Culto e Cultura - Os Jesuítas e Gregório de Matos
Por: Carolina234 • 10/7/2018 • 1.773 Palavras (8 Páginas) • 301 Visualizações
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Eles viviam em sociedade e sem desigualdades e disputas de poder. Esta sociedade segundo estudiosos tinha como fim a reprodução da solidariedade e não visava a acumulação de bens e lucros. O cotidiano e os costumes dos índios começaram a ser mudados, os portugueses chegaram, extraíram riquezas, devastaram o solo e substituíram a natureza por outra. O indígena passou a perder o seu espaço e a sua liberdade, ficando cada vez mais dependente do homem branco.
A mistura das culturas é algo próprio para a formação dos brasileiros. A oralidade, expressão através do culto é uma característica da cultura popular. Bolamos instrumentos de diálogo, falamos mais rápido com outros, mas mantemos tradições culturais (exemplo: católicos, protestantes possuem as influências europeias). Existe sempre uma influência anterior. Neste conjunto de religião, culto, multiplicidade de expressões, manifestações artísticas, formamos o Brasil.
POESIA SATÍRICA DE GREGÓRIO DE MATOS
O poeta Gregório de Matos, mais conhecido como “boca do inferno”, viveu por culturas e cultos diferentes. Gregório vê mudanças acontecerem a todo momento em seu redor e passa a viver uma realidade fenomenológica. O poeta passou por experiências privadas, curiosas, de investigação, espirituais de e seletividade envolvidas na interpretação pessoal do que era real, e tudo isso foi externado, ficando claro em seus poemas e atitudes em vida, muitas vezes dualista, forte característica do Barroco.
Gregório era de uma família nobre, dona de engenho e da antiga fidalguia lusa e de repente viu tudo se desfazer a partir da metade do século XVII, quando a política protecionista declina à medida que a economia portuguesa passa para a órbita da Inglaterra e perde a sua independência com o tratado de Methween em 1703. Sua família perdeu o sustento oficial e como intelectual e clérigo, Gregório não se situava no lugar social da produção ou da circulação de bens materiais. Os costumes livres e a língua ferina causaram embaraços e desafeto, o poeta perdeu os dois cargos e viveu algum tempo como advogado e afinal desperdiçou o patrimônio familiar.
Ele passa a resistir aos valores do mercantilismo e da impessoalidade funcional, começou então a fazer uma oposição entre nobreza que desce e a mercancia que sobe. Desajustado, ele imprimiu em sua sátira a conturbada imagem da terra natal como o mundo às avessas. Uma das duras críticas foi à cidade da Bahia (Salvador) no poema “Triste Bahia”. O tom de lamento, dor e pesar típicos do movimento literário conhecido como “barroco”, que tendia a usar de copioso exagero em suas lamúrias e exaltações, ganha ainda mais vigor em seu pranto pelas terras brasileiras da Bahia nos versos de Gregório. No poema foi traçado, em formato de soneto, o panorama social e comercial do país em dado momento. É um registro, um recorte histórico, mas que pode muito bem vigorar e pintar em tons cinzentos o quadro atual de nosso espaço geográfico – quadro esse que faz parte da grande galeria construída durante o processo de obtenção da nossa “brasilidade”, repleta de influências e interferências estrangeiras.
“Boca do Inferno” retrata uma Bahia devastada pela exploração de seus recursos naturais, especialmente no período açucareiro, como elucidam os versos: “Deste em dar tanto açúcar excelente /Pelas drogas inúteis, que abelhuda/Simples aceitas do sagaz Brichote.” E a voz lírica, imersa em nostalgia, embargada em suspiros de entardecer por um local de outrora, assiste passível aos destroços deixados pelo sistema mercantil sanguessuga. As litorâneas terras que já toaram de berço para tantas belezas e riquezas naturais, servindo de fartura a seu povo, vive o papel de mercado em prol de manter o status quo de uns em detrimento do jugo de outros.
Todo esse cantar sofrido de pássaro extinto, apesar de restrito e específico, é tão somente o reflexo de uma realidade aterradora que se abateu sobre o Brasil ao longo de tantos anos de colonização.
O barroco foi marcado pelo dualismo entre a conscientização do pecado versus a preocupação com a salvação da alma. A linguagem rebuscada, o excesso de figuras de linguagem, a ordem inversa, o detalhismo, resultam numa arte obscura revestida de conflitos íntimos, onde o teocentrismo medieval duela com o antropocentrismo pagão renascentista. O bifrontismo do homem Barroco é evidenciado na dúvida existencial, ele se coloca dividido entre o espírito versus carne, perdão versus pecado, céu versus terra, alma versus corpo, virtudes versus prazeres, levando o poeta abusar das antíteses, paradoxos, hipérboles, hipérbatos e metáforas.
A brevidade de vida e a transitoriedade de tudo fazem com que o homem Barroco viva intensamente o seu presente, gozando ao máximo os seus dias. O homem barroco foi marcado por impulsos contraditórios e sua produção artística tem como traço fundamental o culto do contraste, do conflito e da contradição.
Gregório de Matos faz uso da poesia para se libertar e ela é a única forma possível de salvação para o poeta. Esta salvação não se dá somente entre o poeta e Deus, mas também perante a sociedade e si mesmo. O “Boca do Inferno” não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos e mulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto de sua “lira maldizente”. Contudo, o melhor de sua sátira não é esse tipo de zombaria, engraçada e maldosa, mas a crítica de cunho geral aos vícios da sociedade. Sua vasta galeria de tipos humanos contribui para construir sua maior e principal personagem - a cidade da Bahia.
CONCLUSÃO
A cultura pode ser considerada como o elemento principal que difere uma nação, e nos exemplos da Colonização e de Gregório de Matos, elas sofreram alterações, devido à mudança da realidade vivida. No caso dos índios, eles já vivenciavam uma cultura que era passada de geração para geração e com a chegada dos Jesuítas, outros costumes e crenças foram impostos aos nativos daquele tempo, inclusive os cultos que eram tradicionalmente feitos aos mortos, antepassados, os indígenas acreditavam em vidas passadas e foram introduzidos à uma realidade totalmente controvérsia para eles, a religião católica, que adorava santos e apenas um Deus.
Gregório de Matos nasceu e viveu em uma cultura também tradicional e depois de algum tempo, com as perdas da família e declínio da política, teve que se adaptar a uma nova cultura. A nobreza estava desaparecendo e a mercancia em alta, o que o levou a peregrinar, criticar, satirizar, atacar
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