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O zodiaco na psicologia junguiana

Por:   •  18/3/2018  •  3.038 Palavras (13 Páginas)  •  281 Visualizações

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Usando basicamente a psicologia junguiana, Liz Greene, astróloga e psicóloga estadunidense, publicou em 1984, em seu livro “A astrologia do destino” uma análise completa e detalhada sobre a sincronicidade. Greene explica que no mundo contemporâneo, em que as pessoas possuem uma visão racional, que preza muito mais as hipóteses cientificas que os mitos, o termo sincronicidade é mais adequado, e que às vezes a impressão de que “alguma coisa” está trabalhando e interferindo para que algo aconteça é inevitável. Eventos sincrônicos acontecem a todo o momento, porém são ignorados com a mesma facilidade, e acontecem nos pequenos detalhes, seja na carta de um desconhecido ou em uma curva errada que leva para um caminho certo. (GREENE, 1984, p.241).Para Jung, situações “encalhadas” possuem a tendência de gerar eventos sincrônicos, pois momentos de impasse na vida afetam o inconsciente e, logo então, surgem os sonhos, imagens e “mistérios” que levam a outros caminhos, ou seja, esses impasses funcionam como uma espécie de “abertura de caminho”. Para compreender melhor o que seriam esses “mistérios” ou “coincidências significativas” basta analisar este exemplo cômico, com que Greene usa para abrir um capítulo em sua obra:

“Um certo M. Deschamps, quando em menino em Orléans, recebeu um dia um pedaço de pudim de passas de um M. de Fortgibu. Dez anos mais tarde, descobriu outro pudim de pastas num restaurante de Paris, e pediu um pedaço. Resultou, entretanto, que o pudim de passas já tinha sido pedido — por M. de Fortgibu. Muitos anos depois, M. Deschamps recebeu um convite para comer uma iguaria especial — um pudim de passas. Enquanto comia, ele observou que a única coisa que estava faltando era M. de Fortgibu. Nesse momento a porta se abriu e um homem muito, muito velho, já nos últimos estágios de desorientação, entrou no aposento: M de Fortgibu, que tinha ido ao endereço errado e apareceu na festa por engano.” (GREENE,1984, p.241)

É engraçado o modo como às coisas acontecem, como tudo está ligado e agindo em sincronia. Às vezes diante de uma situação desta, descrita no exemplo, se torna tão difícil explicar para um “leigo”, que Greene diz que a única saída é parar de tentar explicar e começar a dar risada. Se estes acontecimentos forem analisados do ponto de vista da psicologia profunda será possível perceber que não se está lidando com um destino casual, onde tudo está escrito, e sim com ligações significativas entre um estado interior e um acontecimento exterior. Porém, quando uma pessoa opta por conservar seu velho ponto de vista e ignora estes eventos, que acabam por passarem despercebidos, qualquer novo evento ou nova “coincidência” assumirá o papel de algo possível, comum. Fazendo uso de canais disponíveis a Sincronicidade se tornar perceptível (GREENE, 1984, p. 256).

Liz Greene descreve experiências vivenciadas por ela mesma: quando recebe uma série de pacientes, todos com o Sol, a Lua ou o ascendente no mesmo signo, mesmo quando as consultas são marcadas em ocasiões diferentes, ela percebe que estes eventos geram impactos em seu próprio mapa. Independentemente de quais são as crenças de uma pessoa sobre a origem deste fenômeno, é importante ficar atento e compreender os seus significados na vida de um sujeito, pois certos acontecimentos só possuem um real significado a partir do momento em que são identificadas e estabelecidas as relações entre causa e efeito, ou seja, a partir do momento em que nos conscientizamos deles. É mais importante descobrir para onde um sinal irá levar do que de onde ele veio. Pois quando se perde o medo de interpretá-los e se começa a aceitá-los, torna-se possível entender que eles são apenas respostas para as diversas perguntas que surgem na vida cotidiana (GREENE, 1984 p.246).A possibilidade de que os eventos sincrônicos distribuídos no fluxo do tempo estejam em constante sintonia com o que pensamos e sentimos torna a vida tentadora. O fato de que a vida é um conjunto de eventos que não acontecem por acaso nutre a ideia de que cumprirão sua missão, que é a de nos colocar onde devemos estar para viver as experiências que precisamos viver. Ao perder o contato com a própria Natureza, perdemos também o conhecimento de que entender o destino é aceitar as leis que regem o próprio Universo. As preocupações com o destino surgem paralelamente com a astrologia, pois o destino e o Cosmos são harmoniosamente interligados, tornando os signos do Zodíaco retratos míticos do próprio destino.

2.2_Arquétipos e o inconsciente coletivo.

Para Jung, a psicologia do inconsciente começou com Carl Gustav Carus (1789-1869), médico que viveu em Dresden, Alemanha, e criou uma ponte entre médicos românticos e uma forma mais antiga de pensar o homem e seu lugar na natureza. Para Carus, toda a criação humana é trabalho do inconsciente, que se torna o primeiro e fundamental nível da vida. Retomando um conceito que havia se perdido na trilha dos alquimistas, Carus apontou o inconsciente como base primordial e essencial da psique (MARONI, 1998, p. 29). Observando criações artísticas e místicas de civilizações antigas, Jung percebeu a existência de símbolos que, mesmo distantes no tempo e espaço, eram comuns a todas elas, mesmo não havendo chances de terem sofrido algum contato. Jung percebeu também outros símbolos relatados, que foram expostos em sonhos de pacientes que não tinham contato, nem mesmo parental, uns com os outros.

O inconsciente se limita muitas vezes aos conteúdos esquecidos ou reprimidos para Freud ele era exclusivamente pessoal. Uma camada do inconsciente é sim pessoal, porém existe outra camada muito mais profunda que não é pessoal, mas faz parte do individuo, faz parte dele desde o seu nascimento, ou seja, é inata. A esta camada do inconsciente Jung denomina de inconsciente coletivo. Esta dimensão do inconsciente guarda em si comportamentos e conteúdos comuns à espécie e presentes em todo ser humano. O inconsciente pessoal é constituído de eventos pessoais do cotidiano, que são reprimidos ou esquecidos pelo próprio indivíduo. Já o inconsciente coletivo abriga conteúdos herdados que acabam por ligar, simbolicamente, todos os seres humanos: estes conteúdos são imagens primordiais denominados Arquétipos (MARONI, 1998, p.31).

3.0_ METODOLOGIA

A escolha do referencial teórico foi feita de forma minuciosa, levando sempre em consideração a experiência e dedicação que os autores possuíam com o tema abordado. Procurando provar que a astrologia possui uma ligação direta com o inconsciente do ser, encontramos dentro da própria psicologia analítica Carl Jung. Com

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