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Ensino de Historia na Gestão de Paulo Freire

Por:   •  3/4/2018  •  22.865 Palavras (92 Páginas)  •  395 Visualizações

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O segundo ponto adotado para analise é dos conteúdos desses documentos. Além de refletir sobre os assuntos contidos nesses, esse ponto propõe analisar se os textos impressos estão redigidos da maneira original ou se houve alterações feitas pelos editores. Nesse trabalho, essa questão estará em destaque no capitulo três, na analise do segundo documento.

O ultimo ponto está relacionado a circulação e ao publico ao qual o texto foi dirigido. Sobre a primeira questão, circulação, não será possível nenhuma analise, pois sobre o assunto, não há nada impresso nos documentos. Sobre os leitores, é necessário entender que todo trabalho realizado por trás das publicações são direcionados a esses, e cada obra é adapta para que haja aproximação entre essa e seu publico alvo.

Esse trabalho, como exposto acima, te como objetivo apresentar o projeto e analisar pontos que diferenciavam esse dos demais, principalmente no campo da história. Porém não é um trabalho voltado ao enaltecimento ou critica sobre esse, é sim apenas uma reflexão sobre um projeto que pretendia quebrar um ciclo, classificado pela gestão, como tradicionalista e transformar a escola (espaço físico) e o ensino em algo que se encaixasse dentro dos conceitos de democracia e popular, segundo essa gestão.

Capítulo 1

Entre o final da década de 70 e começo da década de 80, o Brasil passava por uma série de mudanças. Depois de mais de duas décadas de ditadura, período de muitas lutas e conflitos diversos, o país voltava a ser um regime democrático. Não só as divergências internas, mas as transformações externas também influenciaram fortemente esse período.

Dessa forma, nos voltamos a cidade de São Paulo, a maior do país, como sendo o palco de grandes transformações [2] políticas, sociais e culturais, nos anos 80. Manifestações como as Diretas Já, um projeto de urbanização grandioso e o desenvolvimento econômico e cultural, faziam da cidade um lugar heterogêneo.

Na questão política, a cidade estava sobre a administração de prefeitos e governadores biônicos, ou seja, aqueles nomeados pelo Governo Federal. Essa situação só é modificada em 1985 com a eleição direta de Jânio Quadro, que já havia ocupado o cargo de presidente do Brasil de janeiro de 1961 a agosto do mesmo ano. A vitória de Jânio Quadros havia sido algo inesperado, já que as pesquisas apontavam o então candidato Fernando Henrique Cardoso, como o ganhador das eleições municipais daquele ano.

Mais uma vez o governo de Jânio Quadros é marcado pelo populismo e pela excentricidade. Ao mesmo tempo em que investia no desenvolvimento dos serviços de luz na cidade, na pavimentação de vias publicas e na reforma do Vale do Anhangabaú, também proibia o uso de biquínis e sungas no Parque do Ibirapuera (onde se localizava a sede da Prefeitura), e, fechava cinemas que exibiam, em sua opinião, filmes que feriam a moral cristã.

No que se refere à área da educação, essa se encontrava com sérios problemas Em 1981 ocorreu a fundação da ANDES-Associação Nacional de Professores do Ensino Superior, ela nasceu da união das Associações Docentes das universidades, principalmente públicas e comunitárias. Em 1987 formou-se o Fórum Nacional de Defesa da Escola Pública o qual teve um papel decisivo no processo constituinte e na elaboração dos artigos relativos à Educação na Carta Constitucional de 88. O lançamento do Fórum foi acompanhado de um manifesto em defesa da escola pública e gratuita. O Fórum demandou um projeto de educação como um todo e não apenas reformas no sistema escolar. Em 1988 foi lançado nacionalmente o Movimento em Defesa da Escola Pública. Este movimento, em parte representou, na área da educação, a retomada de movimentos ocorridos nos anos 30 pelos Pioneiros da Educação e nos anos 50 pelos intelectuais nacionalistas do período. O movimento surgiu da articulação em torno da Constituinte, em seu capítulo da Educação, e se fez necessário ante a exigência constitucional de elaboração de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional [3].

No contexto especifico da cidade São Paulo, observamos que essa contava com 700 escolas, que atendia a 720 mil alunos distribuídos entre educação infantil (4-6 anos) e educação fundamental (7-14 anos) e 39.614 funcionários da educação municipal entre professores, administradores e pessoal de apoio (esse número representava 30% do total dos servidores públicos da cidade)[4]·. Porém, tanto alunos quanto os servidores encontravam condições precárias nas escolas e uma educação pouquíssimo valorizada, pois as gestões anteriores a 1989[5] não a viam como um viés essencial para transformação da sociedade.

A equipe que compôs a Secretária da Educação do município no período de 1989 a 1992 (grande parte dessas formado por indivíduos ligados as ideia daquele que seria o secretário durante grande parte da gestão, Paulo Freire), defenderiam que a metodo de ensino aplicada durante os períodos anteriores, era baseado em práticas tradicionalistas, e que acabavam por excluir uma grande parte da população, reforçando a realidade de exclusão e impossibilidade de superação dessa, fazendo com que os movimentos citados anteriormente ganhassem forças para se realizarem. Segundo o futuro secretário da Educação, Paulo Freire, analisando as condições das escolas municipais de São Paulo, estas se encontravam em:

“estado deplorável - tetos caindo, pisos afundados, instalações elétricas provocando risco de vida; quinze mil conjuntos de carteiras arrebentadas, um sem-número de escolas sem uma carteira escolar sequer. É impossível pedir aos alunos de escolas tão maltratadas assim e não por culpa de suas diretoras, de suas professoras, de seus zeladores ou deles, que as zelem. Nem uma das diretoras de todas essas escolas quase devastadas deixou de solicitar várias vezes a quem direito o reparo das mesmas.” [6].

Foi nesse cenário, que ocorreram as eleições de 1988, onde uma das maiores metrópoles mundiais acabou por eleger, pela primeira vez, uma mulher para ser sua prefeita. Luiza Erundina, paraibana, candidata pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleita em 15 de novembro de 1988.

Essa gestão foi carregada de simbolismo, no qual poderia ser vista como uma quebra com a política tradicional, tendo como resultado o anúncio de um novo tempo para cidade. Com uma nova prefeita, um novo partido (de esquerda) e novos secretários, esse governo pretendia ser voltado para o povo, tendo a reforma educacional como um dos meios mais utilizados para esse propósito.

1.1.

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