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MASCULINIDADE E HEGEMONIA FICHAMENTO

Por:   •  8/10/2018  •  4.123 Palavras (17 Páginas)  •  282 Visualizações

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Sobre a questão da aplicação do conceito, a autora data que meados de 1990, as pesquisas sobre homens e masculinidade iam se consolidando num campo mais acadêmico, com conferencias, publicação de livros, revistas e pesquisas no campo de ciências sociais e humanidades. O conceito foi usado em diversas áreas e situações diferentes, como na educação para compreender uma dinâmica de sala, em casos de bullying, currículos, criminologia, contribuiu também para a teoria entre crimes e masculinidade, estupro, colarinho branco e também em pesquisas sobre homem e sua representação na mídia, ajudando a dar sentido em diversos aspectos, como pesquisas da mídia de massa. Foi utilizado também em estudos organizacionais e etnográficos traçando perfis de homens em comunidades especificas. A autora conclui todos esses exemplos dizendo que o conceito serviu para quadro de esforços das pesquisas em desenvolvimento sobre homem e masculinidade, substituindo a teoria do papel sexual e modelos categóricos da psiquiatria.

Cita-se então, quatro formas de documentação da masculinidade hegemônica: pelam documentação sobre as consequências e custos da hegemonia, desvelamento dos mecanismos da hegemonia, pela demonstração da vasta diversidade das masculinidades e delineamento das transformações nas masculinidades hegemônicas. No primeiro caso, as pesquisas que foram feitas no campo da criminologia mostraram os padrões de agressão ligados à masculinidade hegemônica, através da busca por essa hegemonia e não como um efeito mecânico. No segundo caso, é citado pesquisas que trouxeram frutos no que diz respeito da revelação dos mecanismos da hegemonia, algumas sobre o “ostentar” da masculinidade nos esportes, como nos mecanismos sociais onde Roberts chama de “censura” (ROBERTS, 1993) que é direcionada a certos grupos sendo considerados subordinados, outra abordagem ainda é a operação da hegemonia pela invisibilidade, removendo a forma dominante da masculinidade da possiblidade de censura. No terceiro caso, as pesquisas internacionais vão confirmar o insight de que ordens de gênero vão construir masculinidades múltiplas.

É colocado pela autora ainda que “masculinidades não são simplesmente diferentes entre si, mas também sujeitas a mudanças” (CONNELL, p. 248). Um exemplo disso seria uma pesquisa de Morrell, onde ele vai mostrar evidencias das transformações de gênero na África Meridional depois do Apartheid, um estudo de Ferguson, citado pelo autor, que estuda o declínio de ideais de masculinidade ao longo do tempo na Irlanda. Outro estudo interessante foi o de Meuser, que estudou mudanças geracionais na Alemanha, dirigida pelas respostas dos homens com relação as transformações ocorridas com as mulheres. É ainda colocado pelo autor que da década de 1980 ate meados de 2000, o conceito de masculinidade hegemônica passa de um modelo de conceito com base empírica limitada para um campo mais vasto usado em pesquisas e debates no que concerne ao homem e a masculinidade.

Com relação às críticas recebidas, são cinco principais datadas pela autora: o conceito subjacente da masculinidade, ambiguidade e sobreposição, o problema da reificação, o sujeito masculino e o padrão das relações de gênero.

Quando se fala em conceito subjacente da masculinidade o autor coloca a questão das falhas, tanto num ponto de vista realista quanto num ponto de vista pré-estruturalista. Alguns autores, como Collinson e Hearn, o conceito de masculinidade é turvo, seu significado não é algo certo e não tira ênfase das questões de dominação e poder, sendo desnecessário para conseguir compreender e contrariar o papel dos homens. Para outros autores, o conceito se apresenta como sendo falho porque vai essencializar o carater dos homens ou impõe uma realidade que seria tomada como falsa a uma realidade fluida e com contradições. A crítica também é feita por ser heteronormativa enfatizando a diferença macho e fêmea, ignorando as diferenças e exclusões dentro das questões de gênero, acabando por aparecer uma dicotomização entre biológico e cultural, sendo sexo versus gênero, marginalizando ou naturalizando o corpo. Ainda sobre a questão, foi feita pesquisas da construção de uma masculinidade em contexto de incapacidade (GERSCHICK e MILLER, 1994), corpos laborais da classe trabalhadora (DONALDSON, 1991), saúde e doença nos homens (SABO e GORDON, 1995) e violência interpessoal de meninos (MESSERSCHMIDT, 2000).

O conceito também não é essencialista, e a razão disso é que os pesquisadores exploram as masculinidades postas em ato por pessoas do sexo feminino, sendo configurações praticas que vão ser realizadas no âmbito da ação social, podendo ser diferenciada de acordo com o cenário social e relações de gênero. Uma crítica bem contestada citada pelo autor dentro disso é também a heterossexualidade embutida como padrão, sendo muito discutido no desenvolvimento do conceito a exclusão e subordinação de homossexuais, o policiamento da heterossexualidade passou a ser então um tema em questão. Criticas ao conceito também aparecem quando apontam uma tendência de dicotomizar diferenças entre homens e mulheres.

Com relação à ambiguidade e sobreposição, as pesquisas foram levadas a ver quem representa de fato a masculinidade hegemônica. Uma pesquisa citada, de Donaldson, disse que não havia muito da substancia masculina nos homens que seriam os modelos hegemônicos, sendo um exemplo popular disso os surfistas australianos (“Iron Man”). Outro autor, Martin, critica as aplicações taxadas como inconsistentes, tendo certas masculinidades como fixas e em outras ocasiões referidos ao tipo dominante em certos tempos e lugares diferente, e seria desejável eliminar o uso da masculinidade hegemônica como fixa. O conceito apresenta a ambiguidade no que tece aos processos de gênero sendo um mecanismo da hegemonia, considerando modelos constituídos num plano social, como por exemplo, condutas admiráveis de homens da igreja.

Apresentando em um nível local, a autora coloca que a masculinidade está colocada em contextos sociais que seriam específicos, como organizações formais, colocando como exemplo as comparações britânicas de Roper e Wajcman. Conforme o homem vai crescendo e sendo posto a sua frente uma cultura e padrões sociais, as masculinidades vão sendo contestadas, sendo o gênero produzido nas escolas e na própria vizinhança. A respeito da sobreposição pode ser vista entre agentes sociais que vão construindo a masculinidade, o autor cita Cavender (1999) que vai mostrar como os modelos de masculinidade hegemônica foram construídos de formas distintas de 1940 a 1980.

Já é tido pelo autor que o conceito de masculinidade

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