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Invenção do Trabalhismo - Fichamento

Por:   •  20/10/2018  •  3.330 Palavras (14 Páginas)  •  251 Visualizações

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A preparação destas palestras semanais ficava geralmente a cargo de um pequeno grupo de homens que formavam um verdadeiro staff ministerial. Contudo, Marcondes não recebia textos prontos, fechados. A ele era indicada a temática e o curso da palestra, mas a montagem definitiva do discurso ficava a seu cargo pessoal.

Marcondes, em inúmeras ocasiões, identificava-se não como ministro, mas como um ‘’proletário intelectual’’ que apenas executivas um tipo determinado de trabalho naquele momento.

2- A criação do tempo festivo

Foi com o Estado Novo que teve inicio uma serie de comemorações oficiais que procuravam destacar certas datas, envolvendo a população em um calendário festivo. Evidentemente, o grande destaque cabia à figura do trabalhador, ao qual era oferecida especialmente a festa do 1º de maio.

O primeiro Dia do Trabalho comemorado pelo Estado Novo foi o do ano de 1938, quando o presidente Vargas discursou teor desta festividade. (...) O presidente anunciou na ocasião o regulamento da lei do salario mínimo e assumiu o compromisso de, a partir de então, sempre ‘’presentear’’ os trabalhadores com a realização na área da politica social.

Neste mesmo ano, a comemoração do primeiro aniversario de Estado Novo, a 10 de novembro, sugestivamente ganhou contornos distintos. (...) Foi nesta ocasião que Vargas, pela primeiro vez em uma festa de caráter trabalhista, usou o vocativo ‘’Trabalhadores do Brasil’’, que se transformaria em seu bordão ao encarnar o papel do líder das massas operários, e, não por acaso, inspiraria o titulo do programa radiofônico do Ministério da Trabalho.

(...) o Dia do Trabalho. (...) Era sempre uma comemorações de massas, na qual o Presidente em pessoa se encontrava e falava com os trabalhadores. Mais do que isto, era uma data que passou a ser aguardada pelos trabalhadores, já que era a ocasião em que se anunciava mais uma iniciativa governamental de peso no campo do direito social: o presente da festa.

Acentuando este fato e dando a ele nova perspectiva, havia a comemoração muito próxima do aniversario do Presidente, a 19 de abril. Nesta data era ele que recebia o presente, e por varias vezes o discurso de Vargas no 1° de maio se iniciou com um agradecimento pelas homenagens e apoio recebidos.

Estas três comemorações constituíam ocasiões chaves para a comunicação entre Vargas e a massa de trabalhadores. Diferenciados e com destaque para o 1 ° de maio, elas se reforçavam mutuamente e criavam um calendário de encontros significativos.

O que interessava destacar é que elas se integravam, ao mesmo tempo que precederam e redimensionaram a intenção básica de politica doutrinaria do Ministério do Trabalho após de 1942. Ou seja, elas estruturaram uma aproximação significativa e personalista entre autoridades e o publico trabalhador.

A essas ocasiões rituais, somavam-se mais três vale a pena mencionar: o 7 setembro e os dias de Natal e Ano-Bom. Nestes casos o publico a que se destinava a fala presidencial era mais difuso, e a temática que ela envolvia era necessariamente centrada em outos pontos que não a questão do trabalho.

De qualquer forma, esse conjunto de festividades, associava-se a outras praticas de propaganda deste departamento e também de outras iniciativas de autoridades estudantis e federais, e demostra o quanto se investiu na criação e na difusão na imagem do regime e de seu chefe.

3- O povo e o Presidente

Praticamente em todas as palestras Vargas era citado forma contundente.

A questão da construção da figura de Vargas – do mito Vargas – envolve uma reflexão especifica que extrapola os objetivos dessa analise. Mas é importante assinalar que este mito foi edificado em um espaço de tempo não muito longo e que coincide justamente com os anos do Estado Novo. É praticamente consensual reconhecer que em 1930 Vargas era um entre os homens que fizeram a revolução.

Como presidente legitimamente eleito, Vargas enfrentou um agitado período politico de 1934 e 1937, e o acompanhamento do processo golpista que culminou em 1937, não indica que, como chefe do Estado Novo de força, ele fosse a única solução possível.

Foi só a partir do Estado Novo que sua figura começou a ser projetada como a de um grande e indiscutível líder nacional. Em 1938 a maquina politica do Estado, tendo como cabeça o DIP, começou a articular, possivelmente, uma das mais bem sucedidas campanhas de propaganda politica do pais. Getulio Vargas era seu personagem central, de desde este ano ate 1944 o empreendimento não cessou de crescer.

As palestras de Marcondes certamente em muito contribuiran para tal divulgação, mas elas podem ser particularmente valiosas para o entendimento de uma faceta

especial desta contrução: a de Vargas, como pai dos pobres e líder das massas trabalhadoras. O ministro do trabalho iria caracterizar um certo tipo de imagem do Presidente, e mais ainda um certo tipo de postura diante do povo trabalhador.

Como a historia trabalhista de nosso pais se dividia em dois tempos – antes e depois de 30 – todas as providencias tomadas desde a revolução envolvendo a resolução da questão social eram atribuídas diretamente a Vargas.

Vargas era sempre o sujeito da ação: Vargas criou, denominou, estabeleceu, assinou, mandou executar ou cuidar para que, etc. Já o ministro cumpria suas determinações, discutindo com ele todos os projetos.

Nada se fazia sem o saber de Vargas, porque ele se adiantava aos próprios acontecimentos da realidade com sua antevisão de curso da história. De todas as qualidades que caracterizaram este grande homem, havia uma que era destacada nas falas de Marcondes e que o distinguia por excelência como um estadista: a clarividência.

O primeiro documento comprobatório da excepcionalidade do Presidente, criado repetidamente, era o discurso do candidato ainda em 1929, na esplanada do Castelo. Em seus termos embutido todo o programa de 15 anos de governo e toda a percepção politica de uma época.

A possibilidade da realização plena desta qualidade – a clarividência – repousa em dois fatores. No gênio da Presidente, capaz de, por sua inteligência superior, entender e resolver os problemas da nacionalidade em clima de harmonia, bem como à índole brasileira, e na sua imensa e particular sensibilidade, que o levava a franca e direta comunicação com o homem do povo, com a ‘’sabedoria das multidões’’.

O maior exemplo desta qualidade

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