Suave e doce, mas não menos crítica, Flush é a biografia de um cocker spaniel, suas aventuras e impressões sobre o mundo, ou melhor, sobre a sociedade inglesa vitoriana e seus valores. Irreverência é o tom desta obra permeada de críticas e comentários ácidos sobre a Londres de 1840.

Apesar da língua afiada, Virgínia viu em Flush seu maior sucesso de vendas entre os leitores e unanimidade de crítica, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos. Mas o livro vai além. Sem desmerecer a espécie humana, as memórias de Flush poderiam ser muito bem comparadas as de um homem, ou ainda, aos ritos de passagem que o ser humano é obrigado a vivenciar ao longo da vida. Explica-se: o ingênuo Flush, quando filhote, corria solto pelos campos, no processo de apreensão do mundo e de si mesmo. “Amava tanto os raios de sol quanto um pedaço de rosbife”. Tudo muda quando o cãozinho é dado de presente à senhorita Barret e obrigado conhecer a cidade, a sociedade e os valores londrinos. Mirando-se no espelho, Flush se admira. Na rua, o cãozinho passa a notar os diferentes cães de raça e seus donos, as ruas limpas e a classe da Wimpole Street, bem como de seus moradores. A história não pára por aí. Flush ainda experimenta o ciúme, quando vê sua dona cortejada pelo senhor Browning e os maus tratos de um seqüestro.

Fim? Ainda não. Flush- memórias de um cão é um livro “três em um”. Além da crítica e das memórias do cocker spaniel, o livro conta com a bela e verídica história de amor entre os poetas Robert Browning e Elizabeth Barrett. De brinde, o leitor ainda leva trechos de cartas dos amantes e notas explicativas da própria Virgínia Woolf sobre locais e personagens históricos.

Todos esses argumentos, talvez, tenham rendido a Flush e à sua autora o merecido sucesso. Nada mal para uma Virgínia, cuja própria vida foi marcada por dramas, como a morte da mãe, que desencadeou o histórico de depressão da escritora,

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