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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Por:   •  2/5/2018  •  32.434 Palavras (130 Páginas)  •  1.349 Visualizações

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Da consciência dessa responsabilidade produz-se o presente trabalho, que consiste em uma revisão teórica com o objetivo de abordar como se dá a pesquisa em psicanálise, sua metodologia, o conceito de caso clínico e sua função, elementos para pensar a sua construção e a questão da ética envolvida na escrita de um caso clínico.

Assim, este relatório de estágio profissional nasce do desejo de buscar elementos para compreender a construção do caso clínico em psicanálise bem como a importância da escrita a partir de uma escuta sustentada pela sua ética. A pesquisa em psicanálise se pauta pela inclusão do desejo do pesquisador na constituição do enigma que busca desvelar através do seu trabalho e pela consideração da realidade psíquica antes de qualquer outro fator, visto que ela medeia toda a relação do sujeito com o mundo. Para alcançar esse objetivo, a ferramenta metodológica é a construção do caso clínico, cuja sistemática de análise dos dados não é restrita ao domínio do signo, em conteúdo ou discurso, mas sim ao domínio do significante e, assim, do sentido.

Por caso clínico entende-se um relato de uma experiência singular, escrito por um analista para atestar seu encontro com um paciente e respaldar um avanço teórico, ou seja, consiste na possibilidade de se privilegiar o tratamento de um sujeito na sua singularidade, incluindo na sua construção os efeitos transferenciais do próprio trabalho.

Portanto o presente relatório refere-se às atividades realizadas no estágio supervisionado, na Clínica de Atendimento Médico Especializado (AME), situada no município de Carpina - PE, no período de 21 de outubro de 2015 a 18 de maio de 2016, sob a supervisão da Profª. Drª. Mônica Cristina de Souza Falcão, Psicanalista Didata. Trata-se de um processo de atendimento psicanalítico de uma paciente específica, tendo em vista de que tal processo visa o atendimento àquela pessoa que se dispõe, a estar presente para se submeter ao tratamento de suas neuroses, desde o início até a última sessão analítica.

O referido estágio teve como objetivos, complementar a formação do psicanalista em formação, proporcionando-lhe experiência profissional através de vivências nos campos da prática do setting analítico; estabelecendo relações entre a teoria e a prática profissional, refletindo sua aprendizagem com reflexões sobre o trabalho cotidiano do psicanalista na técnica de psicoterapia, aperfeiçoando habilidades necessárias ao exercício profissional, no ambiente clínico e fortalecendo a integração do psicanalista em formação com a realidade profissional.

A formação psicanalítica está alicerçada sobre três pilares básicos: a análise didática, os seminários teóricos e a supervisão clínica de análises. O modelo de supervisão psicanalítica, como um todo ou parte dele, é utilizado em diversas áreas do ensino da medicina, da psiquiatria e da psicologia e principalmente na psicanálise e na psicoterapia de orientação analítica, o que motiva um permanente estudo e aperfeiçoamento da sua aplicação prática. A supervisão psicanalítica é abordada neste relatório de análise do ponto de vista temático, já que se pode encontrar a revisão histórica na literatura em algumas publicações bastante abrangentes e consistentes como foram realizadas.

O estágio profissional de atendimento à paciente para análise psicanalítica é um projeto de conclusão do curso de Psicanálise da ABEPE (Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco), que visa analisar a capacidade profissional dos formandos em Psicanálise, este estágio se constitui como uma valiosa oportunidade, pois é a partir do mesmo que podemos exercitar nossa escuta clínica. Um traço característico do estágio profissional é o fato de que seu modo de funcionamento é muito próximo da prática clínica em consultório.

O aluno da ABEPE, por iniciativa do Departamento de Ensino e do Departamento de Supervisão, o qual solicita o atendimento psicanalítico, visando o aprendizado prático de cada aluno, para que se aperfeiçoe na prática, não perdendo o foco de um setting analítico, se faz com o apoio de um Supervisor (a) Didata que o encaminha para um bom aprendizado no ambiente de análise, a partir daí, o psicanalista em formação, entrará em contanto por telefone com um paciente, agendando uma primeira entrevista a partir da qual poderá ocorrer um processo psicoterápico, que se dará através de sessões semanais. No entanto, é preciso considerar o fato desse atendimento se dar em uma instituição onde haja de fato um ambiente favorável, em nosso caso específico estamos na Clínica AME, onde ocorre nossa preparação prática.

Assim como ocorre na prática clínica profissional, da ABEPE, nos apresenta frequentemente alguns desafios como, por exemplo, estar preparado para a irrupção de imprevistos, que possam surgir na forma de demandas inesperadas de atendimento que se destacam da clientela que geralmente procura um psicanalista clínico. Os pacientes atendidos desde outubro de 2015, sobre a qual se baseia este estudo de caso, nos apresenta uma dessas demandas de atendimento que se destacam. A analisanda chegou até o Psicanalista em formação, através de um encaminhamento pela doutora Mônica Cristina de Souza Falcão.

Na expansão da psicanálise, considera-se que em alguns casos é necessário fazer adaptações em sua técnica, o que leva a fundir o ouro puro da análise livre com o cobre da sugestão direta. Freud também falou dessa necessidade de adaptação:

É muito provável, também, que a aplicação em larga escala da terapia nos force a fundir o ouro puro da análise livre com o cobre da sugestão direta. Coloca que isso não significa desviar-se dos elementos básicos da Psicanálise, de forma a torná-la tendenciosa ou perder seus ingredientes mais importantes, mas mantêm-se os pressupostos básicos psicanalíticos, sendo feitas alterações no setting e na técnica para permitir um tratamento breve, que possa ser eficaz nos casos em que seja adequado. (FREUD,1919/ 2006)

Nos atendimentos enquanto psicanalista em formação, trabalhamos a partir da teoria psicanalítica, orientados por nossa analista pessoal e por nossa supervisora didata. Não obstante, ao entrarmos em contato com o caso em questão, mesmo antes da primeira entrevista, tornou-se claro que seria necessário dispor de outros recursos que fossem além da regra da associação livre, o que nos remete à adaptação da técnica da qual fala Sigmund Freud, o fundador da Psicanálise.

O mundo virtual mascara o mundo real, dá uma sensação falsa de poder e cria uma desrealização (morte

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