O passado dos grupos étnicos indígenas no Brasil e no Estado de Mato Grosso do Sul
Por: SonSolimar • 11/10/2017 • 3.836 Palavras (16 Páginas) • 788 Visualizações
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Outrossim, não se pode deixar de falar do Mato Grasso do Sul, onde há uma grande miscigenação populacional. Os primeiros grupos étnicos que fizeram parte desse estado vinham de outras regiões pelo curso do rio. Existem vestígios em vários municípios de nosso estado de sítios arqueológicos, constatando que havia existência de vida humana primitiva, os quais não possuíam escritos,assim, por exemplo, para conhecer seu modo de vida,foi por meio de pinturas deixadas em paredes de cavernas,outros meios para aprender mais sobre esses povos eram os materiais encontrados como, ossadas de seres humanos ou de animais e restos de utensílios domésticos. Dessa maneira, podemos observar que esses seres viviam da caça, da pesca, também lascavam e poliam pedras para produzirem utensílios e instrumentos de trabalho.
O território sul-mato-grossense foi habitado por diversas nações indígenas que guerreavam constantemente entre si,visando maior espaço territorial. As principais tribos eram a dos Guatós, Paiaguás, Guaicurus, Terenas, Guaranis, Xamacocos, Guanás, Bororos, Ofaiés, Quiniquinaus, dentre outras, salientando que algumas resistiram ao tempo, e existem até hoje. Os Guatós e os Paiaguás eram conhecidos pela sua habilidade em conduzir canoas, habilidade esta que os tornava senhores dos cursos d'água na região. Por sua vez os Terenas e os Guanás, ambos falantes de línguas do grupo aruaque, eram famosos pelas suas habilidades agrícolas, cultivavam mandiocas, milho, amendoim, feijão e outros.
Os índios Guaranis eram os mais numerosos no Estado do Mato Grosso do sul, as plantações eram usadas como base de sua alimentação, também fabricavam utensílios de cerâmica para armazenamento de alimentos e para sepultamentos de seus mortos. No entanto,a colonização chegou ao estado, e não foi diferente,houve escravização e marginalização dos nativos, teve impactos negativos como nos demais estados brasileiros, e enfraqueceram as tribos, e conseqüentemente com os Guaranis enfraquecidos, outros povos aproveitaram a oportunidade e penetraram a região sul do pantanal.
A partir do século XVII, os colonizadores passaram a atacar com mais intensidade o povo Guarani, sem valorizar a dignidade humana deles, pois não os viam como seres humanos, passando a explorar mais intensamente a mão de obra indígena no trabalho agrícola como, mineração.
A herança cultural que nos foi deixada é a de desvalorização e marginalização indígenas. Deixamos de lado a importância que os nativos tiveram para a formação do nosso Brasil e do nosso estado, ressaltando que eles são os primeiros e verdadeiros donos do território brasileiro. Dentro desta ótica, a maior parte das populações de todos os estado brasileiros, são ascendentes e descendentes dos indígenas, que se uniram a pessoas de outras etnias. Portanto, o Brasil e o Mato Grosso do Sul, não possui uma raça definida, uma tipologia de pessoas, há sim uma miscigenação, pois o convívio social entre diversas raças originou essa nação, e quando se fala em preconceito racial, há uma falta de conhecimento por parte de pessoas que os praticam, uma vez que, brasileiros nada mais são que uma mistura de raças diversificadas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Mobilização e retomada de territórios Guarani no Sul de Mato Grosso do Sul
Ribeiro (1996) esclarece que,
[...] encontramos no Estado a maior população Guarani do Brasil, 33.431, divididos nos subgrupos Kaiowá em torno de 22.431 e 11.000 do subgrupo Ñandeva e habitando pequenas áreas que não atendem as suas necessidades mais essenciais, ou seja, há uma distorção numérica: pouquíssima terra para uma população Kaiowá e Ñandeva tão numerosa. Os Guaranis fazem parte da família lingüística tupi-guarani e hoje podem ser, no Brasil, classificados em três subgrupos: os Kaiowa (ou Paï-Tavyterã), os Mbya e os Ñandeva. No Mato Grosso do Sul podemos identificar os Kaiowá e os Ñandeva. (RIBEIRO 1996 p.106).
Almeida (2000) fala um pouco sobre a historia colonial da população guarani,
[...] observando que é possível identificar cinco grandes e diferenciados grupos ou subgrupos, que por diferentes características, podem ser incluídos na categoria “guarani”, com a chegada do europeu. Sendo que os Carios estavam, localizados nas proximidades do Rio Paraguai e cidade de Assunção (1537) e os Paraná, assentados nas proximidades do rio de mesmo nome, ambos dizimados logo após a chegada do espanhol. Mais ao sul, no atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul e regiões circunvizinhas, estavam localizados os Tapes, que, por sua localização, seriam os ascendentes dos atuais Guarani- Mbya. Mais ao norte do então território Guarani, entre o Rio Mbotetey, atual Miranda , e o Rio Apa, estavam localizados as populações da Província do Itatim, que viriam a se constituir nos atuais Pai-Taviterã ou Kaiowá. Um quinto subgrupo guarani colonial ocupava a Província paraguaia denominada Guairá, que poderiam, também por sua localização, ser considerados “ascendentes” dos atuais Guarani- Ñandeva. (ALMEIDA, 2000, p. 25).
Martins (2002) explica que,
[...] o território tradicional Kaiowá, estendia-se, ao Norte, até os rios Apa e Dourados e, ao Sul, até a serra de Maracaju e os afluentes do Rio Jejuí, chegando a uma extensão Este - Oeste de aproximadamente 100 Km, em ambos os lados da Serra de Amambaí, abrangendo uma extensão de terra de aproximadamente 40 mil Km, dividida pela fronteira Brasil/Paraguai. (MARTINS, 2002 p.14).
[...] com o final da Guerra, uma comissão de limites percorreu a região ocupada pelos Kaiowá Guarani, entre o rio Apa e o Salto de Sete Quedas, em Guairá. O provisionador desta comissão era Thomas Laranjeiras, que astutamente percebeu a grande quantidade de ervais nativos nesta região e também o grande contingente de mão-de-obra disponível. Instalando-se, assim, em 1892 a Cia Matte Larangeiras3 passando a vir para essa região os extratores de erva-mate e, em poucos anos, a região era devassada, os ervais eram descobertos e postos em exploração. (MARTINS, 2002 p.15).
Almeida (1991), demonstra em seu artigo que,
Na última década do século XIX a Companhia Matte Larangeiras arrendou e monopolizou no sul do Estado de Mato Grosso do Sul uma área repleta de ervais, obtendo a concessão para sua exploração em extensa região que incidia exatamente sobre o território Kaiowá Cabeceira do Rio das Onças, na serra do Amambai: rios Dourados, Brilhante,
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