RESENHA: O Mundo se despedaça
Por: Carolina234 • 6/12/2018 • 1.250 Palavras (5 Páginas) • 411 Visualizações
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“Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficasse em nossa terra. Agora, ele conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou com uma faca o que nos mantinha unidos, e nós nos despedaçamos”. (ACHEBE, 2009, p. 198).
Fica claro que os conflitos apenas aumentavam e agora não mais entre brancos e negros, mas negros e negros cristianizados. Um dos episódios de conflitos é retratado quando um cristão, Enoch, interfere no ritual tradicional da deusa da terra, retirando a máscara de um dos espíritos encarnado, fato que nunca havia acontecido anteriormente, uma ofensa sem tamanho.
Na tentativa de expulsão do missionário do local, uma reunião é marcada com o comissário europeu para firmar um acordo entre os que estavam em conflitos. Porém, Okonkwo e seus companheiros foram vítimas de uma emboscada e presos pelos guardas. Estabeleceram o valor de duzentos e cinquenta cauris para a libertação dos líderes, que permaneceram sob o domínio europeu por três dias, enquanto eram mantidos sem comida, água e açoitados, caso não fosse pago o valor, eles seriam enforcados. Os moradores de Umófia juntaram a quantia e entregaram aos europeus, libertando assim o preso.
Aqui entramos nos momentos de clímax e conclusão da obra, após serem libertos, nova reunião foi marcada para debater a situação de conflitos, porém os guardas brancos irromperam na reunião com ordens de suspensão do que estava acontecendo. Tomado pela ira e fúria, Okonkwo ataca um dos soldados e arranca-lhe a cabeça, fazendo com que os outros fugissem de medo.
Diferentemente das expectativas de Okonkwo, que esperava uma reação geral de seus pares, nada ocorreu, não houve revoltas nem transformações. Para Okonkwo estava clara a covardia de seus companheiros. Totalmente incrédulo com o que ocorria em sua terra, o homem comete um ato quase que impensável em sua sociedade: ele se suicida. Para os ibos, o homem que se suicidava não tinha uma morte digna.
Através dessa narrativa, Achebe nos entrega uma rica descrição da vida dos clãs dessa região, detalhes como a utilização de leques para espantar o calor, utilização de ditados relacionados à natureza, modelo de sociedade patriarcal, base da alimentação sendo o inhame, e a mortalidade infantil são apresentados ao longo da jornada de Okonkwo junto com diversas outras particularidades da cultura daquele povo.
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